Post-178

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

74.  A época da inocência (The Age of Innocence), Edith Wharton (1862-1937)

O livro tem também um outro título em português (A Era da Inocência), isto para o Brasil, porque em Portugal preferiram traduzi-lo como A Idade da Inocência. No fundo é tudo a mesma coisa. A obra mais famosa de Edith Warton narra a vida na alta sociedade de Nova Iorque, os valores que guiavam suas tradições, a postura hipócrita da nobreza e os conflitos deste estilo de vida com os desejos individuais. A chegada a Nova Iorque de uma condessa que morava na Europa provoca, como esperado, uma séria de reações por parte da elite novaiorquina.

Edith Warton, née (nascida) Edith Newbold Jones, era filha de uma abastada família que havia feito fortuna no ramo imobiliário. Existe inclusive uma expressão no inglês norte-americano que é keeping up with the Joneses, a qual significa a necessidade que muitas famílias sentem de manterem uma aparência endinheirada e de copiar o estilo de vida de amigos e vizinhos. Pois bem, esses Joneses foram derivados exatamente da família de Edith. Na infância, ela fez frequentes viagens com a família para a Europa. Em casa, tinha tutores que lhe ensinavam os idiomas em que se tornou fluente, como o francês, o italiano e o alemão. Curiosamente, a mãe a proibira de ler livros até que se casasse e, muito menos, de escrever. Tais atividades mundanas não combinariam com o estilo de vida da aristocracia norte-americana. Mesmo assim, ela, com dezoito anos de idade, publicou anonimamente uma coletânea de poemas. Casou-se, em 1881, com Edward Warton, de quem ela adotou o sobrenome. Os fiéis leitores desse Blog literário já leram, por diversas vezes, as mudanças de nomes com as quais as mulheres homenageiam seus maridos.

Edith Warton foi a primeira mulher a ganhar o renomado Prêmio Pulitzer de Ficção. Isto ocorreu em 1921, um ano após a publicação de The Age of Innocence. Em sua carreira literária Edith escreveu 22 romances e diversas coletâneas de contos. Faleceu de infarto aos 75 anos de idade quando passava uma de suas regulares temporadas na França. Ambos os pais também haviam falecido quando estavam em território francês.

A adaptação cinematográfica mais conhecida é a de 1993, dirigida por Martin Scorcese (1942-) e tendo no elenco Michelle Pfeiffer (1958-) e Daniel Day-Lewis (1957-). 

O volume publicado pela Ediouro em 1992, com tradução de Sieni Maria Campos, levou o nome de “A Era da Inocência”, ao passo que as edições da Bestseller em 2011 (tradução de Jonas Tenfen e Juliana Steil) e da Penguin em 2013 (tradução de Hildegard Feist) tinham o título de “A Época da Inocência”.

Outras línguas chinesas

Xangainês

Ele é o idioma falado na região de Xangai, uma das cidades mais populosas do mundo, além de funcionar como língua franca em todo o território do delta do rio Yangtze, o maior rio da Ásia e o terceiro maior do mundo em comprimento (6.500 km, depois do Amazonas – 6.900 km e do Nilo – 6.700 km). Avalia-se que 14 milhões de pessoas, ou seja, metade da população de Xangai, tenham o xangainês como idioma nativo. A falta de incentivo para que a língua fosse ensinada nas escolas levou a um forte declínio na utilização do idioma. O claro objetivo do governo chinês é que cada vez mais pessoas utilizem o idioma padrão mandarim, em detrimento das dezenas de línguas regionais. No entanto, a partir de 2005 várias organizações, apoiadas pelo forte empresariado de Xangai, retomaram os esforços para uma maior divulgação do xangainês. Na prática, ele quase só existe na forma verbal, sendo muito comum que a geração mais jovem use o idioma com frequentes inserções do mandarim na fala.

O xangainês possui um sistema tonal mais simplificado em relação ao mandarim e ao cantonês, no qual são diferenciados apenas sons altos e baixos. Pelo fato da cidade de Xangai ser o maior porto do mundo, a intensa atividade comercial faz com que existam muitos empréstimos de línguas europeias. Como em outros idiomas asiáticos, aqui é usado o recurso da duplicação de palavras para a expressão do coletivo dos nomes e, vejam só, do diminutivo (e não do aumentativo, como seria mais lógico). No aspecto geral a gramática do xangainês é semelhante àquela do mandarim. No entanto, existem particularidades inerentes ao xangainês, como um sufixo (la) usado como marcador de plural para seres humanos. Embora não haja explicitamente a inserção de artigos definidos ou indefinidos, isto pode ser estabelecido pela ordem dos nomes na frase. Assim, se na posição do sujeito não houver a presença de determinantes (isso, aquilo…), significa que a palavra tem um artigo definido. Por outro lado, caso ocorra a existência de determinantes, a palavra tem um artigo indefinido. A posição do advérbio na frase varia conforme a geração do falante: enquanto os mais velhos preferem inserir o advérbio após o verbo, os jovens fazem o contrário.

Os pronomes pessoais são: ngu, non, yi, aq-la, na, yi-la.  O ideograma para saudação (你好), embora seja o mesmo nos três idiomas chineses vistos até agora, difere na sua pronúncia: ni hao (mandarim), neih hou (cantonês) e nóng ho (xangainês).  

Duas expressões: 侬早 (nóng zō – bom dia),  谢谢 (yáyà – obrigado, que é uma das formas mais simples e simpáticas de agradecimento).

Vencedores do Prêmio Camões de Literatura (10)

1997: Pepetela (Antônio Carlos Maurício Pestana dos Santos, 1941-)

Nascido em Angola, de ascendência portuguesa, Pepetela retratou a história antiga e contemporânea do país na maior parte de seus 22 romances publicados. O destaque fica para o livro Mayombe, lançado em 1979, o qual retrata a vida de um grupo de guerrilheiros na guerra de libertação de Angola. Pepetela, que começou a cursar Engenharia no Instituto Técnico Superior de Lisboa em 1958, mudou em 1960 para o curso de Letras na Universidade de Lisboa. Em 1963 ingressou no MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), passando a participar da luta armada. Viveu em Paris e Argel, até retornar a Angola em 1975, ano da independência, quando foi nomeado vice-ministro da Educação. Pepetela escreveu também duas peças de teatro.

Frase para sobremesa: A vida não tem a obrigação de nos dar o que esperamos (Margaret Mitchell, 1900-49).

Bom descanso!

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *