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Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

127. Dentes brancos (White teeth), Zadie Smith (1975-)

Encontramos aqui a autora mais jovem da lista, que ganhou notoriedade internacional com seu livro de estreia “Dentes brancos”, lançado em 2000, quando ela tinha apenas 25 anos de idade. Seus outros romances (cinco, até 2023), embora com algum sucesso comercial, não conseguiram atingir o impacto da primeira obra. Dente as várias premiações recebidas pelo livro destacam-se o James Tait Black Memorial Prize, o Guardian First Book Award e o Whitebread Book Award.

A obra retrata a vida de três famílias, de raças e religiões distintas, que moram em um mesmo bairro na região Norte de Londres. No transcurso das interrelações, que se passam ao final do século XX, vêm à tona as características de uma Inglaterra multicultural, particularmente no complexo aspecto da relação com imigrantes. A mãe da autora, nascida na Jamaica, de alguma forma pode ter servido de inspiração para os conflitos e ajustes sociais descritos no romance. O texto do livro apresenta exemplos de heteroglossia, ou seja, o uso de expressões que variam conforme a classe social dos falantes.

Zadie estudou Literatura Inglesa no King’s College da Universidade de Cambridge e foi, em 2010, professora visitante das universidades norte-americanas de Columbia e Nova Iorque. O talento de Zadie já havia sido vislumbrado pelos editores britânicos, tanto que, três anos antes da publicação de “Dentes Brancos”, com o manuscrito apenas parcialmente escrito, foi feito um leilão para se escolher a editora que publicaria a obra. Algo incomum, e que, quando ocorre, só se aplica a autores absolutamente consagrados.

O livro teve adaptações para série de TV e para teatro. A versão brasileira foi editada pela Companhia das Letras em 2003, havendo ainda uma tradução, feita por Manuel Cintra, para a editora Dom Quixote de Portugal (2023). 

A língua chamorro (1)

Este idioma, à semelhança das línguas da Indonésia e das Filipinas comentadas no Blog, também pertence ao grupo indonésio da família linguística malaio-polinésia. Finalizaremos a apresentação desse grupo indonésio com a introdução dos idiomas chamorro, palauense e malgaxe. O chamorro é falado principalmente nas ilhas polinésias de Guam (26.000 falantes) e Marianas do Norte (34.000 falantes), localizadas no Oceano Pacífico. Observem que, embora sejam ilhas polinésias, o idioma se assemelha muito mais às línguas do ramo (ou grupo) indonésio.

Lembremos que as histórias de Guam (capital: Hagatña) e das Ilhas Marianas do Norte (capital: Saipan) são semelhantes, todavia o status atual desses territórios é distinto. Ambos foram descobertos em 1521 pelo navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521), que trabalhava para a corte espanhola. Quando suas naus atracaram em Guam, elas foram saqueadas pelos indígenas, o que levou o conquistador a designá-la com o nome de “Ilha dos Ladrões”, atributo este que permaneceu por três séculos nos mapas e tabelas náuticas. Imaginem o constrangimento a que os pobres cidadãos foram submetidos ao longo do tempo. Guam foi ocupada pela Espanha de 1565 a 1898, quando então os EUA, em guerra com as Filipinas, se apoderaram dessa ilha vizinha. Reza a história que, quando os navios americanos se aproximaram de Guam, dispararam tiros de canhão para atingir o porto. Os habitantes locais, que não estavam informados sobre a ocorrência da guerra, responderam dando festivos e inocentes tiros para o ar. Durante a Segunda Guerra Mundial a ilha foi tomada pelos japoneses, sendo recapturada pelos EUA em 1944, após o término do conflito. A palavra guam, de origem controversa, parece vir de alguma língua nativa local, com o impositivo significado de “temos”.

Já na evolução histórica das Ilhas Marianas do Norte, a colonização só se iniciou em 1668 por padres jesuítas espanhóis. A sequência de ocupações é semelhante àquela de Guam. O nome dessas ilhas foi uma homenagem à rainha portuguesa D. Maria Ana de Áustria (que governou de 1708 a 50), esposa do rei D. João V, a qual ajudava no financiamento das expedições navegadoras. A cidade de Mariana, primeira capital do Estado de Minas Gerais, também é fruto dessa deferência. Mas, por que “Marianas do Norte? Simplesmente porque um dos nomes antigos de Guam era “Ilhas Marianas” e as homônimas se situavam ao norte desse arquipélago. Para finalizar a digressão histórico-geográfica não custa destacar que, enquanto as “Ilhas Marianas do Norte” são, atualmente, um membro da Comunidade dos EUA (embora seus cidadãos não tenham o direito de voto), Guam é um território não incorporado dos EUA, que é uma designação mais elegante para “possessão”, vale dizer a administração da ilha é controlada pelos EUA. Voltemos ao idioma.    

Vencedores do Prêmio Cervantes de Literatura (13)

1999: Jorge Edwards Bello (1931-2023): escritor e diplomata chileno, autor de romances e poesias. Formou-se em Direito pela Universidade do Chile, obtendo ainda uma pós-graduação na Universidade de Princeton, EUA. Sua obra mais conhecida é o livro “Persona non grata”: quando era embaixador do Chile em Havana (1973), Edwards criticou o regime totalitário cubano. Foi declarado “inimigo do país” e permaneceu completamente isolado por algum tempo por determinação do governante Fidel Castro.

2000: Francisco Umbral(1932-2007): escritor e jornalista espanhol, dono de um estilo impressionista, com uso intenso de metáforas e neologismos, o que, por outro lado, torna difícil a tradução dos textos e o faz ser pouco conhecido fora do país. Autor de mais de 80 livros, recebeu o Prêmio Príncipe das Astúrias em 1996 e o Prêmio Nacional das Letras Espanholas no ano seguinte.

Frase para sobremesa: Uma parte de mim é multidão, outra parte estranheza e solidão (Ferreira Gullar, 1930-2016).

Até a próxima!

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