Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
131. A ilha do tesouro (Treasure Island), Robert Louis Stevenson (1850-1894)
Sem dúvida, um dos maiores clássicos da literatura infanto-juvenil, marcado por um enredo empolgante, cenários exóticos e personagens misteriosos, ou seja, todos os ingredientes necessários a um memorável livro de aventuras. A obra é narrada por um garoto morador de uma cidade litorânea da Inglaterra, que começa a viver uma sucessão de surpreendentes peripécias ao descobrir o mapa de uma ilha onde estaria enterrado um valioso tesouro.
É um dos livros com maior número de traduções e adaptações para teatro, cinema e história em quadrinhos. Existem, pelo menos, oito filmes baseados na obra-prima de Stevenson. Podemos destacar a versão de 1950, produzida pelos estúdios Disney [direção de Byron Haskin (1899-1984), com atuação de Bobby Driscoll (1937-68)], a de 1972 [direção de John Hough (1941-), com Orson Welles (1915-85)] e a de 1990 [direção de Fraser C. Heston (1955-) com Charlton Heston (1923-2008), pai do diretor, e Christian Bale (1974-), este no início da carreira].
Stevenson, nascido em Edimburgo, estudou Direito na Universidade local. Em 1876 casou-se em São Francisco, EUA com uma norte-americana, retornando em seguida a Londres. O primeiro livro, publicado em 1878, foi uma narrativa de viagem. Em 1883 é lançado “A ilha do tesouro” e em 1886 “O médico e o monstro” (Strange case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde), outro grande sucesso do autor. Seguindo sua veia exploratória, em 1889 ele e esposa se mudam para a Ilha de Samoa, no Pacífico, onde Stevenson ainda chega a escrever mais cinco livros. Morre na ilha em 1894, aos 44 anos, por decorrência de uma hemorragia cerebral, sendo sepultado na pequena cidade onde vivia.
Seria enfadonho listarmos aqui todas as traduções feitas para a língua portuguesa. Para não deixarmos as linhas em branco, podem ser citados, dentre outros, Monteiro Lobato, William Lagos, Luís Antônio Aguiar, Douglas Tufano, Márcia Soares Guimarães e José Roberto O’Shea. Uma curta lista de editoras: Autêntica, Principis, Melhoramentos, Paulus, Moderna, L&PM, Scipione, Verbo e Nova Fronteira. De fato, um enorme sucesso literário.
A língua malgaxe (2)
O malgaxe é um dos poucos idiomas, além das línguas europeias e seus derivados, que utiliza os fonemas “fe” e “ve”. Comentamos, em algum Post anterior, que estes dois sons labiodentais, só puderam ser emitidos quando o ser humano – no avanço da Revolução Agrícola – passou a mastigar alimentos mais moles, o que levou a lentas modificações na estrutura do maxilar e à consequente possibilidade do uso dos mencionados fonemas. Portanto, “fe” e “ve” são conhecidos como sinais civilizatórios, só vindo a existir em culturas mais avançadas na produção agrícola.
A língua malgaxe não possui gêneros e não utiliza o plural para os substantivos. A ordem das palavras na frase é V-S-O, que é um padrão muito raro nas línguas do planeta. Assim temos: Mamaky boky ny mpianatre (“lê livro o estudante”). O malgaxe possui artigos definidos, o que não é comum fora do ambiente das línguas indo-europeias. Uma característica também pouco usual é a repetição do pronome demonstrativo. Se fosse em português, seria, por exemplo: Esse livro grande esse. Os adjetivos são, na verdade, verbos estativos (indicam estado): “ser belo”, “ser grande”, “ser vermelho”. Mas a rainha da festa, a peculiaridade que, provavelmente, não é encontrada em nenhum outro idioma do planeta, é o fato de alguns advérbios serem flexionados no tempo passado. Um exemplo é o advérbio “onde”: se a frase está no tempo presente, ele é escrito como aiza, se é no passado a grafia passa a ser taiza. É como se, nas expressões em português “Onde você mora?” e “Onde você morou?”, o “onde” tivesse formas distintas. Para “quando” a dupla é rahoviana/oviana. Absolutamentesensacional.
Pronomes pessoais: izaho, ianao, izy, izahay (exclusivo)/isika (inclusivo), ianareo, izy ireo. Como ocorre na maioria das línguas malaio-polinésias, o pronome “nós” tem a forma exclusiva (exclui o interlocutor) e inclusiva (inclui o interlocutor). Isto me parece tão adequado, que causa surpresa as línguas indo-europeias não terem adotado tal padrão.
Dias da semana: Alatsinainy, Talata, Alarobia, Alakamisy, Zoma, Sabotsy, Alahady.
Números de 1 a 10: iray, roa, telo, efatra, dimy, enina, fito, valo, sivy, folo.
Algumas expressões: Olá (Manao ahoana), Até logo (Veloma), Bom dia (Monahoana), Por favor e Desculpe (Azafady), Eu não entendo (Tsy azoko), Eu te amo (Tiako ianao), Obrigado (Misaotra).
Vencedores do Prêmio Cervantes de Literatura (17)
2007: Juan Gelman (1930-2014): considerado como um dos maiores poetas argentinos, Gelman tem várias de suas obras publicadas no Brasil. Depois do golpe militar em 1976, ele foi exilado da Argentina e passou a viver em diversos países, terminando suas andanças no México. O garoto, que lia Dostoiévski aos oito anos de idade, se converteu em ferrenho defensor dos direitos humanos. Seu filho foi sequestrado e assassinado pelas forças militares, enquanto a nora, levada grávida para o Uruguai e mantida viva por alguns meses até o nascimento da filha, também foi morta e a criança entregue para adoção. Só no ano 2000, em uma busca que durou décadas – inclusive com a colaboração do governo uruguaio – a neta foi localizada e levada para conhecer os avós. Gelman foi laureado com o Prêmio Casa de las Américas em 2003 e o Prêmio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana em 2005.
2008: Juan Marsé(1933-2020): escritor espanhol, pseudônimo de Juan Faneca Roca. Como sua mãe morreu no parto, ele foi adotado pela família Marsé. Trabalhou na juventude como ourives, tendo começado a escrever aos 25 anos. No início de sua carreira redigia diálogos para filmes, que lhe garantiam uma renda suficiente para se dedicar a outra escrita, aquela dos livros. Recebeu o Prêmio Planeta, um dos mais importantes da Espanha em 1978 e o conceituado Prêmio Juan Rulfo, direcionado a escritores em línguas românicas, em 1997.
Frase para sobremesa: Sem o momento, não existiriam nem a antecipação nem a lembrança, mas como os dois são melhores que o momento! (João Ubaldo Ribeiro, 1941-2014).
Até a próxima!