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114. Oresteia (Ορέστεια), Ésquilo (c. 525 a. C.- c. 456 a.C.)
O autor é considerado como o pai da tragédia na literatura. Ele é o mais antigo dos três trágicos gregos (os outros são Sófocles e Eurípedes), sendo ainda o responsável por aumentar o número de personagens nas peças de teatro, de forma a permitir que surgissem conflitos entre eles. Antes de Ésquilo os atores interagiam apenas com o coro e não entre si.
A tragédia “Oresteia” ou “Oréstia”, encenada pela primeira vez em 458 a.C., consiste em uma trilogia formada por três peças: Agamênon, Coéforas e Eumênides. A primeira delas apresenta o assassinado de Agamênon (rei dos micenos) por sua esposa Clitemnestra, após o retorno do rei da Guerra de Tróia. A segunda peça relata, muitos anos após a morte de Agamênon, o assassinato de Clitemnestra por Orestes, filho de ambos (não se assustem, lembrem-se de que são tragédias gregas, sempre marcadas por crimes e traições), vingança essa cumprida por ordem do deus Apolo. Na terceira peça Orestes é atormentado e perseguido pelas Fúrias, trio de deusas que atuam como instrumento de justiça. Ao final ocorre o julgamento de Orestes, quando ele é então absolvido pelas divindades responsáveis.
A tragédia, precursora da dramaturgia antiga, aborda os aspectos da relação dos deuses com os diversos personagens, as questões de vingança e justiça, das leis, da culpa e da expiação. Um prato completo para o espectador desde o século V a.C. Existem muito poucas informações sobre a vida de Ésquilo (lá se vão mais de dois mil e quinhentos anos de história). Na verdade, o detalhe mais curioso refere-se à morte de Ésquilo. Reza a lenda que o dramaturgo havia recebido a profecia de que morreria devido ao desabamento de um teto. Como prevenção, ele passou a viver ao ar livre. Em uma de suas visitas à Sicília (na época uma colônia grega), enquanto passeava na praia, uma águia teria deixado cair sobre sua cabeça (cuja calvície lembrava a superfície de uma rocha) um enorme casco de tartaruga, para que fosse rompido no choque com o solo, prática comum a muitas aves de rapina para obtenção do alimento. Assim terminaram os dias do primeiro grande dramaturgo da história.
A única adaptação cinematográfica conhecida da tragédia Oresteia foi um faroeste italiano de 1969 The forgotten pistolero (no Brasil lançado como “O pistoleiro da Ave-Maria), com direção de Ferdinando Baldi (1917-2007), ele próprio professor de literatura clássica e especialista em tragédias gregas.
Duas traduções para o português podem ser apontadas, ambas vertidas diretamente do grego antigo: a de Mário da Gama Kury, lançada pela Zahar em 1931 e a de José Antônio Alves Torrano (que assinava como Jaa Torrano), com texto bilingue e editado pela Iluminuras em 2000.
A língua sundanesa
O idioma sundanês é falado por cerca de 32 milhões de pessoas (15% da população da Indonésia) na parte ocidental da ilha de Java. O nome da língua é proveniente da antiga designação das Ilhas de Sunda (Bornéu, Java, Sumatra e Célebes), cujo território é partilhado pela Indonésia, Malásia, Brunei e Timor-Leste. Considera-se que as Ilhas de Sunda estabeleçam a fronteira entre os oceanos Índico e Pacífico.
A escrita sundanesa, que vigora parcialmente até hoje em dia, era usada pelos falantes de sundanês entre os séculos XIV e XVIII. Após um período de declínio, a escrita foi padronizada na década de 1990, sendo utilizada para a grafia de locais públicos e sinalização de ruas e estradas. Contudo, o alfabeto latino é o mais empregado, seguindo-se a tendência de facilitar a comunicação em eras de globalização. Em algumas regiões de Java o sundanês é escrito no alfabeto árabe.
