Post-223

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

118. Howards End, E.M. Forster (1879-1970)

Já nos deparamos com esse autor britânico no Post 162, quando apresentamos o livro “Uma passagem para a Índia”. Embora ele tenha escrito apenas seis romances, seu nome ficou conhecido como um dos maiores novelistas ingleses dos séculos XIX e XX. Diversas de suas obras foram levadas ao cinema, o que ajudou a firmar a boa reputação do autor. Se, no Post anterior, ficamos surpresos ao constatar que Rimbaud escreveu sua obra-prima (Uma temporada no inferno) com apenas 19 anos e permaneceu sem publicar mais nada até o fim de seus dias (com 37 anos), o caso de Forster é ainda mais emblemático, pois este escritor, após lançar “Uma passagem para a Índia” em 1924, não escreveu mais nenhum livro até sua morte (em 1970, ou seja, por 46 anos), dedicando-se apenas a ensaios e artigos versando sobre Teoria Literária.

Howards End é uma obra que retrata a luta de classes na Inglaterra do início do século XX, representada pela vivência de três famílias pertencentes a distintas classes sociais. Por meio de refinadas análises psicológicas, Forster nos desvela os conflitos causados por questões de gênero e por desníveis econômicos e culturais. O título indica o nome de uma rica propriedade rural, tanto que, em Portugal, o livro foi traduzido como “A Mansão”.

A obra teve uma consagrada filmagem (Retorno a Howards End, 1992) sob a direção do veterano James Ivory (1928-) e contando com um invejável trio de estrelas do cinema britânico e mundial: Anthony Hopkins (1937-), Vanessa Redgrave (1937-) e Emma Thompson (1959), premiada com o Oscar de melhor atriz por essa película.

Na esteira do sucesso cinematográfico, veio a lume a primeira tradução brasileira (Ediouro, 1993), feita por Ruy Jungmann. A segunda tradução (Editora Globo, 2006) ficou a cargo de Cássio de Arantes Leite.

Outras línguas da Indonésia (4)

As línguas batak

Terminamos a apresentação desse grupo selecionado de idiomas da Indonésia com a introdução das línguas batak. Elas são faladas na região Norte dailha de Sumatra, particularmente ao redor do lago Toba. Não custa lembrar que o lago foi formado a partir de uma gigantesca explosão vulcânica (a maior nos últimos dois milhões de anos), ocorrida em torno de 73.000 a.C. Esta poderosa catástrofe provocou a extinção de uma considerável parte da população humana, no fenômeno que é conhecido como “efeito de gargalo” na evolução demográfica. Como consequência da erupção vulcânica ocorreu a formação do lago, cuja base emergiu e proporcionou o nascimento de uma enorme ilha na superfície aquática. Voltemos ao idioma.

Imagem do lago Toba (Fonte: Landsat)

Conforme indicado, não se trata de uma única língua batak, mas de seis idiomas distintos, todavia com algum grau de compreensão mútua. E, pasmem-se, algumas dessas línguas possuem seus próprios dialetos e, em determinados casos, também subdialetos. Todo esse caldeirão linguístico ocorre em área relativamente pequena.

Supõe-se que as línguas batak originaram-se de um ancestral comum, o Proto-batak, todavia, ao longo do tempo, foram adquirindo características próprias. Todas elas, em graus variados, podem ser escritas no alfabeto batak (v. abaixo) ou no latino. Destaca-se que existem traduções da Bíblia para todas as línguas do grupo.

  1. Batak Toba: É a mais relevante das línguas batak, falada por cerca de 1,6 milhão de pessoas, e a única ensinada nas escolas. A ordem das palavras na frase é V-S-O. Números de 1 a 10: sada, dua, tolu, opat, lima, onom, pitu, walu, sai, sappulu. A saudação “Olá” é Horas (se, em algum desses desafios malucos que existem no nosso tempo, alguém for perguntado como é a forma de saudação na língua Batak Toba, a maioria dos nossos leitores certamente se lembrará). “Obrigado” já é mais difícil: Mauliate;
  2. Batak Mandailing: Falada por aproximadamente 700.000 pessoas;
  3. Batak Angkola: 540.000 falantes;
  4. Batak Karo: 500.000 falantes;
  5. Batak Dairi ou Rapkak: 170.000 falantes;
  6. Batak Simalungun: 150.000 falantes.

Vencedores do Prêmio Cervantes de Literatura (4)

1981: Octavio Paz (1914-98): o poeta, ensaísta e diplomata mexicano Octavio Paz foi contemplado com o Prêmio Cervantes antes de ter sido laureado com o Nobel de Literatura (1990). Detalhes de sua biografia podem ser consultados no Post 75. Paz teve uma ativa vida literária no âmbito da intelectualidade mundial, sendo inclusive fundador de diversos jornais e revistas dedicados ao tema.

1982: Luís Rosales (1910-92): poeta e jornalista espanhol, graduou-se em Direito e Filosofia pela Universidade de Granada, com um posterior Doutorado em Filologia na Universidade de Madri. Em 1936, ano do início da Guerra Civil Espanhola, o famoso poeta Federico Garcia Lorca, perseguido pelos falangistas, buscou refúgio na casa de Rosales, o que não o impediu de ser preso e executado. A obra mais marcante de Rosales é o livro de poesias La casa encendida, publicado em 1949 e reeditado em 1967 em uma versão ampliada

Frase para sobremesa: Sabe, durante muitos anos mantive um diário. Não que o tenha estudado ou pensado muito, mas uma coisa de que estou convencida é que ao registrar por escrito os dias é como se a memória se desobrigasse (Maria Velho da Costa, 1938-2020).

Até a próxima!

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