Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
121. As obras completas de Flannery O’Connor (The complete stories of Flannery O’Connor), Flannery O’Connor (1925-64)
A escritora norte-americana, filha única de um agente imobiliário, estudou Jornalismo na Universidade de Iowa. De uma firme devoção católica, Flannery escreveu obras de literatura no âmbito de um realismo existencial, com tramas obscuras e abordando personagens em decadência. Esse movimento literário foi denominado pelos críticos de “gótico sulista”. A produção escrita de Flannery consistiu em dois romances e 31 contos. A autora foi contemplada em 1972 com o National Book Award pelo seu conjunto literário. Dentre os romances, o mais conhecido é “Sangue sábio” (Wise blood), que foi adaptado às telas pelo famoso cineasta John Huston (1906-87) em 1979, tendo recebido no Brasil o título de “Sangue selvagem”. O livro de contos de maior destaque é “Um homem bom é difícil de encontrar” (A good man is hard to find), publicado no Brasil em 2018 pela Editora Nova Fronteira.com tradução de Leonardo Fróes. Ele também foi o tradutor do volume de “Contos completos” de Flannery O’Connor, editado pela Cosac & Naiffy em 2008. Já “Sangue sábio” teve tradução de Juliana Amato e lançamento pela Editora Sétimo Selo em 2022.
Flannery sofria de lúpus desde 1952. Essa enfermidade, que havia vitimado seu pai, também foi a causa da morte precoce de Flannery aos 39 anos de idade. O ator e diretor Ethan Hawke (1970-) foi o responsável pela única biografia filmada da escritora, intitulada Wildcat. O papel principal no filme coube a Maya Hawke (1998-), filha do diretor.
Língua cebuana
A língua cebuana, também conhecida como bisaya, é a segunda língua mais falada nas Filipinas, com a estimativa de cerca de 25 milhões de usuários. Ela é a língua franca na ilha de Mindanao, a segunda maior do país (depois da ilha de Luzon) e na região das ilhas Vissaias, onde se situa a cidade de Cebu, a mais antiga do país e sua primeira capital (até 1571). Muitos dos estimados leitores já estudaram, nas memoráveis aulas de Geografia, a existência da Fossa de Mindanao, que era, na época, o ponto mais profundo de todos os oceanos (10.540 m). Os leitores mais jovens irão retorquir, com toda a razão, que a fossa mais profunda é agora a das Marianas (10.994 m), situada a leste das Filipinas. Voltemos ao idioma.
Avalia-se que os ancestrais linguísticos do cebuano remontam ao quarto milênio a.C., só que nenhum registro escrito sobreviveu à fúria do tempo. Como no filipino, visto no Post anterior, também aqui era usada a escrita Bayabayin, substituída posteriormente pelo alfabeto latino. Todas as línguas filipinas apresentadas neste Blog pertencem à grande família malaio-polinésia. Embora sejam idiomas distintos, eles guardam entre si muitas semelhanças gramaticais, léxicas e fonológicas. Cabe destacar que, antes da chegada dos espanhóis (século XVI), a língua cebuana só possuía três vogais: A, I e U. As outras duas vogais foram incorporadas posteriormente ao alfabeto.
Lembremos que os arquipélagos, como é o caso da Indonésia e das Filipinas, tendem a exibir um enorme número de dialetos, dado que cada ilha, no seu isolamento parcial, acaba mantendo aspectos próprios, principalmente na fonologia. Não se sabe qual o número exato de dialetos do cebuano, já que os linguistas, sem chegarem a um acordo comum, emitem suas teorias e sugestões.
O cebuano é uma língua aglutinante, do tipo V-S-O. Para nós soa de forma estranha uma frase ser iniciada com o verbo, mas, certamente, os falantes dos idiomas malaio-polinésios acham isso muito natural. A língua cebuana também possui a “parada glotal”, como já vimos para o filipino. Também são incontáveis os empréstimos vindos do espanhol. Com algum exagero, poderíamos dizer que as pessoas que dominam o idioma espanhol, conseguem ler, com uma certa compreensão, textos escritos nas línguas filipinas. O curioso é que, quanto mais complexo o tema (filosofia, política, administração) mais fácil se torna o entendimento, pois tais termos específicos são frequentemente oriundos do espanhol e, em alguns casos, do inglês.
Os tempos verbais em cebuano são apenas dois: futuro e não futuro. As conjugações verbais são feitas mediante a inserção de afixos, que podem vir no início, meio ou fim da palavra. Os modos verbais que, nas línguas ocidentais, são geralmente indicativo, subjuntivo e imperativo, aqui no cebuano são divididos em voluntário (ações planejadas) e potencial (ações acidentais).
Os numerais em cebuano, da mesma forma que no filipino, possuem a versão nativa e a versão adaptada do espanhol: usa/uno, duha/dos, tulo/tres, upat/kwatro, lima/singko, unom/sais, pito/syete, walo/otso, syam/noybe e napu’o/ diyes. Na prática existe uma mistura no uso dos numerais, sem a existência de regras bem definidas. Além disso, acima de dez é preferida a forma espanhola, por ser mais curta. Vejam o exemplo do número 11: napulo ug usa (“dez mais um”) ou simplesmente onse.
Dias da semana: lunes, martes, miyerkules, huwebes, biyernes, sabado, dominggo.
Algumas expressões: Olá (Hello ou Kumusta), Bom dia (Manyong buntag), Até logo (Babay), Eu não entendo (Wala ko kasabot), Desculpe (Ikasubo ko), Eu te amo (Gihigugma ko ikaw), Obrigado (Salamat).
Vencedores do Prêmio Cervantes de Literatura (7)
1987: Carlos Fuentes Macias (1928-2012) é reconhecido como um dos maiores escritores latino-americanos, tendo publicado mais de 40 obras, entre romances, ensaios e peças de teatro. Nascido no Panamá, filho de um diplomata mexicano, passou a infância em diversas capitais da América, dentre elas o Rio de Janeiro. Graduou-se em Direito pela Universidade Autônoma do México e, seguindo os passos paternos, abraçou a carreira diplomática, chegando a ser embaixador do México na França. Lecionou em diversas universidades norte-americanas de renome internacional. Era admirador confesso de Machado de Assis (1839-1908), “um escritor que seguia a tradição de Cervantes”. Recebeu em 1994 o prestigiado Prêmio Princesa de Astúrias (até 2014 “Prêmio Príncipe de Astúrias”).
1988: Maria Zambrano (1904-91): a filósofa e escritora espanhola foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Cervantes de Literatura e, também, uma das primeiras docentes universitárias da Espanha. Era filha de um professor de espanhol, que mantinha amizades com vários escritores da época, dentre eles o conhecido poeta Antonio Machado (1875-1939). Esteve exilada por muitos anos em países como Chile, México, Cuba, França, Itália e Suiça, só retornando à Espanha após o término da ditadura.
Frase para sobremesa: Se você está procurando uma grande oportunidade, descubra um grande problema (Martinho Lutero, 1483-1546).
Bom descanso!