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Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

119. Mulherzinhas (Little Women), Louisa May Alcott (1832-88)

Este romance, já no século XIX, era considerado como um dos maiores clássicos da literatura juvenil. No entanto, hoje em dia a obra ganhou dimensões mais sólidas, encontrando boa ressonância também entre o público adulto. A escritora norte-americana Louisa May Alcott cresceu em um ambiente familiar transcendentalista, que é a tendência filosófica criada pelo poeta Ralph Waldo Emerson (1803-82) e que acreditava na supremacia da intuição sobre o racionalismo na busca da verdade. Seus adeptos levavam uma vida agrária, sem o consumo de substâncias vindas de animais, bebendo apenas água, tomando banhos frios e não utilizando iluminação artificial. Louisa conviveu pessoalmente com Emerson durante várias décadas de sua vida. Devido às precárias condições financeiras de seus pais, ela se viu forçada a buscar trabalho como costureira, professora e empregada doméstica. 

Já na sua fase adulta, Louisa começou a escrever livros destinados ao público adolescente, utilizando o pseudônimo de A.M. Barnard. O primeiro grande sucesso, aliás, o maior de todos, veio com a obra “Mulherzinhas”, que relata a vida de quatro irmãs que crescem durante a Guerra Civil Americana (ou “Guerra da Secessão, 1861-65). O livro contém fortes tintas autobiográficas. Quando os primeiros capítulos foram entregues ao editor ele classificou o texto como sendo “muito chato”. Dias depois alguns jovens foram instados a darem sua opinião sobre o rascunho. “Magnífico” foi a resposta de vários deles. O livro foi lançado em 1868 e se converteu em sucesso imediato de crítica e público. Os leitores pressionaram a autora a escrever continuações da obra, que ocorreram com Little Men (1871) e Jo’s Boys (1886).

Louisa era uma intensa ativista dos direitos humanos, tendo lutado pela abolição da escravatura e pelo sufrágio feminino. Permaneceu solteira durante toda a vida. Durante a Guerra da Secessão ela trabalhara como enfermeira, quando contraiu febre tifoide, sendo tratada com medicamentos à base de mercúrio. Acredita-se que sua morte aos 55 anos tenha sido uma consequência do envenenamento crônico pelos remédios ingeridos.

A popularidade de “Mulherzinhas” é refletida no grande número de traduções e de adaptações cinematográficas. Dentre os filmes merecem destaque as versões de 1994, dirigida pela australiana Gillian Armstrong (1950-), tendo no elenco Susan Sarandon (1946-) e Winona Ryder (1971-) e a versão de 2019, sob a direção de Greta Gerwig (1983-), com atuações de Saoirse (nome irlandês, pronúncia Sirche) Ronan (1994-) e da inglesa Florence Pugh (pronúncia Piú) (1996-). Ambas as adaptações foram traduzidas como “Adoráveis Mulheres”.

Na parte escrita ocorreu uma adaptação em Portugal de grande sucesso de vendas. Todavia, o cenário foi alterado da Guerra da Secessão para a Primeira Guerra Mundial e os personagens tiveram os nomes e as características físicas mudadas. O título da obra passou a ser “Quatro Raparigas”. Como encaramos isso? Um novo livro com a ideia antiga? Sabemos que qualquer arte deve ser livre, contudo, sujeita a certos limites de bom senso.

Quanto às traduções de verdade, aqui no Brasil, existem várias. Citaremos apenas cinco, para não cansar o leitor. Maria Tereza Ornellas (L&PM Pocket, 2011), Diego Raigorodsky (Martin Claret, 2019), Julia Romeu (Penguin-Companhia das Letras, 2020), além de dois boxes com quatro livros da autora, obviamente contendo “Mulherzinhas”: Filipe Teixeira e Karla Lima (Principis, 2022) e Maryanne Linz e Thalita Uba (José Olympio, 2022). Não é todo dia que podemos nomear sete tradutores de uma mesma obra.

