Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
101. Tess dos D’Urbervilles (Tess of the D’Urbervilles), Thomas Hardy (1840-1928)
Não se deixem enganar pelo estranhíssimo título do livro, pois essa é uma das grandes obras-primas da literatura inglesa. A história passa-se na Inglaterra rural durante o período vitoriano. O chefe de uma família de camponeses é informado sobre um possível parentesco com os aristocratas D’Urbervilles. Entusiasmado com a possibilidade de aproximação com um clã tão famoso e respeitado, ele envia a jovem filha Tess para trabalhar na fazenda dos parentes nobres. Pronto, pelo menos o título fica agora esclarecido. A trama do romance mostra a evolução da vida de Tess, sufocada pela presença de dois amores, um deles no seio da família para a qual ela trabalhava. Como, obviamente, apenas um deveria ser o escolhido, Tess mergulha em um pântano de dúvidas e sofrimentos. É aí que entra a maestria de Hardy em dissecar cirurgicamente os personagens por ele criados, expondo em detalhes as características espirituais e físicas de cada um deles. No caso de Tess, a personagem título do romance, é mostrada sua formação moral cada vez firme, em comovente retrato das transformações a que todos nós estamos sujeitos. Um dos aspectos mais destacados na estrutura do romance é o difícil conceito do perdão. O livro foi publicado inicialmente em 1891, de forma seriada em jornais, como era comum na época. No ano seguinte saiu a edição em volume único.
Thomas Hardy é conhecido, tanto pelo pessimismo na apresentação de suas obras, quando pelo talento em explorar os mais angustiantes temas da vida, a exemplo da velhice, do amor e da morte. Como ele era filho de um pedreiro, sua educação formal se encerrou aos 16 anos, já que a família não dispunha de condições financeiras para custear um estudo universitário. Como cenário para quase todos os seus livros, Hardy criou uma região fictícia, denominada de Wessex (em homenagem a um dos sete reinos anglo-saxônicos até o século XI). A cuidadosa descrição do ambiente e das paisagens leva a que muitos leitores pensem se tratar de um local real.
O primeiro sucesso de Hardy veio com o livro Desperate remedies, publicado em 1871. Sua obra mais conhecida é Far from the madding crowd (Longe deste insensato mundo), lançada em 1874. As frequentes críticas recebidas por parte de grupos da sociedade, incomodados com sua descrição das limitações morais de muitas famílias vitorianas, fez com que Hardy, a partir de 1898 não mais escrevesse romances, passando a se dedicar unicamente à poesia. No ano da concessão do primeiro Prêmio Nobel de Literatura (1901), Hardy foi apontado como um dos mais fortes favoritos. Casou-se duas vezes e não teve filhos. Faleceu em decorrência de uma síncope cardíaca aos 87 anos. Suas cinzas estão depositadas em Londres, na Abadia de Westminster. Já o coração foi enterrado no seu condado natal de Dorset.
O livro Tess teve várias adaptações para o teatro e séries de televisão. No cinema, podem ser destacados dois filmes: o mais antigo, de 1913, dirigido por J. Searle Dawley (1877-1949), com a atriz Minnie Fiske (1865-1932) e o mais famoso, dirigido pelo polonês Roman Polanski (1933-) e com a atuação da alemã Nastassja Kinski (1961-).
A primeira tradução brasileira foi a de Neil R. da Silva (Editora Itatiaia, 1961). Destaca-se também a tradução feita por Luana Musmanno para a Editora Pedrazul (2018).
Língua japonesa (3)
Ao contrário da maioria das línguas do Leste asiático, o japonês não é um idioma tonal. O alfabeto possui 15 consoantes e 5 vogais, tanto longas quanto curtas. Não há encontros vocálicos (hiatos) nem encontros consonantais, ou seja, cada sílaba é formada apenas por uma vogal e uma consoante. As declinações verbais são obtidas por posposições e não preposições. Por exemplo, a partícula ga, aposta ao final da palavra indica o sujeito, o é o marcador de objeto direto, ni o de objeto indireto e no de genitivo. A ordem das palavras na frase é S-O-V. O modo interrogativo é obtido pela correspondente entonação da voz ou ainda pela adição da partícula ka. Uma característica particular do idioma japonês é a existência do conceito de tópico, que destaca a palavra mais relevante da frase. Ele é marcado pela partícula wa. Por exemplo, na frase “o homem leu o livro-wa na biblioteca”, a ênfase é dada ao objeto direto livro. Se quisermos, por exemplo, destacar o local, a frase será construída como “o homem leu o livro na biblioteca-wa. Trata-se de recurso muito engenhoso e que pode ser de grande utilidade.
Os pronomes pessoais, de grande complexidade, apresentam muitas variações honoríficas, como é típico para os idiomas da região. Só para o pronome “eu” existem 10 versões, conforme o grau de polidez demandado, o gênero do falante, do interlocutor e a posição social.
Todavia, a gramática da língua japonesa é relativamente simples e regular, não oferecendo muitos problemas para o seu aprendizado. Por outro lado, isto implica em maiores dificuldades para que os falantes nativos de japonês possam estudar outros idiomas.
Dias da semana: getsuyoubi, kayoubi, suiyoubi, mokuyoubi, kin’youbi, doyoubi, nichiyoubi
Numerais de 1 a 10: existem dois tipos de numeração em japonês, o sistema nativo e o sistema sino-tibetano. Com a crescente internacionalização do país, é cada vez maior o predomínio desse último sistema, registrado com algarismos ocidentais (indo-arábicos): ichi, ni, san, shi (yon), go, roku, nana, hachi, kyu, juu. O número 4 é, muitas vezes, expresso como yon, para se evitar a pronúncia de shi, que também significa “morte”. Da mesma forma, esse pobre número quatro costuma ser excluído da numeração de casas, quartos de hotéis, placas de carro e códigos postais. O uso dos numerais em uma frase está sempre associado ao emprego de “classificadores”, como já vimos para outros idiomas. A construção é: numeral + classificador + objeto (este último é invariável).
Algumas expressões: 今日は (konnichiwa – Olá), もしもし (moshi moshi – simpática expressão usada ao se atender o telefone), おはようございます (ohayō gozaimasu – Bom dia), さようなら (sayōnara – Até logo), わかりません (wakarimasen – Não entendo), 好きです (suki desu – Eu te amo), ごめんなさい! (gomen nasai – Desculpe), ください (kudasai – Por favor), ありがとう (arigatō – Obrigado).
Vencedores do Prêmio Camões de Literatura (37)
2024: Adélia Prado (1935-): uma das mais consagradas poetisas brasileiras, é autora de diversos livros marcados pelo lirismo e simplicidade dos poemas, que abordam frequentemente cenas do cotidiano. Natural de Divinópolis – MG, Adélia é filha de um ferroviário. O início de sua produção literária (década de 1970) foi incentivado por Carlos Drummond de Andrade (1902-87), que fez intensos elogios aos rascunhos a ele apresentados.
Frase para sobremesa: Na verdade, não temos saudades, é a saudade que nos tem, que faz de nós o seu objeto. Imersos nela, tornamo-nos outros. Todo o nosso ser ancorado no presente fica, de súbito, ausente (Eduardo Lourenço, 1923-2020).
Bom descanso!