Post-195

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

91. A menina e o porquinho (Charlotte’s web), E. B. White (1899-1985)

Não deixa de ser curioso encontramos aqui um livro infantil alçado à galeria das melhores obras literárias. Nos EUA o livro, lançado em 1952, é considerado como um dos maiores clássicos da literatura infantil. Contudo, em outros países esta obra é relativamente pouco conhecida. O que ajudou bastante na sua disseminação popular foram os filmes e séries de TV adaptados do livro. Dentre as películas existe uma mais antiga (1973), dirigida por Charles Nichols (1910-92) e contando com a voz da conhecida atriz Debbie Reynolds (1932-2016) e a mais recente (2006), sob a direção de Gary Winick (1961-2011) e tendo Dakota Fanning (1994-) como atriz de carne e osso, além de um elenco de estrelas que emprestaram suas vozes para a representação dos animais. Outro livro do mesmo autor é Stuart Little (1945), um simpático ratinho que aparece em dois filmes (o original e sua continuação).

A história de “A menina e o porquinho” (em Portugal “A teia da Carlota”) é de uma cativante simplicidade. Ela relata a amizade entre um porco, de nome Wilbur, e uma aranha, que é a Charlotte. Para evitar que Wilbur passe a fazer parte da ceia de Natal da família, a aranha tece na sua teia simpáticas palavras de apoio e elogios ao porquinho.

Elwin Brooks White, que se graduou em sete faculdades norte-americanas, trabalhou grande parte da vida como repórter da revista The New Yorker. Ele escreveu 19 livros, não muito conhecidos, e três obras infantis, essas sim que eternizaram seu nome. Em 1978 ele recebeu um Prêmio Pullitzer especial pelo conjunto de sua produção literária. As traduções brasileiras foram de Sérgio Augusto Teixeira (1992, Ediouro) e de Jim Anotsu (2023, Harperkids).

Língua calmuca

É o idioma oficial na República da Calmúquia (Rússia), localizada no Cáucaso do Norte. É impressionante como uma etnia relacionada ao povo mongol chegou a local tão distante de sua origem. Acredita-se que essa migração tenha se iniciado no século XVII, quando os calmucos se deslocaram em direção à Europa em busca de pastagens e, também, na fuga de inimigos opressores. Mais modernamente, na Revolução Russa de 1917, os calmucos se uniram ao Exército Branco, que saiu derrotado pelo Exército Vermelho (bolcheviques). Como consequência, grande parte da população calmuca buscou refúgio em países vizinhos, principalmente a Sérvia. Outros emigraram para terras mais distantes, como os EUA. Em 1943 ocorreu a deportação de toda a população calmuca (centenas de milhares de pessoas) para a Ásia Central e a Sibéria, em uma das maiores movimentações forçadas na história do planeta. A acusação era de que os calmucos haviam colaborado com os alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Somente em 1958 o governo soviético autorizou o retorno dos calmucos, que encontraram uma região ocupada por diversas outras etnias. Nesse processo, durante o qual ocorreu a formação da República Autônoma da Calmúquia, o idioma calmuco praticamente desapareceu. Esta república é a única região da Europa onde a religião budista é majoritária. A capital, Elista, se tornou um conhecido centro mundial de estudo do xadrez. Regressemos ao idioma.

O idioma calmuco é conhecido na China e Mongólia como oirat. Estima-se que um total de 600.000 pessoas sejam capazes de se expressar em calmuco. A maior diferença nas duas variantes do idioma está na construção do vocabulário, com grande influência do russo no dialeto calmuco. A propósito, todos as pessoas calmucas são, no mínimo, bilingues (calmuco e russo) desde a mais suave infância. No século XVII um monge budista criou o alfabeto Todo Bitchig (“escrita clara”), que foi utilizado até 1924, sendo então substituído pelo cirílico. Em 1930 foi introduzido o alfabeto latino, este também descartado em 1938, quando se passou a usar um alfabeto cirílico modificado, portanto distinto do anterior. No entanto, na região chinesa de Xinjiang, a oeste do país, a língua calmuca é escrita no alfabeto mongol tradicional, apresentado no Post anterior. O idioma calmuco guarda as mesmas características gramaticais do mongol. Merece menção apenas a existência de um caso gramatical a mais, que é o alativo (indica direção).    

Dias da semana: Sarn, Migmr, Ülmj, Pürvä, Basn, Bembä, Narn.

Números de 1 a 10: негн (nyegn), хойр (hoyr), һурвн (ḥurvn), дөрвн (dörvn), тавн (tavn), зурһан (zurḥan), долан (dolan), нәәмн (näämn), йисн (yisn), арвн (arvn).

Algumas expressões: Мендвт (Mendvt – Olá), Сән хонвт! (Sän xonvt – Bom dia), Байртаhар харhтл (Bayrtahar Xarhtl – Até logo), Би медҗәхшв (Bi medjädxšv – Eu não entendo), Би гемән сурҗанав (Bi gemän surjanav – Desculpe), Буйн болтха (Buyn boltxa – Por favor), Би чамд дуртав (Bi čamd durtav – Eu te amo), Ханҗанав (Xanjanav – Obrigado) Fonte: Omniglot

Vencedores do Prêmio Camões de Literatura (27)

2014: Alberto da Costa e Silva (1931-2023)

Poeta, ensaísta, memorialista, historiador e diplomata, Alberto foi membro da ABL (Academia Brasileira de Letras), eleito em 2000, e seu presidente de 2002 a 2003. Formado pelo Instituto Rio Branco em 1957, ele atuou como diplomata em diversos países, inclusive ao nível de embaixador na Nigéria, Benim, Portugal, Colômbia e Paraguai. Como experiente africanólogo, escreveu vários ensaios sobre questões africanas e as relações entre o Brasil e este continente. Na qualidade de memorialista publicou duas conhecidas obras: Espelho do Príncipe (1994), em que relata sua infância em Fortaleza e a mudança para o Rio de Janeiro e Invenção do Desenho (2007), onde é abordada a adolescência até o início da vida adulta. Alberto escreveu dez livros de poesias, com destaque para a obra Livro de Linhagem, publicada em Lisboa em 1966. Ele foi escolhido pela UBE (União Brasileira de Escritores) como vencedor do conhecido Prêmio Juca Pato em 2004.

Frase para sobremesa: Vagos desejos insinuam esperanças (Conceição Evaristo, 1946-).

Até a próxima!

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