Língua filipina (1)

O idioma filipino (pilipino), pertencente à família malaio-polinésia, é uma das línguas oficiais da República das Filipinas, juntamente com o inglês. Ele é falado como primeira língua por cerca de 30% da população do país (de 100 milhões de habitantes). Destaca-se que as Filipinas, que consistem em um arquipélago de sete mil ilhas, abriga quase 200 idiomas, seguindo um padrão já visto para alguns países do Sudeste Asiático, como a Indonésia. Ela é a única nação asiática de maioria católica, devido à influência da colonização espanhola.

Embora já houvesse populações que habitavam as ilhas em eras pré-históricas, foi só nos séculos XI e XII que mercadores chineses chegaram à região, divulgando a existência do enorme arquipélago. O navegador Fernão de Magalhães (1480-1521), português a serviço da Coroa de Castela, foi um dos primeiros ocidentais a chegar à região. Ele empreendia uma longuíssima viagem de circum-navegação, na verdade a primeira já feita pelo homem, para confirmar a forma redonda do nosso planeta. Foi ele quem conferiu a simpática denominação de “Pacífico” ao oceano no qual se situam as Filipinas e, mais ainda, batizou as novas terras em homenagem ao rei Filipe II da Espanha (1527-98). Também foi lá onde Fernão deu seu último suspiro em batalha contra tribos locais. De qualquer forma, os espanhóis colonizaram o país durante 333 anos, legando uma forte influência no vocabulário das línguas originais. Alguns exemplos são: kabayo (caballo), sabón, silya (silla – cadeira), kotse (coche – carro), relós (reloj), sapatos, libro, eskwela, e a lista poderia seguir por várias páginas.     

O país teve duas independências: a primeira delas em 1898, quando uma revolução derrubou o poderio espanhol. Nessa época a Espanha vendeu a antiga colônia para os EUA ou, para sermos mais claros, recebeu uma indenização. O domínio americano durou até 1946, quando foi celebrada a segunda independência do país. A língua inglesa também deixou suas influências no vocabulário local, como no exemplo da palavra drayber (motorista). Como nação livre, o governo tomou a sensata decisão de designar um dos idiomas locais para ser o oficial, ou seja, aquele utilizado na mídia, nas cerimônias, nos documentos e, obviamente, ensinado nas escolas. Para tanto foi escolhida a língua tagalog, que, além de possuir o maior número de falantes, era o idioma principal na ilha de Luzón, a maior do país, e onde se situa a capital Manila. Contudo, para que não houvesse privilégios para uma única etnia, o idioma foi padronizado de acordo com novas regras, com uma fonética uniformizada e regras gramaticais bem estabelecidas. A esta nova língua foi dado o nome de pilipino (ou filipino, no vocabulário internacional). Portanto, pode-se afirmar que tagalog (cuja bucólica etimologia é “moradores da beira do rio”)e filipino são, virtualmente o mesmo idioma, só que este último é uma versão padronizada do anterior.

Vencedores do Prêmio Cervantes de Literatura (5)

1983: Rafael Alberti (1902-99): foi um poeta espanhol, também membro da famosa Geração de 27. Venceu em 1925 (com apenas 22 anos) o Prêmio Nacional de Literatura da Espanha por seu primeiro livro (Marinero en tierra). Difícil se imaginar um início literário mais promissor.

1984: Ernesto Sábato (1911-2011): um dos maiores autores argentinos do século XX, Sábato iniciou uma carreira científica (Doutorado em Física na Universidade Nacional de La Plata, pesquisas no Laboratório Curie em Paris e no MIT – Massachusetts Institute of Technology, professor da Universidade de Buenos Aires) para depois abandoná-la em 1943 para se dedicar exclusivamente à literatura e à pintura. O primeiro romance (“O túnel”) foi publicado em 1948. Sua obra magna é o livro “Sobre heróis e tumbas”, lançado em 1961. Sábato morreu dois meses antes de completar cem anos de idade.

Frase para sobremesa: A leitura traz ao homem plenitude, o discurso, segurança e a escrita, precisão (Francis Bacon, 1561-1626).

Bom descanso!

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