Post-182

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

78. A fazenda dos animais/A revolução dos bichos (Animal Farm), George Orwell (1903-50)

Junto com “1984” (v. Post 132), “A fazenda dos animais” é das obras mais conhecidas do escritor britânico George Orwell. O livro narra uma história de corrupção e traição, recorrendo a figuras de animais para representar as fraquezas humanas e, desta maneira alegórica, condenar o “paraíso comunista” da era Stalin na União Soviética. A revolta dos animais contra os humanos é liderada por dois porcos (Bola de Neve e Napoleão), os quais acabam estabelecendo uma ditadura tão corrupta quanto a dos humanos. Trata-se de uma fábula sobre o poder e, em especial, uma forte sátira contra a União Soviética. Como já vimos em tantas outras situações, o livro foi inicialmente rejeitado por várias editoras. A única adaptação para o cinema foi dirigida pelo cineasta britânico John Stephenson (1958-), com um elenco de conhecidos atores emprestando suas vozes para as estrepolias dos animais. Para mais detalhes sobre a vida de George Orwell sugiro a releitura do Post 132.

A questão do título do livro merece um comentário à parte. O Brasil foi, provavelmente, o único país que inseriu na tradução do título o termo Revolução. Acredita-se que possa ter havido alguma influência da época política brasileira, no início do governo militar, para incentivar a inclusão no título do romance de uma “revolução”, na verdade malograda. A primeira tradução brasileira e, por muitos anos, a única, esteve a cargo de Heitor Aquino Ferreira, ele próprio um capitão do exército. Em Portugal existem dois títulos: O triunfo dos porcos e A quinta dos animais. Em 2020 o grupo Penguin/Companhia das Letras lançou uma nova tradução, feita pelo conhecido escritor Paulo Henriques Britto, desta feita com o título mais fiel de “A fazenda dos animais”.    

Língua butanesa (dzonga)

É a língua oficial no Reino do Butão, falada por cerca de 700 mil pessoas. O Butão é um país encravado nas montanhas do Himalaia, onde ficou muitos séculos em total isolamento. O nome deriva do sânscrito Bhu’nthan, que significa “terras montanhosas”. Em épocas passadas a região onde se localiza o país era ocupada por diversos grupos pouco amistosos entre si. No século XVII o Butão foi unificado com o nome local de Druk (dragão). Em 1907 tornou-se uma monarquia hereditária, sob proteção do Império Britânico, vindo a adquirir a independência em 1949. O país era fechado aos estrangeiros até 1974, sendo que a televisão só chegou em 1999. Provavelmente é o país do mundo com menor número de embaixadas no exterior, uma na Europa (Bélgica) e quatro na Ásia. Em 2004 o Butão foi o primeiro país do mundo a banir o consumo público e a venda de cigarros. Uma iniciativa que foi bastante destacada pela mídia se refere à sugestão, aprovada pela ONU, de incluir o “Nível de Felicidade” na determinação do Indice de Desenvolvimento de um país.

O dzonga, assim como o tibetano,é um idioma do ramo tibeto-birmanês da família sino-tibetana. Há uma forte proximidade histórica e gramatical entre as duas línguas, embora ambas não sejam mutuamente inteligíveis. O alfabeto é uma variação butanesa da escrita tibetana. A transliteração (ou romanização) é feita atualmente pelo sistema Roman Dzongkha, adotado em 1991. Distintamente do tibetano, o dzonga é uma língua tonal (tons altos e baixos).

Números de 1 a 10: ༡ (chi), ༢ (nyi), ༣ (sum), ༤ (zhi), ༥ (nga), ༦ (dru), ༧ (duen), ༨ (gay), ༩ (gu), ༡༠ (chu tham). A representação gráfica dos numerais é a mesma do tibetano (Post anterior) e a nomenclatura é muito semelhante.

Dias da semana: Migmar, Lhagpa, Phurba, Pasang, Penpa, Nima, Dawa.

Algumas expressões: ང་གིས་ ཧ་མི་གོ་བས (Nga gi ha migo wai – Eu não entendo),
སྐུ་གཟུགས་བཟང་པོ། (Kuzu zangpo – Olá), ངྲོ་པདེ་ལེགས། (Dobro delek – Bom dia), ལོག་ཤུལ་ལས་འབྱལ་གེ (Lok shu ley jel gey – Até logo), ཙིགཔ་མ་ཟ (Tsip maza – Desculpe), ང་ལུ་གནང་ (Nga lu nang – Por favor), བཀའ་དྲིན་ཆེ (Kadrin chhe – Obrigado). Também aqui as sílabas são separadas por pontos. Fonte: Omniglot

Vencedores do Prêmio Camões de Literatura (14)

2001: Eugênio de Andrade (1923-2005)

O conhecido poeta português Eugênio de Andrade tinha o nome de batismo de José Fontinhas. Pergunto-me qual a necessidade de ele abandonar o simpático nome original. Natural da cidade de Fundão, mudou-se para Lisboa aos dez anos de idade. Em 1936, com apenas 13 anos, começou a escrever os primeiros poemas. Em 1943 transferiu-se para Coimbra, onde conviveu com o escritor Miguel Torga, o primeiro autor a ser agraciado com o Prêmio Camões (1989). No entanto, o grande sucesso só veio em 1948 (“As mãos e os frutos”). No ano anterior ele havia ingressado no serviço público como Inspetor Administrativo do Ministério da Saúde, onde trabalhou durante 35 anos. Apesar do seu grande prestígio nacional e internacional, Eugênio mantinha um afastamento da vida social. Escreveu 30 livros de poemas e quatro obras em prosa. Foi ainda tradutor de diversas obras do espanhol, francês e grego.

Frase para sobremesa: Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto. Porque a vida toda é um doer (Raquel de Queiroz, 1910-2003).

Bom descanso!

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