Vejam abaixo um exemplo da escrita sundanesa, caracterizada por seus traços retilíneos. De fato, é um alfabeto bastante peculiar. Destaca-se a frequente utilização de sinais que são idênticos ao número sete, tanto inteiro quanto cortado. O sete na forma inteira representa o som de “ka”, ao passo que na grafia cortada ele exprime a sílaba “sa”.

Os verbos, assim como ocorre no javanês, têm a variante polida e a variante normal. Por exemplo, “ler” é maos no primeiro caso e maca no segundo. O mesmo ocorre com as preposições: “atrás” é dipengkereun/ditukangeun, “dentro” é di lebet/di jero. O advérbio temporal “depois” é saparantos/sanggeus. A forma interrogativa é iniciada pela partícula dupi: Dupi bumi di palih mana? (Onde você mora?).
A língua sundanesa possui seis dialetos, alguns deles não mutuamente compreensíveis. Os níveis de formalidade são atualmente apenas dois (antes eram seis). A redução no número de níveis foi decidida no Congresso de Língua Sudanesa em 1988. No entanto, no dialeto Priangan, que é o mais relevante, ainda existe um terceiro nível, que é usado para demonstrar raiva ou irritação ou então como sinal de uma grande intimidade. Para a formação do plural não se usa a reduplicação, bastante comum nos idiomas malaio-polinésios. Ele é construído mediante a inserção da partícula “ar” no meio da palavra, constituindo-se, portanto, em um infixo. Assim: budak (criança), baradak (crianças). Para se exprimir uma elevada quantidade de crianças, o infixo é repetido: bararudak.
Uma curiosidade da língua sundanesa é a existência de duas expressões para o adjetivo “frio”: tiis, para água e objetos sólidos, tiris, para o ar. Dias da semana: senén, salosa, rebo, kemis, jumoah, saptu, minggu (aproximadamente semelhantes ao javanês). Números de 1 a 10: hiji, dua, tilu, opat, lima, genep, tujuh, dalapan, salapan, sapuluh (lembram, muito de longe, os números em língua indonésia).
Algumas expressões:
Sampurasun (Olá), Rampés (resposta ao “Olá”), Wilujeng énjing (Bom dia), Abdi tipayun nya (Até logo, dito por quem parte), Mangga (Até logo, dito por quem fica), Teu ngartos (Eu não entendo), Abdi bogoh ka anjeun (Eu te amo), Hapunten (Desculpe), Mangga (Por favor), Nuhun (Obrigado). Fonte: Omniglot
Algumas peculiaridades da língua russa (3)
– O esporte “escalada” é representado por скалолазание (scalalazanie), só que скала (skalá) é “rocha” e лазание (lazanie) é que é “subida, escalada”. De forma similar temos um outro pressuposto falso: o país Costa do Marfim é Слоновой Кость Берег (solonovoi kosti bierieg). As duas primeiras palavras significam “marfim” (osso de elefante) e a última é “costa”.
– Parece que os seguintes termos foram criados propositalmente para confundir os falantes de português: велосипеде (velocipiedie) é bicicleta em russo, enquanto o nosso velocípede (veículo de três rodas para uso de crianças) é дрезина (driesina). Vamos a outros exemplos: помада (pomada) é “batom”, батон (baton) é “baguete”, журнал (jornal) é “revista”, газета (gazieta) é “jornal”, стрела (strielá) é “flecha”, сигара (sigara) é “charuto”, компас (compas) é “bússola”, кафе (cafiê) é “cafeteria” e кофе (cófie) é a bebida.
– Duas palavras corriqueiras de sentido duplo: цвет (tsviét) pode ser “cor” ou “flor” e мир representa tanto “mundo” quanto “paz”, que bela associação.
Frase para sobremesa: Quando eu morrer voltarei para buscar os instantes em que não vivi junto do mar (Sophia de Mello Breyner Andresen, 1919-2004).
Até a próxima!