Post-256

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

151. O filho de Deus vai à guerra ou Uma oração para Owen Meany (A prayer for Owen Meany), John Irving (1942-)

Este foi o sétimo livro publicado pelo escritor norte-americano John Irving, de um total de 15 romances escritos até hoje (2024). Seguramente outros virão. A obra relata a história de dois amigos (John e Owen) que crescem juntos em uma pequena cidade estadunidense nas décadas de 1950 e 60. Owen, possuidor de deficiências físicas, acredita ser filho de Deus (no sentido exato, não no metafórico). A narração é feita em dois blocos: no primeiro é apresentada a perspectiva de John no tempo presente e o segundo é formado pelas memórias dos anos 50 e 60. Como pano de fundo, o leitor encontra parábolas sobre a destruição do sonho americano e as complexas questões de afirmação da fé.

John Irving, nascido John Wallace Blunt Jr., nunca chegou a conhecer seu pai biológico, tendo sido criado pela mãe e pelo padrasto. Irving tem a característica de iniciar a escrita de seus romances pelos capítulos finais. Outros autores (na verdade, poucos) também o fazem, cada um encontrando suas justificativas para esse peculiar comportamento. Curiosamente, este livro não é o mais conhecido dentre as obras de Irving, nas quais desponta o romance “O mundo segundo Garp” (The world according to Garp), que também é o título de um famoso filme baseado na obra literária. Quando “O filho de Deus vai à guerra” foi lançado, em 1989, encontrou reações diversas da crítica e do público. Irving, que é cidadão canadense desde 2019, publicou seu primeiro livro (Setting free the bears) com 26 anos de idade. O autor recebeu em 1980 o prestigiado National Book Award.

Irving tem cinco romances adaptados para o cinema. No presente caso, o filme teve o título em português de “Pequeno milagre”, enquanto o original foi Simon Birch. A película, dirigida por Mark Steven Johnson (1964-) contou com a aclamada atuação de Ian Michael Smith (1987-), ele próprio portador de uma síndrome que retarda o crescimento. Como existem marcantes diferenças entre o romance de Irving – que é também um premiado roteirista – e a adaptação de Mark Johnson, inclusive no seu final, o autor solicitou que o filme tivesse um título distinto do livro. 

A tradução brasileira, com o nome inovador de “O filho de Deus vai à guerra” foi feita por Arlindo Piva para a Editora Bestseller (2000).

Língua taitiana (1)

Na sequência da apresentação das línguas do grupo polinésio – dentro da família malaio-polinésia – abordaremos agora o idioma taitiano, que é falado no paraíso turístico do Taiti. Antes disso vamos entender que o Taiti é uma das ilhas do Arquipélago da Sociedade, o qual, por sua vez, é um dos cinco arquipélagos da Polinésia Francesa, um Território Ultramarino da França. A capital Pape’ete situa-se na ilha do Taiti. Contudo, para complicar um pouco a questão geográfica, o Taiti (e não a Polinésia Francesa) é que está afiliado à FIFA e ao COI (Comitê Olímpico Internacional). Assim é o nosso planeta.

O taitiano é, juntamente com o francês, uma das línguas oficiais da Polinésia Francesa. Apresentaremos em Posts seguintes outras línguas faladas, em menor escala, na Polinésia Francesa, como o marquesano e o tuamotu. O taitiano tem fortes proximidades linguísticas com o maori (tanto o da Nova Zelândia quanto o das Ilhas Cook) e com o Rapanui (falado na Ilha da Páscoa). Um pouco da história: entre 1769 e 77 o Taiti foi visitado quatro vezes pelo explorador britânico James Cook, cujo nome tem, merecidamente, aparecido em todas as descrições feitas até agora das línguas do grupo polinésio. Ele foi, de fato, um gigante nas aventuras marítimas. Quando Cook perguntou aos nativos o nome da ilha onde havia desembarcado, a resposta foi O’Tahiti, que significa “é o Taiti”. O prefixo O, que tem o significado de “isto é”, consiste em uma partícula obrigatória na menção de nomes próprios. Durante muitas décadas a ilha ficou conhecida, inclusive nas marcações cartográficas, como Otaiti, até que o erro foi corrigido.Foi também James Cook quem criou o nome de Arquipélago da Sociedade em homenagem à Real Sociedade de Londres (Royal Society of London), a prestigiada academia científica fundada em 1660 e que financiara a viagem de exploração de ilhas do Pacífico. Possivelmente este seja o único topônimo no mundo que leva o nome de uma sociedade científica. O Taiti foi a primeira ilha a ser anexada como colônia francesa em 1880. Em 1957 a Polinésia adquiriu o status de território de ultramar, passando em 1984 a ter autonomia em assuntos internos.   

O taitiano só ocorreu como língua escrita a partir do início do século XIX pela atuação de missionários, o que é um fenômeno comum na estruturação de idiomas que antes existiam apenas na forma oral. Isto é válido para quase todas as antigas colônias em todos os continentes. Estima-se que atualmente o taitiano seja usado por cerca de 70.000 pessoas.

Seguindo-se o já conhecido estilo das línguas polinésias, o taitiano possui somente 13 letras, sendo 5 vogais e 8 consoantes: A,E,F,H,I,M,N,O,P,R,T,U,V. 

Destaca-se aqui a presença da letra F, que não faz parte do alfabeto das línguas polinésias vistas até agora. A letra K, que existia anteriormente, transformou-se na parada glotal, representada por um apóstrofo. As vogais longas são grafadas com um mácron (linha horizontal superior). A ordem das palavras na frase segue a característica polinésia de V-S-O. O idioma apresenta as particularidades apontadas nos Posts anteriores, ou seja, ausência de declinações verbais e pronomes pessoas no singular, dual e plural. Portanto, a língua não lança mão de declinações, as quais são substituídas por palavras auxiliares, como preposições e artigos. Embora exista a inevitável influência de palavras estrangeiras, alguns vocábulos de caráter internacional ainda conseguem manter as raízes nativas, como manureva – avião, derivado de manu – ave e reva – voar. Uma bela etimologia. (continua)

A cortesia nas perguntas

Na língua portuguesa, quando expressamos nossos desejos a alguém capaz de cumpri-lo (atendentes, garçons, funcionários) é recomendável usarmos uma construção com verbos no futuro do pretérito. Assim, a frase “eu quero um café”, bastante impositiva, deve ser substituída por “eu gostaria de um café”. A maioria das línguas ocidentais segue tal orientação. Alguns exemplos:

  • Inglês: I want deve ser trocado por I would like;
  • Francês: Je veux / Je voudrais;
  • Espanhol: Yo quiero / Me gustaria;
  • Italiano: Io voglio / Vorrei;
  • Alemão: Ich will / Ich möchte;
  • Russo: Я ХОЧУ (iá ratiu) / Я ХОЧЕЛ БЫ (iá ratiel bui).

Frase para sobremesa: Podemos destruir algo que escrevemos, mas não podemos apagá-lo (Anthony Burgess, 1917-93).

Até a próxima!

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