Post-221

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

116. A casa soturna (The bleak house), Charles Dickens (1818-70)

Avaliado por muitos analistas como a obra-prima de Dickens, tanto pela construção do enredo quanto pelo vigor do texto, este livro foi editado em fascículos no período de 1852 a 53, com publicação definitiva em 1853. Já apresentamos neste Blog (Post-133, livro “Grandes Esperanças”) uma curta biografia de Dickens, o amado escritor britânico que costumava declamar suas obras em praça pública.

O romance “A casa soturna” tem uma trama complexa, muito difícil de ser sintetizada em poucos parágrafos. São mais de 60 personagens que interagem em graus variados, tendo por pano de fundo as disputas por propriedades no âmbito do sistema judiciário inglês. Trata-se de um livro sombrio, marcado por mistérios e assassinatos decorrentes da existência de dois testamentos conflitantes deixados por um patriarca. A obra é narrada parcialmente pela personagem Esther Summerson, a única narradora feminina nos livros de Dickens. Em determinadas partes do livro a descrição é feita por um narrador onisciente (aquele que tudo sabe e tudo informa). Acredita-se que a repercussão da obra tenha levado à implantação de reformas jurídicas na Inglaterra dos anos de 1870. Uma questão polêmica, que Dickens não concordou em abandonar, é o relato da morte de um personagem pela autocombustão espontânea (spontaneous human combustion), em que o corpo de uma pessoa é consumido pelo fogo sem a ocorrência de interferências externas. Já na época de Dickens esse fenômeno era considerado como pseudociência, ou seja, não havia (e tampouco há atualmente) qualquer respaldo científico sobre a possibilidade de autocombustão. O que se considera é a existência, mesmo que camuflada, de alguma fonte externa, como por exemplo um cigarro aceso. Embora aconselhado pelos editores a remover tal polêmica ocorrência, Dickens insistiu em mantê-la no livro.

A par de diversas peças teatrais e séries de televisão, o único filme cujo roteiro é extraído do livro foi rodado em 1901 e tem, imaginem, um minuto de duração. A película The death of poor Joe, que relata a morte de um garoto na neve, foi dirigida por George Albert Smith (1864-1959).    

A versão em português disponível no Brasil foi feita pelo lendário tradutor Oscar Mendes (1902-83), responsável pela edição de dezenas de clássicos em inglês, francês e russo (neste idioma, sempre por via indireta). As críticas a esta tradução de “A casa soturna” (em Portugal “A casa abandonada”) se referem ao uso de terminologias arcaicas e formais, além do procedimento de traduzir nomes próprios (p.ex. John é João, Richard é Ricardo), algo inadmissível nos dias atuais. Existe também uma adaptação para o público juvenil, feita por Aline Coelho, que possui 96 páginas, em contraste com as mais de 800 da versão completa.   

Outras línguas da Indonésia (2)

Língua Minangkabau

Este idioma, de nome idêntico à etnia que o utiliza, é falado por 8,5 milhões de pessoas nas regiões Oeste e Norte de Sumatra, que é a maior ilha pertencente unicamente à Indonésia, já que as ilhas de Bornéu e Nova Guiné são divididas, respectivamente, com Malásia e Papua Nova-Guiné. Uma característica dessa língua é a existência de vários dialetos, mesmo em aldeias próximas, mas separadas por rios ou montanhas. Além disso, o Minangkabau é a língua franca em todo o litoral Norte de Sumatra.

Antigamente a língua era escrita no alfabeto árabe, mas hoje em dia ocorre o domínio da escrita latina. A fonologia do idioma é rítmica e musical, o que não ocorre sempre nas outras línguas faladas na Indonésia.

Os números de 1 a 10 são: ciek, duo, tigo, ampek, limo, anam, tujuah, salapan, sambilan, sapuluah.

A saudação mais comum, que substitui as expressões de “bom dia, boa tarde e boa noite”, é Ampun maaf, na qual o falante, literalmente, “pede perdão” ao interlocutor. Outras expressões: Ambo indak paham (eu não entendo) e Tarimo kasih (obrigado).  

Língua Achém

É o idioma falado por 3,5 milhões de pessoas na província de Achém – em indonésio Aceh – localizada na ponta ocidental da ilha de Sumatra. Foi nesta região onde se iniciou a disseminação do Islã na Indonésia, por volta do ano de 1250. Atualmente é a província com o maior percentual de muçulmanos no país. Os moradores de Achém sempre tiveram um posicionamento histórico de resistência política contra colonizadores e estrangeiros em geral. Na época da independência da Indonésia, em 1945, os achemeses reivindicaram a completa autonomia da província, a qual só foi concedida de forma parcial. Foi criado então o Movimento Achém Livre, que busca este objetivo, muitas vezes por meio da luta armada.

Atualmente a língua Achém é quase que só utilizada na forma falada, já que a leitura é feita preferencialmente em indonésio. Sua estrutura gramatical é muito semelhante à do idioma Minangkabau, visto logo acima. O alfabeto árabe era usado até a colonização holandesa (século XVII), quando foi substituído por uma escrita latina modificada. No entanto, em decorrência do movimento de independência da província, observa-se um crescente retorno ao alfabeto árabe.

Números de 1 a 10: as, dua, lhée, peuet, limong, nam, tujôh, lapan, sikureueng, siplôh. Algumas expressões: Tulong (por favor) e Teurimong geunaseh (obrigado).

Vencedores do Prêmio Cervantes de Literatura (2)

1977: Alejo Carpentier (1904-80): novelista e músico cubano, estudou Jornalismo em Havana, foi preso por motivos políticos em 1928 e fugiu para a França, onde viveu até 1939. Retornou a Cuba para trabalhar no rádio, mudando-se em seguida para a Venezuela (1945 a 59). Novo retorno a Cuba, voltando a se fixar em Paris de 1966 até sua morte. Sua obra mais conhecida é O reino deste mundo, recriação da história do Haiti desde o período colonial até a fase republicana, escrito no estilo do Realismo Mágico, que ele preferia designar como “real maravilhoso”.

1978: Dámaso Alonso (1898-1990): poeta e crítico literário espanhol, licenciado em Direito, também pertenceu à Geração de 1927. Foi presidente da Real Academia da Língua Espanhola. Sua produção de maior destaque é Ensaio sobre a poesia espanhola.

Frase para sobremesa: Eu nem sequer gosto de escrever. Acontece-me às vezes de estar tão desesperado que me refugio no papel como quem se esconde para chorar. E o mais estranho é arrancar da minha angústia palavras de profunda reconciliação com a vida (Eugênio de Andrade, 1923-2005).

Até a próxima!

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