Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
95. Gargântua e Pantagruel (Gargantua et Pantagruel), François Rabelais (1494-1553)
A pentalogia de romances sobre os dois gigantes, Gargantua e seu filho Pantagruel, é um conjunto de sátiras, feitas com muito humor e contendo insultos vulgares, que encantou os leitores franceses do século XVI. Os cinco volumes foram publicados em 1532, 34, 46, 52 e 64, este último como produção póstuma. As diversas edições dividem o texto em um número variável de tomos. Constata-se que a epopeia sobre as aventuras dos dois gigantes foi redigida em um período superior a três décadas. Os dois personagens são bondosos e muito glutões, o que originou os adjetivos de “gargantuano” e, mais frequentemente, “pantagruélico” como sinônimos de pessoas dedicadas acima de tudo aos prazeres da comida e da bebida. A obra, em seu conjunto, foi proibida por alguns anos pela famosa Universidade de Sorbonne, em Paris, por seu conteúdo no estilo grotesco, dando ênfase aos aspectos disformes, ridículos e extravagantes dos personagens. Contudo, a leitura é bastante agradável e divertida. Muitos analistas consideram que, com este livro, Rabelais revolucionou a estética literária. Algumas curiosidades: o primeiro volume foi assinado com o pseudônimo de Alcofribas Nasier, nada mais que um anagrama do nome do autor. Os tamanhos de Gargântua e Pantagruel variam conforme os diversos capítulos do livro, evidenciando que o autor não tinha qualquer preocupação com tais características. Tal fato pode ser constatado nas clássicas ilustrações do francês Gustave Doré, cujo nome foi mencionado no Post anterior em relação às gravuras do livro Paraíso Perdido.
Conhece-se pouco sobre a biografia de Rabelais. Ele foi escritor, padre franciscano, depois beneditino, abandonou o hábito e tornou-se médico. Seu grande destaque na vida foi a redação dos livros de fantasia de Gargântua e Pantagruel. As traduções brasileiras destas obras são encontradas em volumes separados ou condensadas em uma única publicação. Dentre os tradutores, que são poucos, registramos aqui Guilherme Gontijo Flores, lançado por diversas editoras, como a Garnier em 2008 e a Editora 34 em 2021, além de Élide Valarini Oliver (Ateliê Editorial, 2022).
Língua tai (2)
O idioma tailandês tem um alfabeto próprio, derivado da escrita khmer (língua do Camboja). Todas as consoantes são registradas, ao passo que vogais são representadas por sinais diacríticos colocados sobre as consoantes. A escrita é da esquerda para a direita. Não existe espaço entre as palavras (enorme dificuldade para quem aprende a língua), o que acontece apenas no fim e começo das frases.
Na fonética do tai existe o som de nh, o que é uma raridade na maioria das línguas do planeta. As escalas tonais são cinco: média, alta, baixa, ascendente e descendente. A intensidade de um atributo é obtida com a repetição da palavra. Nesse caso, se o tom da primeira palavra é alto, o significado é de “muito”. Se o tom for igual nas duas palavras o significado é de “um tanto”. Por exemplo, khon uan (pessoa gorda) e khon uan uan, que pode representar tanto “pessoa muito gorda” ou “pessoa um tanto gorda”, tudo dependendo da tonalidade. Recomenda-se assim exercer muita cautela na verbalização das frases mais sensíveis.
Como já vimos em outros idiomas orientais, também no tai é necessário o uso de classificadores, utilizados conforme o tipo de substantivo. Na frase nangseu (livro) lem (classificador) lek (pequeno) nan (aquele) temos a tradução de “aquele livro pequeno”. Também com os numerais é obrigatório o uso do classificador. Assim, para se escrever “cinco professores” deve ser usada a estrutura (professor cinco + classificador).
Na língua tai os verbos não são flexionados, isto é, não mudam de acordo com a pessoa, o tempo, número e modo. Os substantivos também não são flexionados e não têm gênero. Não existem artigos e tampouco há distinção entre adjetivos e advérbios. À semelhança do inglês e de outras línguas europeias, e ao contrário do português, existe distinção entre os dois significados do verbo “poder”: no sentido de “receber permissão” (may em inglês) ou de “ter capacidade” (can em inglês). A presença do verbo “ser/estar” é dispensada na maioria das frases. Desta forma a expressão nangseu (livro) yai (grande) tanto pode significar “livro grande” quanto “o livro é grande”.
Vencedores do Prêmio Camões de Literatura (31)
2018: Germano Almeida (1945-)
Foi o segundo escritor caboverdiano a receber o Prêmio Camões. O primeiro contemplado fora Armênio Vieira em 2009. Em 1970 Germano começou seu curso de Direito na Universidade de Lisboa. Regressou a Cabo Verde em 1977, passando a se dedicar à advocacia. Foi eleito deputado e exerceu o cargo de Procurador Geral da República. No âmbito literário ele fundou uma revista (Ponto & Vírgula (1983-7) e a editora Ilhéu. Suas obras são caracterizadas pelo humor e pela sátira, envolvendo ainda os aspectos históricos do desenvolvimento de Cabo Verde. Seu livro O meu poeta (1990) é considerado como o primeiro romance verdadeiramente nacional. Outra obra bastante conhecida é Os dois irmãos (1995), cujo título não deve ser confundido com a obra Dois irmãos (2000) do premiado escritor brasileiro Milton Hatoum (1952-).
Frase para sobremesa: Julgar-se-ia bem mais corretamente um homem por aquilo que ele sonha do que por aquilo que ele pensa (Victor Hugo, 1802-85).
Até a próxima!