Post-258

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

153. Coelho cresce (Rabbit is rich), John Updike (1932-2009)

A tetralogia de “Rabbit” (escrita ao longo de 30 anos) aborda a vida de Harry “Rabbit” Angstrom, um cidadão fictício norte-americano de classe média, antigo jogador de basquete. Os quatro livros são: “Coelho corre” (Rabbit run), “Coelho em crise” (Rabbit Redux), “Coelho cresce” (Rabbit is rich) e “Coelho cai (Rabbit at rest). A primeira obra foi apresentada no Post 227. Agora chegou a vez de comentarmos a terceira produção, publicada em 1981.

A história continua a descrever a vida de Rabbit, agora com uma boa condição financeira em decorrência da herança deixada pelo seu sogro. Contudo, diversos problemas persistem, dentre eles o alcoolismo da esposa, a conturbada relação com o filho e os pensamentos recorrentes sobre uma filha ilegítima. Updike segue demonstrando uma inegável maestria na abordagem da vida de famílias americanas em pequenas cidades, sempre com a inserção de temas clássicos, como o casamento, o dinheiro e as amizades. 

John Updike, embora não seja uma unanimidade no gosto do público leitor, é dos escritores mais premiados dos EUA, tendo recebido, dentre outros, o National Book Award (1964), o National Book Critics Circle Award (1981, 83 e 90) e o prestigiado Prêmio Pullitzer de Ficção (1982, 91). Updike graduou-se em Língua Inglesa (1954) pela renomada Universidade Harvard. Além de escritor, era um respeitado crítico literário. Sua produção envolve mais de vinte livros de ficção, oito volumes de poesia e uma peça de teatro.  

A tradução do livro, lançado em 1992 pela Companhia das Letras, ficou a cargo de João Batista da Costa Aguiar.

Língua tuamotu

Continuamos dentro das águas do extenso território da Polinésia Francesa. No Post anterior estávamos no Taiti, que é uma das ilhas do Arquipélago da Sociedade. Agora visitaremos um outro arquipélago, o de Tuamotu, que abriga a maior cadeia de atóis (recifes circulares) do mundo. Enquanto sua área terrestre é de apenas 850 km2, a superfície se estende por uma região equivalente ao tamanho da Europa Ocidental. O arquipélago de Tuamotu, cuja etimologia é “ilhas distantes”, fica localizado a nordeste do Taiti. Avalia-se que sua ocupação tenha se iniciado em torno do século VII, com a chegada de barcos vindos de diversas partes da Polinésia. Aliás, todas as ilhas que mencionamos até agora no grupo polinésio de idiomas foram ocupadas por nativos vindos de outras regiões, o que transforma a Polinésia e, por extensão, o Oceano Pacífico, na região do planeta que mais teve rotas de navegação, inicialmente com barcos muito precários. A conhecida expedição Kon-Tiki, realizada em 1947 e liderada pelo cientista norueguês Thor Heyerdahl (1914-2002), tinha como objetivo reproduzir as arriscadas viagens feitas pelos navegadores polinésios. O barco, construído conforme os modelos polinésios antigos, saiu da costa peruana e chegou, após sete mil quilômetros de viagem, exatamente no arquipélago de Tuamotu. Antes disso, o português Fernão de Magalhães (1480-1521) esteve em Tuamotu por ocasião da primeira circum-navegação (viagem de navio ao redor da Terra) feita pelo homem. Nessa mesma ocasião, um pequeno arquipélago, ainda dentro de Tuamotu, foi designado como “Ilhas da Decepção”, nome que permanece até hoje. O motivo desta curiosa denominação deve-se ao fato de os navegantes não terem encontrado nas ilhas a água doce para reabastecimento dos navios. Finalmente, cabe lembrar que a França realizou testes nucleares durante trinta anos (1966-96) no atol de Moruroa, o qual é parte do Arquipélago de Tuamotu. Passemos ao idioma.

A língua tuamotu (nome internacional), que os nativos designam por pa’umotu, é falada por aproximadamente seis mil pessoas, sendo quatro mil no arquipélago e o restante no Taiti. Ela tem forte similaridade com a língua taitiana, embora sejam classificados como idiomas distintos. O alfabeto tuamotu é um pouquinho maior do que os outros do grupo polinésio, contendo 5 vogais e 11 consoantes. Ele possui, por exemplo, a letra G, que os taitianos aboliram e transformaram em uma parada glotal. Assim, “tubarão” é mago em tuamotu e ma’o em taitiano. O tuamotu, com tão poucos falantes, ainda tem a ousadia de apresentar sete dialetos, os quais são derivados das constantes movimentações realizadas entre os atóis. Além disso, existe uma versão antiga do idioma, ainda falada por pessoas mais velhas e pelos ancestrais, e uma versão moderna, utilizada pelos jovens. Não se trata aqui apenas de gírias ou de fonéticas distintas, o que acontece é a mudança completa na grafia de muitos termos. A palavra “chuva” é ua para os mais velhos e toiti para os jovens. Não me perguntem o que ocorre com pessoas de meia-idade. Uma outra característica, essa também inusitada, é a existência de três tipos de fala: rápida, lenta e normal. Cada uma delas é usada em ocasiões específicas.

Como seria de se esperar, existe uma grande variedade de nomes relacionados à pesca e à navegação. Também as tatuagens, muito arraigadas na cultura local, se referem fundamentalmente a estes dois temas, naturalmente associados ainda a aspectos espirituais, notadamente o da proteção. Quanto às reduplicações de palavras, tão frequentes nas línguas polinésias, elas também são usadas em tuamotu, com a característica de haver uma pequena mudança de significado. Por exemplo: kuru (comer) e kurukuru (petiscar). A boa notícia é que o idioma tuamotu, que estava à beira da extinção, tem recebido um processo de reavivamento por meio de iniciativas locais. Em 2008 foi criada a Academia Pa’umotu, encarregada de incentivar a expansão do ensino e a utilização do idioma, o qual, como todas as outras línguas, se constitui em relevante parte da cultura local.

A ampla expressão para saudação Ia ora na é idêntica à do taitiano. Os números de 1 a 10 são: tahi, rua, toru, hā, rima, ono, hitu, varu, iva, agahuru, muito semelhantes aos do “maori”, à exceção do número 10.  

Prêmios literários da língua inglesa (2)

Um outro prêmio literário de elevada relevância na língua inglesa é o Booker Prize (às vezes designado como Man Booker Prize), o qual galardoa obras de ficção publicadas no Reino Unido ou na Irlanda (já sabemos que a república independente da Irlanda não faz parte do Reino Unido, ao contrário da Irlanda do Norte). As premiações ocorrem anualmente desde 1969. Para confundir ainda mais a mente do leitor, existe também o International Booker Prize, que premia obras de ficção traduzidas para o inglês e publicadas no Reino Unido ou na Irlanda.

As indicações para o Booker Prize são analisadas pelos jurados, que criam inicialmente a chamada “lista longa”, a qual é afunilada em nova etapa de avaliação, sendo então produzida a “lista curta”, de onde sai o livro vencedor. O prestígio deste prêmio é tão grande no mundo literário, que, mesmo os autores escolhidos para a lista longa, já recebem grande atenção do público e da mídia, o que leva a um desejável incremento nas estatísticas de vendas.  

No próximo Post será iniciada a apresentação dos ganhadores do Prêmio Pulitzer, a qual será sucedida pelos vencedores do Booker Prize.

Frase para sobremesa: Você deve viver a vida com o pleno conhecimento de que suas ações permanecerão. Nós somos criaturas de consequências (Zadie Smith,1975-).

Até a próxima!

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