Post-228

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

123. Lord Jim, Joseph Conrad (1857-1924)

O escritor Joseph Conrad (Józef Konrad Korzeniowski), originário de família polonesa e nascido em localidade situada no atual território da Ucrânia, emigrou para a Inglaterra no início da vida adulta, tendo se tornado cidadão britânico em 1884. Já apresentamos neste Blog (Post 130) uma de suas obras mais conhecidas, “Coração das Trevas”, narrada em terceira pessoa pelo personagem Charles Marlow. Esta mesma figura reaparece no romance “Lord Jim”, agora contando a história de um jovem marinheiro que, por ter falhado durante um naufrágio, convive por toda a vida com seus dilemas de consciência, mesmo depois de ter se tornado um poderoso líder nas exóticas terras da Malásia. É um romance não apenas de aventuras, mas, sobretudo, de reflexões sobre os conceitos de honra e lealdade.

A adaptação cinematográfica de 1965, dirigida pelo norte-americano Richard Brooks (1912-92) e com o ator britânico Peter O’Toole (1932-2013) no papel principal, obteve forte acolhida junto ao público. A primeira tradução brasileira foi feita pelo escritor gaúcho Mário Quintana (1906-94) em 1939, com lançamento pela Editora Abril Cultural. A tradução de Marcos Santarrita foi realizada para a Francisco Alves em 1982 e relançada pela Nova Fronteira em 2023. Cabe ainda destacar a tradução feita pela centenária professora Julieta Cupertino para a Editora Revan em 2001. Esta emblemática tradutora, que recebeu educação formal só até o nível primário, se tornou posteriormente autodidata em inglês e celebrada tradutora de vários clássicos da literatura mundial.

Língua hiligaynon

Este idioma, também conhecido como ilongo, é falado por 9,3 milhões de pessoas na região das ilhas Visayas Ocidental, nas Filipinas. Ele pode ser considerado como mutuamente inteligível com o cebuano, apresentado no Post 226. A escrita é feita com um alfabeto latino modificado, isto é, sem as letras “C,F,J,K,Q,X,Z”, todavia com a inclusão de “NG” e a ausência do “Ñ”. Enfatizamos aqui que a supressão de consoantes é muito frequente em várias línguas malaio-polinésias. O hiligaynon só começou a ser ensinado nas escolas em 2012. Naturalmente, ele possui diversos dialetos, que podem ser agrupados em standard e em urbanos. Estes últimos, falados nas grandes cidades, apresentam simplificações de palavras e expressões: Um exemplo: amó iní (é isto) transforma-se em mó’ni na versão urbana. Por quê? Talvez seja a falta de tempo dos moradores das cidades maiores, sempre correndo, inclusive nas formulações verbais.

A parada glotal no hiligaynon (por exemplo: san-o, “quando”), é representada graficamente pelo hífen, o que não ocorre nas outras línguas filipinas vistas até agora. O hífen também é usado na reduplicação de palavras, este curioso fenômeno característico dos idiomas malaio-polinésios. Assim: adlaw (dia), adlaw-adlaw (todo dia).

Os pronomes pessoais são: ako, ikaw, siya, kita (inclusivo)/kami (exclusivo), kamo, sila. Já os pronomes demonstrativos, à semelhança da maioria das línguas são regulados pela distância em relação ao falante: iní (“este”, i.e., próximo ao falante), iná (“esse”, próximo ao interlocutor), ató (“aquele”, posicionamento distante). As características de existência e posse são dadas pela partícula may. Assim: May ido ako (“existe cachorro eu”, ou seja, “eu tenho um cachorro”). Como muitas línguas malaio-polinésias adoram a inserção de partículas, vamos a um outro exemplo, desta vez com os adjetivos: ido nga itom, significa “cachorro preto”, em que nga é apenas uma partícula de adjetivação. Ainda continuando nos cachorros, tem-se: anum ka ido (seis cachorros); a partícula ka funciona para indicar a função do numeral, algo semelhante ao que vimos nos “classificadores” em vários idiomas do Sudeste Asiático.

No entanto, a cereja do bolo ainda está por vir. Quando queremos dar um foco em algum termo na oração, as línguas ocidentais tão somente mudam a entonação. Vejam:

Eu li o livro comprado na semana passada (fui eu quem leu e não outra pessoa); eu li o livro comprado na semana passada (o livro foi lido e não usado, por exemplo, como peso de papel); eu li o livro comprado na semana passada(não foi a revista que eu li); eu li o livro comprado na semana passada (ele foi comprado e não tomado emprestado ou roubado); eu li o livro comprado na semana passada (e não no mês passado). É muito fácil alterarmos a mensagem da frase mediante a ênfase na palavra desejada. Já os falantes de hilagaynon são mais pragmáticos, pois usam afixos para representar o destaque a ser dado. Isto é especialmente útil na linguagem escrita, na qual a entonação geralmente não é retratada.

Dias da semana (na forma nativa e naquela derivada do espanhol): dumasaon (lunes),dukot-dukot(martes),baylo-baylo(miyerkoles),danghos(huwebes), lingot-lingot(biyernes), ligid-ligid(sabado), tig burukad(domingo).

Números de 1 a 10: isa/uno, duha/dos, tatlo/tres, apat/kwatro, lima/singku, anum/seys, pito/syete, walo/otso, syam/nwebe, pulo/dyes. As versões nativas são usadas apenas quando se conta em uma série. Em todos os outros casos é utilizada a versão em espanhol modificado.

Algumas expressões: Olá (Kumusta), Por favor (Palihog), Desculpe (Patawaron mo ako), Não entendo (Indi komagets), Até logo (Asta as liwat), Bom dia (Maayong aga), Eu te amo (Palangga ta ka), Obrigado (Salamat). Como curiosidade: a palavra “talvez” é siguro, o que não parece ser muito coerente.  

Vencedores do Prêmio Cervantes de Literatura (9)

1991: Francisco Ayala (1906-2009): o longevo escritor espanhol doutorou-se em Direito pela Universidade Complutense de Madri, uma das mais antigas do mundo, fundada em 1499. Exilou-se em Buenos Aires ao final da Segunda República Espanhola (1939), onde permaneceu por dez anos. Mudou-se em seguida para Porto Rico e EUA, regressando à Espanha apenas em 1960. Escreveu seu primeiro livro aos 19 anos de idade, tendo sido um autor bastante prolífico, com a produção de 28 livros e de dezenas de ensaios. Traduziu obras literárias do alemão, francês, português e inglês. Recebeu em 1988 o Prêmio Nacional das Letras Espanholas e, dez anos depois, o Prêmio Príncipe de Astúrias de Letras.

1992: Dulce Maria Loynaz (1902-97): celebrada poetisa cubana, que mantinha contatos pessoais com famosos escritores tais como o espanhol Federico Garcia Lorca (1898-1936), a chilena Gabriela Mistral (1889-1957, Nobel em 1945), o cubano Alejo Carpentier (1904-80) e o espanhol Juan Ramón Jiménez (1881-1958, Nobel em 1956). Oriunda de uma tradicional família de literatos, Dulce doutorou-se em Direito Civil pela Universidade de Havana em 1927. É uma daquelas poetisas que dificilmente aparecem em antologias devido à longa extensão da maioria de seus poemas. 

Frase para sobremesa: Se colocares num prato da balança as vantagens e no outro as desvantagens, perceberás que uma paz injusta é muito melhor do que uma guerra justa (Erasmo de Roterdã, 1466-1536).

Bom descanso!

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