Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
107. Laranja mecânica (A clockwork orange), Anthony Burgess (1917-93)
A obra, ambientada na sociedade inglesa em um futuro distópico, explora primordialmente os aspectos da violência juvenil. Narrada em primeira pessoa pelo personagem principal, Alex, amante de música clássica e líder de uma gangue de ladrões e estupradores, a história propositalmente choca o leitor pela crueza e maldade dos atos expostos. O final do livro acabou tendo duas versões: a primeira onde consta o chamado Capítulo 21, no qual, após longo tempo prisioneiro, Alex reconhece seus erros e decide mudar de vida e a versão imposta pelo editor norte-americano, que exigia um final mais realista, sem a fraqueza do retorno do personagem a uma vida normal. A adaptação cinematográfica, com grande sucesso na crítica, seguiu a versão norte-americana, menos moderada, provocando a insatisfação do autor da obra. O filme, lançado em 1971, foi dirigido por Stanley Kubrick (1928-99) e estrelado pelo excêntrico ator britânico Malcom McDowell (1943-), o qual recusou a comenda de “cavaleiro” (Knight), uma das mais importantes categorias do sistema honorífico britânico.
Em diversas partes do romance, lançado em 1962, é introduzida uma gíria criada artificialmente (Nadsat), composta por palavras derivadas do russo. Assim, por exemplo, os membros da gangue são chamados de “drugues”, em alusão à palavra russa para “amigo”: друг (drug). Muitas edições da obra são acompanhadas de um glossário. Tal característica, associada à temática da violência gratuita, tornam a leitura desse livro um pouco difícil e, por que não dizer, também, por vezes, incômoda.
A explicação sobre a origem do curioso título original, A clockwork orange, nunca foi definitivamente esclarecida pelo autor. Enquanto alguns analistas buscam a explicação na gíria as queer (estranho, bizarro) as a clockwork orange, falada no sotaque cockney do East End de Londres, outros tentam vislumbrar a presença da palavra orang no título (homem em malaio, vide “orangotango” – orang + utan – homem da floresta), posto que o autor viveu por muitos anos na Malásia. Acatamos as duas versões, uma delas será a verdadeira.
Anthony Burgess foi um prolífico escritor, tendo escrito 33 livros, sendo 15 deles publicados em português. Graduou-se em Literatura e Língua Inglesa pela Universidade de Manchester, sua cidade natal. Aos 14 anos de idade, após ouvir no rádio o poema sinfônico Prélude à l’après-midi d’un faune, do compositor francês Claude Debussy (1862-1918), declarou que ele também seria um compositor. A promessa foi cumprida, dado que Burgess criou mais de 250 obras musicais. Durante a Segunda Guerra Mundial ele serviu no exército inglês por seis anos. Em seguida, mudou-se para a Malásia, onde assumiu o cargo de professor, e posteriormente, para o sultanato de Brunei, cumprindo a mesma função. Foi, por dois anos (1970-2) professor visitante na Universidade de Princeton, EUA. Burgess faleceu por câncer no pulmão, estando suas cinzas enterradas em Mônaco, que era o seu país favorito.
A tradução do livro para o português, feita por Fábio Fernandes, foi publicada pela Editora Aleph em sucessivas reimpressões (de 1970 a 2019).
Língua coreana (3)
Assim como no japonês, temos também no coreano o conceito de tópico, o qual, mediante declinações próprias, destaca a parte mais importante da frase, aquela para a qual queremos dar maior ênfase. O plural existe em coreano, mas só é marcado para os substantivos. Desta forma não devemos nos assustar com a construção “esse livros grande”. Como no chinês e japonês, tem-se também no coreano o conceito de marcadores, principalmente após os numerais. Em português essa construção é encontrada em diversas expressões, como “duas garrafas de água”. Mas, por outro lado, nós escrevemos simplesmente “dois livros” ou “três carros”, o que não seria correto em coreano, por falta da inserção de algum marcador específico entre o numeral e o substantivo.
Pronomes pessoais: como na maioria das línguas orientais, existe uma ampla variedade de pronomes pessoais conforme os diversos graus de formalidade. A seguir tem-se uma lista parcial dos pronomes pessoais, em graus crescentes de formalidade: na/jeo, neo/jane/dangsin, geo/geunyeo (equivale a “ele” e “ela”), jeohui/urideul, neohui/janedeul/dangsindeul, geudeul/geunyeodeul. O ditongo eo é pronunciado como “ó”.
Dias da semana: uóriôir, roáiôir, suiôir, maguiôir, kumiôir, toiôir, iriôir.
Numerais: em coreano, à semelhança do japonês, existem duas classes de numerais: a chamada “sino-coreana”, considerada mais formal e erudita, e a “nativa”, usada na conversação diária. Além disso, ocorrem algumas pequenas regras informais, criadas de forma natural pela população: a versão sino-coreana é mais usada para datas, quantias, endereços, telefones e números acima de cem; a versão nativa é utilizada para números até 99 e para a expressão da idade. Números de 1 a 10 (na ordem exposta acima): il/hana, yi/dul, sam/set, as/net, o/daseot, yuk/yeoseot, chil/ilgop, pal/yeodeol, gu/ahop, ship/yeol.
Algumas expressões: 안녕 (annyeong – Olá), 안녕하십니까 (annyeong hashimnikka – Bom dia), 모르겠습니다 (moreugesseumnida – Eu não entendo), 안녕히 계세요 (annyeonghi gyeseyo – Até logo, para quem parte), 안녕히 가세요 (annyeonghi gaseyo – Até logo, para quem fica) 미안합니다! (mianhamnida – Desculpe), 부탁합니다 (butakamnida – Por favor), 사랑해 (sarang hae – Eu te amo), 고마워 (komawo – Obrigado). Fonte: Omniglot
Escritores que faleceram jovens (4)
- Sylvia Plath, 30 anos, romancista norte-americana (27/10/1932-11/02/1963), obra mais conhecida: The bell jar (A redoma de vidro), suicídio.
De 31 a 35 anos:
- Pico della Mirandola, 31 anos, filósofo do Renascimento Italiano (24/02/1463-17/11/1494), principal obra: Discurso sobre a dignidade do homem; provavelmente morto por envenenamento com arsênico.
- Júlio Dinis, 31 anos, romancista português (14/11/1839-12/09/1871), livro mais conhecido: As pupilas do senhor Reitor, tuberculose (que também foi a causa da morte de sua mãe e de todos os seus oito irmãos).
- John Kennedy Toole, 31 anos, escritor norte-americano (17/12/1937-26/03/1969), autor de um único livro: Uma confraria de tolos, ganhador do Prêmio Pullitzer de Ficção em 1981, suicídio.
- Raul Pompeia, 32 anos, escritor impressionista (Angra dos Reis-RJ, 12/04/1863 – Rio de Janeiro, 25/12/1895), obra mais famosa: O Ateneu, suicídio.
Frase para sobremesa: Ler fornece ao espírito materiais para o conhecimento, mas só o pensar faz nosso o que lemos (John Locke, 1632-1704).
Bom descanso!