Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
92. Filho nativo (Native son), Richard Wright (1908-60)
Embora tenha publicado 12 romances, “Filho nativo” é a única obra de Wright que se tornou uma referência em qualidade literária. Ela narra episódios da vida de um jovem negro, de vinte anos de idade, que vive com sua família (irmão, irmã e mãe) em um bairro pobre de Chicago na década de 1930. Lançado em 1945, este livro de protesto, escrito por um afro-americano, aborda temas que ainda eram muito sensíveis na época em que se passa a história. O sucesso do romance foi imediato, talvez pela ousadia em discutir temas de conflito racial, discriminação, injustiças e tantas outras questões antes não apresentadas na literatura norte-americana. É interessante destacar que o texto integral da obra só foi publicado em 1991, já que, nas edições anteriores, houve a remoção de diversas páginas, principalmente aquelas que descreviam cenas de sexo.
Richard Wright foi um conhecido jornalista, membro do Partido Comunista e ativista político. Seu primeiro livro, Cesspool, foi rejeitado por oito editoras e só publicado postumamente (1963). Wright, após viajar frequentemente para a Europa, por motivos profissionais, mudou-se em definitivo para Paris em 1946. Lá fez amizade com autores famosos, como Camus, Sartre e Simone de Beauvoir. Tornou-se cidadão francês em 1947. Wright faleceu em Paris ainda jovem, aos 52 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.
A primeira adaptação cinematográfica do livro foi feita em 1951, com direção do belga Pierre Chenal (1904-90) e tendo como ator principal Richard Wright, o próprio autor do livro. Aos 42 anos de idade ele representou o papel de um jovem de 20 anos. Em 2019 foi lançada a segunda adaptação do livro para o cinema, sob direção de Rashid Johnson (1977-) e com Ashton Sanders (1995-) no papel-título. Merece menção o fato de o conhecido cineasta Orson Welles (1915-85) ter dirigido uma adaptação do livro para o teatro. A primeira tradução brasileira coube ao escritor Monteiro Lobato (Editora Companhia Nacional, 1944), seguida da versão feita por Jusmar Gomes (Editora Best-Seller, 1987) e da contribuição de Aurora Maria Soares Neiva (tese de doutorado,1995).
Língua buriata
Esta é a língua oficial da República russa da Buriácia, localizada na Sibéria e fazendo fronteira com a Mongólia. Sua capital, Ulan-Ude, fica 100 km a sudeste do lago Baical, o mais profundo mundo (1.741 m). É lá também onde se encontra uma enorme estátua da cabeça de Lenin, a maior do mundo. Estima-se que 350.000 pessoas falem a língua na Rússia e outras 100.000 na Mongólia e China.
Do século XVII ao XIX era ainda utilizado o Buriata Antigo. Em 1905 foi criado o alfabeto Vagindra, de escrita vertical, semelhante ao mongol. No entanto, em 1929 foi elaborado um novo alfabeto latino, adaptado ao idioma. Essa versão foi aprovada em 1931, mas teve vida curta, sendo substituída em 1939 por um alfabeto cirílico ajustado à fonética da língua buriata. As três letras adicionais são: γ (, som de “u”, com grafia um pouquinho diferente daquela do у russo), θ (som de “ô”) e Һ (mais gordinho, inexistente no russo, a qual tem o som do “h” inglês).
Alguns linguistas consideram o buriata como um dialeto do mongol, tamanha a semelhança fonética e gramatical. A questão é que, por si só, o buriata possui 15 dialetos, ou seja, chegamos à quase insanidade de termos “dialetos de um dialeto”. É o que eu sempre comento, se não fossem esses malabarismos, os idiomas perderiam a graça. Conforme apontamos, as características gramaticais da língua buriata se aproximam muito daquelas do idioma mongol. Uma peculiaridade do buriata é o uso mais frequente de posposições (ao invés de preposições). É como se, em português, escrevêssemos: Eu moro Brasil no. Certamente existe algum charme nessa construção.
Dias da semana: Dabaa, Mjagmar, Hagba, Pürbä, Baasan, Bjamba, Njama.
Números de 1 a 10: нэгэн (nègèn), хоёр (xoër), гурбан (gurban), дүрбэн (dùrbèn), табан (taban), зургаан (zurgaan), долоон (doloon), найман (najman), юһэн (juhèn), арбан (arban). Os numerais são muito semelhantes aos do mongol.
Algumas expressões: һаiн (Hayn – Olá), Үглөөнэй мэндэ (Ugloonei mende – Bom dia), Баяртай (Bajartai – Até logo), Хүлисэ (Hulise – Desculpe), Би ойлгоногүйб (Bi oilgonoguib – Eu não entendo), Баярлаа (Bayarlaa – Obrigado). Fonte: Folkways
Vencedores do Prêmio Camões de Literatura (28)
2015: Hélia Correia (1949-)
Escritora e tradutora portuguesa, Hélia Correia estudou na Faculdade de Letras de Lisboa, especializando-se em Filologia Românica. Na vida profissional, foi principalmente professora de Língua Portuguesa no ensino secundário. Começou a publicar poemas em 1968 em jornais e revistas. Em 1981 publicou seu primeiro livro de poesias, O Separar das Águas. Dentre as várias novelas escritas destaca-se Montedemo, transformada em peça de teatro de grande sucesso. Um dos temas favoritos de Hélia são os aspectos da ascensão social no meio rural. Mesmo quando escreve em prosa, ela incorpora uma forte carga poética às suas obras. Além do Prêmio Camões, Hélia recebeu o prêmio literário Vergílio Ferreira em 2013, o Grande Prêmio de Romance e Novela da APE (Associação Portuguesa de Escritores) em 2018 e o laurel do PEN Clube Português em 2021.
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Frase para sobremesa: Não existe vaidade inteligente (Louis-Ferdinand Céline, 1894-1961).
Bom descanso!