Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
77. O bom soldado (The good Soldier), Ford Madox Ford (1873-1939)
O livro de Ford, lançado em 1915, narra a vida de dois casais (britânicos e americanos) que saem juntos para uma longa viagem. A história, passada logo antes do início da Primeira Guerra Mundial, descreve a gradual dissolução de ambos os casamentos. O título original da obra era The saddest story, mas foi alterado a pedido dos editores que buscavam um nome mais adequado comercialmente em um cenário de início de guerra. A trama é narrada com a presença de flashbacks, que já são uma ferramenta complexa para o leitor, mas aqui eles estão fora da ordem cronológica, o que só complica a situação. Esta é uma das características do movimento impressionista na literatura, onde predomina a transmissão de impressões pessoais do autor. Ademais, a história é contada por apenas um dos envolvidos, o que, em literatura, é conhecido como narrador não confiável. A frase de abertura do texto é bastante conhecida pelo impacto e pela simplicidade: “Esta é a história mais triste que já ouvi”. O livro teve diversas adaptações para séries de televisão e para o rádio, mas não para o cinema, possivelmente devido à dificuldade da inserção dos flashbacks em cerca de duas horas de filme. Dentre as traduções brasileiras podem ser mencionadas a de Duda Machado (1997) para a Editora 34 e a de José Rubens Siqueira (2009) para a Editora Alfaguara.
O romancista, poeta e jornalista inglês Joseph Leopold Ford Hermann Madox Hueffer tinha um pai alemão. Após a morte deste ele foi viver com os avós em Londres. Embora tivesse condições financeiras e intelectuais, ele nunca cursou uma universidade. Quando começou a escrever adotou o pseudônimo de Ford Madox Hueffer (apenas uma simplificação do nome original), mas, a partir de 1919 alterou-o para Ford Madox Ford, eliminando assim o sobrenome alemão nos anos de pós-guerra. Casou-se pela primeira vez em 1894, separou-se em 1909 e prosseguiu a vida com vários outros matrimônios. Em 1908 fundou a editora The English Review, uma das mais prolíficas da Inglaterra. Viveu algum tempo em Paris, onde conheceu o grupo artístico do Quartier Latin (Hemingway, Joyce, Gertrude Stein, Ezra Pound). Sua editora publicou livros de todos esses autores. Alistou-se no exército britânico em 1915, com a avançada idade de 41 anos, tendo participado de combates na França. Seus últimos anos de vida foram passados nos EUA, onde atuava como professor no estado de Michigan. Adoeceu e morreu quando estava viajando pela França, tendo sido enterrado na cidade de Deauville.
Língua tibetana (2)
O alfabeto tibetano é silábico, ou seja, cada consoante (30 no total) tem sua vogal inerente. Existem diversas propostas de transliteração para caracteres latinos, sendo o sistema Wylie (1959) o mais utilizado.
O idioma tibetano possui três tipos de linguajar: vernacular (a fala normal), polido e honorífico (religioso). Quando é usado o tratamento honorífico as palavras mudam completamente. Por exemplo, “olho” (mig no vernacular e sayan no honorífico), “pai” (pha e yab), “filho” (bu e sras).
Determinados sinais de pontuação têm sua representação própria em tibetano: ༄༅། ། (início de um texto), ། (final de um parágrafo), ༺ (parêntese esquerdo), ༻ (parêntese direito), ༸ (precede qualquer citação ou referência ao Dalai Lama).
Dias da semana: Za dawa, Za mukmer, Za lakpa, Za purpou, Za passang, Za penba, Za nyima.
Números de 1 a 10: ༡ (chig), ༢ (nyi), ༣ (sum), ༤ (zhi), ༥ (nga), ༦ (drug), ༧ (dün), ༨ (gye), ༩ (gu), ༡༠ (chu).
Algumas expressões: བཀྲ་ཤིས་བདེ་ལེགས། (tashi delek – olá), སྔ་དྲོ་བདེ་ལེགས། (nga-to delek – bom dia), ག་ལེར་ཕེབས་། (kha-leh phe – até logo, dito pela pessoa que parte), ག་ལེར་བཞུགས་། (kha-leh shu – até logo, dito pela pessoa que fica), ང་ཁྱེད་རང་ལ་དགའ་པོ་ཡོད་ (nga kayrâng-la gawpo yö – eu te amo), ཀོང་དགས་། (gong-da – desculpe), སྐུ་མཁྱེན (ku-chi – por favor), ཐུགས་རྗེ་ཆེ་། (tujay-chay – obrigado), ཧ་གོ་མ་སོང་། (ha ko-masong – eu não entendo). Se vocês observarem com bons óculos e muita paciência verificarão que as sílabas são sempre separadas por um ponto.
Vencedores do Prêmio Camões de Literatura (13)
2000: Autran Dourado (1926-2012)
Nascido em Minas Gerais (Patos de Minas), mudou-se para o Rio de Janeiro em 1954, onde viveu até sua morte, aos 86 anos. Além de escritor e jornalista, era também advogado, formado em Belo Horizonte em 1949. Foi Secretário de Imprensa da República (1958-61) no governo do presidente Juscelino Kubitschek. A maior parte de suas narrativas se passa na cidade imaginária de Duas Pontes, abrangendo as várias gerações da família fictícia de Honório Cota. Dos 17 romances escritos por Autran, merecem destaque “A Barca dos Homens”, escolhido pela UBE (União Brasileira de Escritores) como o melhor livro de 1961 e “Ópera dos Mortos” (1967), listado na Coleção de Obras Representativas da UNESCO (projeto de tradução de grandes obras literárias para línguas mais internacionais, como o inglês e o francês). Autran Dourado foi contemplado ainda com os Prêmios Jabuti (1982) e Machado de Assis (2008), este último organizado pela Academia Brasileira de Letras.
Frase para sobremesa: Pessoas sem culpa são sempre as mais exasperantes (George Elliot, 1819-80).
Até a próxima!