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Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

94. Paraíso Perdido (Paradise Lost), John Milton (1608-74)

Este imponente épico inglês do século XVII foi originalmente publicado em dez cantos em 1667. A segunda edição saiu em 1674, contendo doze cantos e com pequenas revisões. O poema foi escrito em versos brancos, que são aqueles que possuem métrica (no presente caso, dodecassílabos), mas que não utilizam rimas. Não devem ser confundidos com os versos livres, os quais não possuem métrica fixa. Quando a obra foi escrita, Milton já tinha quase 60 anos e estava completamente cego. Os versos foram ditados para copistas, também chamados de amanuenses (“quem escreve textos à mão”). Na época Milton sofria de gota, tinha ficado viúvo e amargava a perda da filha ainda criança.

Os temas do grande poema (quase 11.000 versos) envolvem as penas dos anjos caídos após a rebelião no Paraíso, o ardil de Satanás para levarem Adão e Eva a comerem o fruto proibido da Árvore do Conhecimento e a consequente queda do Homem.

John Milton frequentou a Universidade de Cambridge, onde se graduou em Artes em 1629. Durante muitos anos foi um funcionário público, atuando inclusive como Secretário das Línguas Estrangeiras da Inglaterra. Milton escrevia em inglês, latim e italiano, sendo ainda fluente em grego antigo. Seus primeiros poemas foram publicados de forma anônima. Os direitos de publicação de Paraíso Perdido foram vendidos, à época, por cinco libras, o que equivaleria atualmente a cerca de 7.400 libras. Um fato pouco conhecido é que Milton chegou a publicar uma continuação da sua obra magna. Esta sequência, lançada em 1671, tinha o nome bastante lógico de “Paraíso Recuperado” (Paradise Regained).

As traduções mais conhecidas para o português são de dois escritores lusitanos. A versão clássica de Antônio José Lima Leitão (1840) foi publicada por diversas editoras, a mais recente sendo a Martin Claret em 2018. O poeta português Daniel Jonas foi o responsável por uma edição bilingue (Editora 34, 2016). O Clube dos Autores lançou em 2022 outra edição bilingue, sob a responsabilidade de Elvis Rossa da Silva. Merece ainda registro uma Graphic Novel da Editora Darkside, publicada em 2021. Para aqueles mais saudosistas e que já acumularam muitas décadas de vida, cabe destacar, em algumas destas edições, as magníficas ilustrações do francês Gustave Doré (1832-83), cujos desenhos embalaram as leituras de tantos clássicos juvenis. Nostalgia pura.

Língua tai (1)

A língua tailandesa ou tai pertence atualmente à família linguística Kra-Dai, composta por 95 idiomas falados no sul da China e no Sudeste Asiático. O nome da família vem da designação dos dois ramos linguísticos principais, correspondentes às respectivas etnias. Existem ainda especialistas que preferem classificar o idioma tai como pertencente à família sino-tibetana, mas tal proposta parece apresentar pouco respaldo científico. Nos nossos Posts abordaremos apenas as duas línguas majoritárias da família Kra-Dai, quais sejam, o tai (idioma oficial da Tailândia) e o laosiano (idioma oficial do Laos). Ambas são línguas analíticas, isto é, onde não existe a aglutinação de morfemas (unidades linguísticas), e tendo uma fonética fortemente tonal.

O tailandês, antigamente chamado de siamês, é falado por cerca de 60 milhões de pessoas na Tailândia e em países vizinhos. É considerado como um idioma de difícil aprendizado pelo estrangeiro, principalmente devido aos acentos tonais e à sua complexa fonética. Existem outras línguas da família Kra-Dai que são faladas na Tailândia, como o isan (22 milhões de usuários), o tailandês setentrional (6 milhões) e o tailandês meridional (5 milhões). Além disso ocorrem minorias étnicas na Tailândia que falam um conjunto de idiomas pertencentes à família miao-yao, de caráter extremamente tonal.

Lembremos que a Tailândia é um dos poucos países do mundo que nunca foram colonizados. No século XI a etnia tai foi expulsa do Sudoeste da China, se instalando aproximadamente onde fica a atual Tailândia. Em 1350 ocorreu a unificação de várias tribos, formando-se então o reino de Sião, que perdurou até 1767, tendo como capital a cidade imperial de Ayutthaya. Em 1932 um golpe de Estado terminou com a monarquia, estabelecendo-se um regime constitucional. O antigo nome de Sião foi alterado para Tailândia em 1939. 

Como ocorre também em outros países do Sudeste Asiático, verifica-se a presença de diversos socialetos na língua tai, ou seja, variantes linguísticas faladas por determinados grupos sociais, como a coloquial, elegante, retórica (para discursos), religiosa e real (quando se faz referência à família real). A propósito, existe um tratamento especial no uso de pronomes para o caso de professores, juízes, monges e médicos. Enxergamos aí alguma discriminação? O uso dos pronomes pessoais em tai é muito complexo, pois depende da idade, gênero, posição social de quem fala e de quem ouve, relação de parentesco e outros diversos fatores. Só para o pronome “eu” existem mais de dez formas. As mais usadas são phom para homens e chan para mulheres. De fato, é bastante inusitada a diferenciação de sexo para uma palavrinha tão singela. 

Vencedores do Prêmio Camões de Literatura (30)

2017: Manuel Alegre (1936-)

Portador deste simpático sobrenome, Manuel Alegre, descendente de linhagem nobre portuguesa, se destacou como escritor e político. Em 1956 entrou para a Faculdade de Direito de Coimbra, onde foi também ator de teatro da Universidade, tendo cumprido diversas apresentações internacionais. Em 1957 torna-se militante do Partido Comunista Português. No ano de 1960 começa a publicar seus primeiros poemas. Após prestar serviço militar em Açores, é enviado para Angola, onde é preso pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). Em 1964 ele parte para um longo exílio (dez anos) na Argélia, só retornando a Portugal após a Revolução de 1974, quando ingressou no Partido Socialista. No período de exílio torna-se um ativista contra o regime salazarista, publicando diversos manifestos e poemas. Cabe lembrar que o ditador Antônio de Oliveira Salazar (1889-1970) foi presidente de Portugal apenas por quatro meses, em 1951. Sua ascendência política era devida à presidência do Conselho de Ministros de 1932 a 68, quando se tornou a pessoa mais poderosa do país.

Alegre foi eleito deputado por 34 anos, tendo sido ainda candidato à presidência da república nos pleitos de 2006 e 2011. Na sua carreira literária ele escreveu 24 livros de poesia e sete de ficção. Em 1998 recebeu o Prêmio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores.         

Frase para sobremesa: A recordação da felicidade já não é felicidade; a recordação da dor ainda é dor (Lord Byron, 1788-1824).

Bom descanso!

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