Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
117. Uma temporada no inferno (Une saison en enfer), Arthur Rimbaud (1854-91)
A poesia rebelde do francês Rimbaud influenciou fortemente as gerações de poetas que o sucederam. Sua genialidade já se manifestava nos primeiros poemas, escritos aos 10 anos de idade. Nos anos seguintes ele já tinha poemas escritos em francês e em latim e publicados em revistas literárias. Sua última coleção de poesias recebeu o sombrio título de “Uma temporada no inferno” (em algumas traduções “Uma estação no inferno”). A obra, escrita em 1873, teve apenas 500 exemplares impressos, os quais, por falta de pagamento, ficaram retidos na gráfica por dez anos após a morte do autor. Portanto, Rimbaud não conheceu em vida o gigantesco sucesso do livro, provavelmente o marco mais importante na poesia simbolista mundial. Trata-se de uma prosa poética onde o autor, carregado de desespero e pessimismo, busca suas origens, relata seus sonhos, o desejo da solidão e a incansável busca pelo desconhecido.
Logo após a redação desse livro de poemas, Rimbaud abandona a escrita e parte para uma conturbada vida pessoal. Durante anos foi amante do renomado poeta Paul Verlaine (1844-96), com quem manteve uma relação marcada por permanentes conflitos. Em um desses momentos, quando ambos estavam em Bruxelas, Verlaine dá dois tiros em Rimbaud, que o ferem apenas superficialmente. Como consequência desse ato, Verlaine é condenado a dois anos de prisão, após os quais voltam a viver juntos, em uma existência ainda mais conflituosa, regada com garrafas de absinto e marcada pelo exacerbado consumo de haxixe. Rimbaud então resolve se alistar no exército holandês, parte para a Indonésia, onde fica apenas alguns meses, deserta, retorna à França, embarca novamente para trabalhos provisórios no Iêmen, onde vive quatro anos, em Chipre e, finalmente na Etiópia, quando se converte em poderoso traficante de armas. Certamente é um dos currículos mais tenebrosos dentre os escritores conhecidos. Acometido por fortes dores no joelho, constata-se que ele tem um câncer, já sabidamente incurável. Rimbaud retorna então à França e morre em um hospital de Marselha.
A vida de Rimbaud (ou parte dela) foi mostrada em dois conhecidos filmes: “Uma estação no inferno”, dirigido pelo italiano Nelo Risi (1920-2015), com o aclamado atro britânico Terence Stamp (1938-) no papel principal e “Eclipse total de uma paixão”, sob direção da polonesa Agnieszka Holland (1948-) e com Leonardo DiCaprio (1974-) atuando como Rimbaud.
A primeira tradução brasileira foi feita pelo alagoano Lêdo Ivo (Editora Francisco Alves, 1981). A editora L&PM publicou em 2002 e 2006 a versão bilingue, com tradução de Paulo Hecker Filho.
Outras línguas da Indonésia (3)
Língua sasak
A língua sasak é falada por mais de 2 milhões de pessoas na ilha Lombok, situada a leste de Bali. O idioma apresenta cinco dialetos, alguns deles não mutuamente inteligíveis. A estrutura gramatical e o vocabulário são semelhantes aos da língua balinesa. Em caso raro nas línguas do planeta, no idioma sasak a ordem das palavras na frase possui grande flexibilidade, com os padrões mais frequentes sendo S-V-O, V-S-O e O-V-S. Os verbos não são conjugados e os níveis de polidez – existentes em todas as línguas da Indonésia – atingem o número de quatro.
Números de 1 a 10: sekeq, dua, telu, mpat, lima, nam, pituq, baluq, siwak, sepulu. Algumas expressões: Halo (Olá), Maaf (Desculpe), Silak (Por favor), Tampiasih (Obrigado).
Língua sumbawa
Seguindo-se o posicionamento geográfico de algumas ilhas do arquipélago indonésio, em direção ao leste, encontramos, após a ilha de Lombok (tópico acima), a ilha Sumbawa. Na sua parte ocidental é falada a língua sumbawa, enquanto na região oriental predomina o idioma bima.
Estima-se em 300.000 o número de falantes de sumbawa. A língua pode ser registrada no alfabeto latino ou então na curiosíssima escrita Jontal:

Fonte: Omniglot
Números de 1 a 10: sópó, dua, telu, empat, lima, enam, pitu, balu, siwa, sepulu. Algumas expressões: Salam (Olá), Mu hun (Por favor), Ulen énéng ampea (Desculpe), Dada (Até logo), Siup (Bom dia), Walahualam lamen loq (Eu não entendo), Suksma (obrigado).
Língua bima
Conforme apontado acima, a língua bima é falada na parte oriental da ilha Sumbawa por cerca de 500.000 pessoas. O idioma, que apresenta cinco dialetos, tem a peculiaridade de todas as palavras terminarem em vogal, o que confere uma prosódia muito agradável aos ouvidos. Alguns exemplos: oi (água), ina (mãe), ama (pai), uma (casa), tio (verbo “ver”). Números de 1 a 10: ica, dua, tolo, upa, lima, ini, pidu, waru, ciwi, sempuru. Abaixo segue um exemplo do alfabeto bimanês (não confundí-lo com o birmanês), o qual é usado juntamente com o latino.

Fonte: Omniglot
Vencedores do Prêmio Cervantes de Literatura (3)
1979: Houve uma premiação dupla: 1) Jorge Luis Borges (1899-1986), argentino, um dos mais destacados poetas da literatura latino-americana, já apresentado no Post 149; Gerardo Diego (1896-1987), poeta vanguardista espanhol, membro da Geração de 27. Estudou Filosofia e Letras em Madri e fundou revistas destinadas a acolher os novos poetas. Destacou-se na corrente literária do ultraísmo, que defende a ruptura dos versos tradicionais, mediante a supressão de rimas, a falta de sinais de pontuação e o uso de espaços em branco como novidade tipográfica.
1980: Juan Carlos Onetti (1909-94), considerado como o maior romancista uruguaio e, segundo o prestigiado autor argentino Júlio Cortázar (1914-84), “o maior escritor latino-americano”, ele era filho de um imigrante irlandês, de sobrenome O’Nety, e de uma mãe brasileira. Curiosamente, não chegou a completar o ensino secundário. Mudou-se para Madri em 1975 e lá viveu até os seus últimos dias.
Frase para sobremesa: Sê o que quiseres, mas procura sê-lo totalmente (Thomas Morus, 1478-1535).
Bom descanso!