Post-229

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

124. Uma confraria de tolos (A confederacy of Dunces), John Kennedy Toole (1937-1969)

Esta obra só foi publicada em 1980, portanto 11 anos após a morte do autor. Ela logo se transformou em um dos clássicos cult do humor norte-americano, tendo recebido o Prêmio Pullitzer de Ficção em 1981. A trama do livro envolve a descrição das desventuras e trapalhadas de um morador da cidade de Nova Orleans. Trata-se de Ignatius Rilley, um personagem glutão, preguiçoso, repulsivo, o anti-herói que coleciona uma série de pequenas aventuras e empregos variados, como se fosse um Dom Quixote do século XX. O impacto da obra sobre o público leitor foi enorme. O conhecido escritor chileno Roberto Bolaños (1953-2003) afirmava que aquele era seu livro favorito.

Toole, natural de Nova Orleans, estudou Literatura Inglesa na Universidade de Columbia, em New York e, em seguida, prestou seu serviço militar em 1961. O livro mencionado foi praticamente o único que ele escreveu em vida. Um outro romance seu, Neon Bible, redigido aos 16 anos e bem menos conhecido, foi publicado em 1989. A busca de editores que aceitassem publicar “Uma confraria de tolos” atingiu patamares imprevisíveis e desconfortáveis, com sistemáticas recusas, até mesmo para receber o autor em entrevistas pessoais. Tal situação, aliada a uma frágil saúde mental de Toole, o levou a um fim trágico, quando  cometeu suicídio por inalação de gás de combustão de veículo.   

A palavra Dunces, constante do título original, tem o significado depreciativo de “tolo”. Ela é originária do teólogo e filósofo escocês Duns Scotus (1266-1308), que sugeria o uso de um chapéu cônico para que os pensamentos pudessem se infiltrar de forma mais efetiva na mente do estudioso. Como já seria de se esperar, o título do livro foi outro em Portugal: “Uma conspiração de estúpidos”.

A primeira tradução brasileira foi de Cristina Boselli para a Editora Record em 1983. Em 2015 a Editora Best-Seller lançou uma nova tradução, feita por Alice Xavier. 

Língua bikol

A língua bikol é falada por 2,4 milhões de pessoas na Península de Bicol, situada ao sul da ilha de Luzon. Na verdade, trata-se de um grupo de dezenas de dialetos, de compreensão mútua. Para fins de padronização do idioma é adotada a variante denominada Canaman. O bikol apresenta similaridades gramaticais com o tagalog e, também, com o malaio. Em relação a este último idioma, existem diversos exemplos de falsos amigos, ou seja, palavras de mesma grafia e pronúncia, mas com significados distintos. Assim, ayam é “cachorro” em bikol e “galinha” em malaio.

O plural é feito mediante a inserção de infixos. Por exemplo, Nagbabatok an ayam, que significa “o cachorro está latindo”, tem a forma plural como Nagbabaratok (inserção do infixo ra) an mga (partícula indicadora de plural) ayam. Penso que poderia ser mais simples.   

Os dias da semana são semelhantes em todas as línguas filipinas, apenas com pequenas variações de grafia. No idioma bikol: lunes, martes, miyerkoles, huwebes, biyernes, sabado, dominggo.

Os numerais seguem o tradicional uso de termos nativos e de palavras derivadas do espanhol: sarô/uno, duwa/dos, tulo/três, apat/kuatro, lima/sinko, anom/sais, pito/siete, walo/otso, siyam/nuebe, sampulo/dies. Existe uma ou outra mudança de grafia, mas a essência é sempre a mesma. Aqueles leitores mais perspicazes já terão notado que a sonora palavra lima representa o número cinco em todas as línguas malaio-polinésias vistas até agora. Ela também significa “mão”. Não é uma informação assim tão preciosa, mas, quem sabe, talvez possa ser útil em alguma altura de nossas vidas.

Expressões: Olá (Kumusta), Por favor (Tabi), Obrigado (Salamat), Desculpe (Pasensiya na tabi), Até logo (Paaram), Não entendo (Dai ko nasasabotan), Bom dia (Dios marhay na aga), Eu te amo (Namumutan taka).

Língua waray-waray

Ela é falada por 3,6 milhões de pessoas na região das Visayas Orientais. Curiosamente, não existe uma padronização ortográfica oficial, de tal sorte que são aceitas, por exemplo, as grafias ciudad ou syudad, espejo ou espeho. Trata-se de uma língua que usa e abusa das reduplicações, inclusive no próprio nome do idioma (que significa “nada-nada”). Muito criativa é a expressão morto-morto, a qual designa “fantasma”. Além disso o waray-waray é uma língua de grande riqueza de vocabulário. Por exemplo, a palavra “aqui”, que costuma ser única em quase todos os idiomas, no waray-waray pode assumir as seguintes formas: didi, dinhi, ngadi, nganhi, áanhi, áadi. Sem dúvida,uma festa para os escritores nativos.  

Números de 1 a 10: usa/uno, duha/dos, tuló/tres, upat/cuatro, limá/cinco, unom/saiz, pito/siete, waló/ocho, siyám/nueve, napúlô/diez.

Algumas expressões: Olá (Kumusta), Bom dia (Maupay nga adlaw), Obrigado (Salamat), Eu te amo (Hinihigugma ko ikaw).

Vencedores do Prêmio Cervantes de Literatura (10)

1993: Miguel Delibes (1920-2010): é um dos mais populares romancistas espanhóis, com mais de 50 títulos, sendo que nove de suas obras foram adaptadas para o cinema. Começou sua carreira como cartunista e colunista de jornal. Além da atividade literária, Delibes era um grande conhecedor da fauna e flora da região de Castilla. Dentre seus sete filhos, vários se tornaram renomados biólogos. Recebeu o Prêmio Príncipe de Astúrias em 1982 e o Prêmio Nacional das Letras Espanholas em 1991. 

1994: Mário Vargas Llosa (1936-): o destacado escritor peruano é autor de um grupo de romances dos mais representativos da literatura latino-americana do século XX, os quais estabelecem contundentes críticas à hierarquia de castas sociais e raciais no seu país. Dentre as várias premiações, o destaque fica para o Nobel de Literatura em 2010. Recebeu ainda o Prêmio Príncipe de Astúrias em 1986.  Além de autor, ele também é político (candidatou-se à presidência do Peru em 1990) e jornalista. Tornou-se cidadão espanhol em 1997, tendo recebido também o título de Marquês. Para maiores detalhes sobre sua biografia e produção literária, por favor consultem o Post-95.

Frase para sobremesa: A sociedade prosseguirá em estado de violência, porque o homem não prescinde da sua enfermidade moral, que é achar-se inútil num mundo que não criou (Agustina Bessa-Luís, 1922-2019).

Bom descanso!

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *