Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
105. Tom Jones (The history of Tom Jones, a foundling), Henry Fielding (1707-1754)
Esta obra é vista pelos críticos como uma das precursoras do romance moderno na Europa. Nela aparece, pela primeira vez, o “narrador onisciente”, ou seja, aquele que tudo sabe. O livro é composto por 18 capítulos, que perfazem mais de 800 páginas. Na introdução de cada capítulo, o narrador apresenta um resumo da história e de seus principais personagens. No prefácio da obra, o autor comenta que o objetivo do romance é o de “explorar a natureza humana”. E é isso que ele faz com muita competência e humor, abrindo ao leitor uma fascinante galeria de personagens. A trama envolve as peripécias de um jovem bastardo que sai à busca de aventuras pelas estradas da Inglaterra. A palavra foundling, existente no título, indica uma criança abandonada, órfã, enjeitada ou, ainda, um bastardo.
Lançado em 1749, o livro se converteu em um explosivo best-seller, ocorrendo quatro edições apenas no primeiro ano. Para muitos leitores, o nome Tom Jones soa mais como um conhecido cantor britânico, o que também é correto. Só que este foi o pseudônimo adotado pelo artista (1940-) exatamente para homenagear o fascinante personagem literário.
O autor, Henry Fielding, além de escritor, seguiu uma brilhante carreira de advogado, chegando a ser o Magistrado Chefe de Londres e fundador da primeira força policial da cidade. Henry começou seu percurso literário escrevendo peças de teatro que experimentaram grande sucesso. Muitas de suas obras, sempre escritas com bastante humor e ironia, foram publicadas anonimamente. Mas, sem dúvida, Tom Jones foi seu mais precioso legado para a humanidade. Henry casou-se por duas vezes, tendo gerado dez filhos. Morreu ainda jovem (47 anos) em Lisboa, para onde viajara na busca de cura para seus problemas de gota, asma e cirrose. Está enterrado no Cemitério Inglês dessa cidade.
Uma história tão atraente não poderia dispensar uma competente adaptação cinematográfica. O filme “As aventuras de Tom Jones”, lançado em 1963, com a direção do britânico Tony Richardson (1928-91) e atuação do também britânico Albert Finney (1936-2019), foi contemplado com quatro Oscars em 1964, dentre eles o de melhor filme.
A tradução brasileira mais conhecida foi feita pela poetisa Clarice Lispector (Editora Rocco, 2017). Na verdade, se trata de uma adaptação dirigida ao público juvenil, com apenas 320 páginas, para não cansar a rapaziada ou as meninas ocupadas com os compromissos da idade. Outras traduções, desta vez na versão completa, foram a de Octávio Mendes Cajado para a Editora Abril Cultural (1971) e a de Jorge Pádua Conceição (Editora Nova Cultural, 2003).
Língua coreana (1)
O idioma coreano pertence à família das línguas coreânicas, um grupo isolado com um discutível parentesco remoto com línguas altaicas, particularmente o mongol. No entanto, a compreensão atual dos linguistas é de que se trata mesmo de uma família independente. O coreano é falado na Coreia do Sul (cerca de 50 milhões de pessoas) e na Coreia do Norte (aproximadamente 30 milhões) e em algumas partes da China e do Japão, totalizando pouco mais de 80 milhões de usuários. Veremos em um Post seguinte a descrição da língua Jeju, também pertencente à família coreânica.
A formação do povo coreano iniciou-se em torno do ano 100 a.C., quando a tribo Gojoseon, que vivia ao norte da península coreana, desalojou a tribo Jin, habitante do sul da península, forçando-a a se deslocar para o arquipélago japonês. Nos dois séculos subsequentes o território foi sendo fragmentado entre diversos povos, até o ano de 870, quando foi criado o primeiro estado coreano, com o nome de Koryo, o qual dominou toda a península. De 1397 a 1897 houve o reinado do estado Joseon. No início desse período, em 1443, o rei Sejong criou o alfabeto Hangul (de Han: coreano e Gul; letra), inspirado nos alfabetos silábicos indianos. Este mesmo alfabeto tem a denominação de Choshongul na atual Coreia do Norte. O império coreano se estendeu por um curto período (1897-1905), sendo sucedido em 1905 por um protetorado colonial do Japão e, a seguir, anexado a este país até 1945. Com o término da Segunda Guerra Mundial e a correspondente derrota do Japão, a zona ocupada pelos EUA, localizada ao sul da península, se tornou um país independente. De 1950 a 53 ocorreu a Guerra da Coreia – quando cinco milhões de pessoas perderam a vida – levando à formação de dois estados separados: a Coreia do Sul, apoiada pelos EUA, e a Coreia do Norte, aliada dos regimes comunistas da União Soviética e da China. Como não foi firmado nenhum armistício oficial, as duas Coreias permanecem teoricamente ainda em guerra.
A Coreia do Sul é designada em coreano como Hanguk e a vizinha do Norte é Choseon. Observa-se que as denominações de Sul e Norte são uma criação dos ocidentais. Os dois países têm como idioma oficial o coreano, todavia as longas décadas de separação fizeram com que, embora mutuamente compreensíveis, as duas populações apresentem linguagens cada vez mais distantes. Isto vale para a fonética de algumas vogais, para a existência de ordens alfabéticas distintas e, principalmente, para diferenças no vocabulário. Enquanto a parte Sul continua recebendo muitos empréstimos da língua inglesa, no Norte tais influências não existem e, mais ainda, são proibidas de existirem. A separação ocorre também nas moedas, que têm o mesmo nome (won), mas com designações distintas: won sul-coreano e won norte-coreano. Nas últimas décadas o mundo tem visto a união de países irmãos, outrora separados politicamente, como é o caso da Alemanha, do Vietnã e do Iêmen. O que ocorrerá com as duas Coreias? Aguardemos. Vamos ao idioma. (continua)
Escritores que faleceram jovens (2)
- John Keats, 25 anos, poeta inglês (31/10/1795-23/02/1821), romantismo, obra mais conhecida: Endymion, tuberculose.
De 26 a 30 anos:
- Mikhail Lermontov, 26 anos, poeta e romancista russo (15/10/1814-27/07/1841), obra mais conhecida: “Um herói do nosso tempo”, morto em duelo.
- Novalis (Georg Friedrich von Hardenberg), 28 anos, poeta romântico alemão (02/05/1772-25/031801), livro mais famoso: Hinos à noite, tuberculose.
- Percy Shelley, 29 anos, poeta romântico inglês (04/08/1792-08/07/1822), esposo da escritora Mary Shelley (autora de Frankenstein), naufrágio na Itália.
Frase para sobremesa: As verdadeiras tragédias no mundo não são conflitos entre o certo e o errado; são conflitos entre dois direitos (Wilhelm Hegel, 1770-1831).
Bom descanso!