Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
79. Orlando: uma biografia (Orlando: a biography), Virginia Woolf (1882-1941)
Este é considerado o romance mais popular de Virginia Woolf. Ele é parcialmente baseado na vida de uma de suas amantes, a poetisa inglesa Vita Sackville-West (1892-1962). A obra, lançada em 1928, relata a biografia de um jovem inglês no século XVI, o qual, durante uma viagem à Turquia, acorda como mulher. O livro acompanha Orlando pelos seus 350 anos de vida. Em um claro desafio ao realismo literário, Woolf marca sua presença no modernismo inglês por meio de um romance que aborda as características da sexualidade humana e destaca a continuidade do indivíduo ao longo do tempo, resistindo à sua força destrutiva.
Informações sobre a movimentada vida da escritora Virginia Woolf podem ser encontradas no Post 128, onde é comentada sua obra Ao farol. O romance Orlando teve diversas adaptações para o teatro. No cinema, foi levado às telas no filme “Orlando, a mulher imortal” (Orlando), de 1992, dirigido por Sally Potter (1949-) e estrelado por Tilda Swinton (1960-).
O leitor brasileiro encontra à sua disposição pelo menos três traduções de ótima qualidade. A mais antiga foi feita pela poetisa Cecília Meireles (1901-64), publicada pela Editora Globo em 1948. Segue-se a tradução de Jorio Dauster, de 2014, para a Penguin/Companhia das Letras. A mais recente é a da escritora Luci Collin (2022) pela Editora Darkside.
Língua birmanesa (1)
A língua birmanesa é o idioma oficial em Mianmar, país localizado no Sudeste Asiático. Os registros históricos mostram que, no século XI, ocorreu a fundação do reino de Bagan (ou Pagan) na área central da atual região de Mianmar. Este reino foi destruído pelos mongóis em 1283, época também da chegada do mercador veneziano Marco Polo (1254-1324), que estava a serviço do líder mongol Kublai-Khan (1215-94), neto do famoso Gengis Khan (1162-1227). O império mongol foi o maior do mundo em terras contíguas e o segundo maior em área total, superado apenas pelo Império Britânico. Marco Polo foi o primeiro ocidental a adentrar as terras da atual Mianmar. Após diversas guerras com a Coroa Britânica no século XIX, o território foi anexado pelo vice-reinado britânico da Índia Colônia. Na época a região era conhecida internacionalmente como “Birmânia”, a qual se tornou independente em 1948. Em 1998 o governo revolucionário determinou a alteração do nome do país para “Mianmar”, palavra que significa primeiros habitantes do mundo, como era a curiosa crença da população. Tal mudança de nome foi acatada pela ONU e pela União Europeia. Por outro lado, diversos países de língua inglesa (EUA, Reino Unido, Austrália, Canadá, Irlanda) mantiveram o topônimo de Burma, que é a versão inglesa da palavra Birmânia. Para simplificar algo que está fugindo das raias do bom senso esclarecemos: ambos os termos (Mianmar e Burma) constituemuma mesma palavra, só que o primeiro (Mijanmá) é usado na linguagem formal, enquanto o segundo (Bam-má) é o termo na expressão informal. Também o nome da antiga capital (Rangum) foi ajustado à nova versão de Yangon. Em 2006 a capital do país foi transferida para Nay Pyi Taw. Vamos ao idioma.
Conforme destacamos há poucas linhas, o idioma birmanês possui duas versões, a formal (publicações oficiais, rádio, televisão, jornais, livros) e a informal (linguajar do dia a dia), o que ocorre com diversas línguas asiáticas já apresentadas em nossos Posts. Só que, no caso do birmanês, as diferenças entre as duas versões são tão acentuadas, que alguns linguistas as consideram como idiomas distintos. Por exemplo, a palavra “idioma” é ca (pronúncia sá) na língua escrita e caka (saká) na língua oral. Portanto, todo birmanês já nasce bilingue. Como vimos, tal característica tem o nome de diglossia. A língua birmanesa pertence à família sino-tibetana a ao ramo tibeto-birmanês. Ela é falada por cerca de 32 milhões de pessoas como primeiro idioma e por 10 milhões como segundo idioma. É uma língua tonal, analítica, sem gêneros, com ordem S-O-V das palavras e, vejam que maravilha, os verbos não são conjugados, o que facilita sobremaneira o aprendizado pelos estrangeiros.
Vencedores do Prêmio Camões de Literatura (15)
2002: Maria Velho da Costa (1938-2020)
Foi uma destacada escritora portuguesa, autora de 19 livros e contemplada com diversos prêmios e condecorações. Maria Velho era licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa. De 1980 a 87 atuou como professora do Departamento de Português e Brasileiro do King’s College da Universidade de Londres. Foi eleita presidente da Associação Portuguesa de Escritores e designada como Adida Cultural em Cabo Verde (1988-90). Como atividade paralela participou, desde 1975, da elaboração de roteiros cinematográficos. Seu primeiro sucesso literário foi o romance Maina Mendes, lançado em 1969. Alguns anos depois publicou uma obra polêmica (Novas Cartas Portuguesas, 1972), na qual manifesta oposição aos valores femininos tradicionais.
Frase para sobremesa: Sei que o meu nome será mais feliz do que eu (Nicolai Gogol, 1809-52).
Até a próxima!