Post-165

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

59. Emma, Jane Austen (1775-1817)

Trata-se de outro romance de muita popularidade da escritora britânica Jane Austen, lançado em 1815. No Post 123 apresentamos, da mesma autora, a obra “Orgulho e Preconceito” e ainda fizemos uma síntese de sua biografia. Como é típico para as publicações de Austen, o enredo, sempre movimentado, envolve os quadros rotineiros das comédias de costumes a as críticas à sociedade inglesa do início do século XIX. Emma, uma jovem “bonita, inteligente e rica” cuida intensamente do planejamento e promoção de casamentos das amigas e amigos, não se preocupando, todavia, com sua própria situação sentimental.

A obra foi adaptada para várias séries de televisão e, também, para o cinema, com destaque para a película de 1932, dirigida por Clarence Brown (1890-1987) e tendo a atriz Marie Dressler (1868-1934) no papel-título. Em 1996 foi lançada uma nova versão cinematográfica, sob a direção de Douglas McGrath (1958-2022) e com Gwyneth Paltrow (1972-) no papel de Emma.

As versões do livro para o português foram feitas por diversos tradutores, o que só faz ressaltar a boa aceitação da obra pelo leitor brasileiro. Para ficarmos só com as mais recentes: Editora Martin Claret em 2018, tradução de Adriana Sales Zardini, Editora Tricaju em 2021, tradução de Monique D’Orazio, também em 2021 a tradução de Júlia Romeu para a Penguin e, finalmente, o lançamento em 2023 da Editora Antofágica, com tradução de Isadora Prospero.

60. Por quem os sinos dobram (For whom the bell tolls), Ernest Hemingway (1899-1961)

É o terceiro comparecimento de Hemingway na lista de “Melhores Livros”: O sol também se levanta (Post 150), O velho e o mar (Post 163) e agora Por quem os sinos dobram. No Post 37, quando apresentávamos os vencedores do Nobel de Literatura, levamos ao leitor uma breve biografia de Hemingway. Para muitos leitores e críticos de literatura essa seria a melhor obra de Hemingway e, certamente, a mais famosa.

O livro, lançado em 1940, narra a participação de um jovem norte-americano nas Brigadas Internacionais, formada por voluntários estrangeiros que lutaram ao lado dos republicanos durante a Guerra Civil Espanhola (1936-9). A missão do norte-americano é a de explodir uma ponte. Tendo tal cenário como pano de fundo, Hemingway traça um majestoso perfil dos absurdos da guerra e, por extensão, dos limites da condição humana. 

O título do livro é um excerto de poema do escritor britânico John Donne (1572-1631): …por isso não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti. O sucesso do livro foi potencializado pela famosa adaptação cinematográfica feita em 1943, sob direção de Sam Wood (1883-1949) e tendo no elenco dois dos mais festejados atores de Hollywood: Gary Cooper (1901-61) e a sueca Ingrid Bergman (1915-82), cuja escolha para o papel parece ter sido influenciada pelo próprio Hemingway. Dentre as versões para o português o destaque fica com a tradução feita por Monteiro Lobato (1882-1948), um dos mais completos escritores brasileiros. Ela foi lançada pela Companhia Nacional em 1942. Em 2004 a Bertrand Brasil publicou uma nova tradução conduzida por Luiz Peazê.

Outra língua independente: o burushaski

Realmente não é fácil a vida dos filólogos. Depois de se defrontarem por longo tempo com as particularidades do idioma basco, aparentemente sem pai nem mãe, surgido não se sabe como nem de onde, sem relacionamento com qualquer idioma conhecido e resistente a qualquer classificação mais sóbria, eis que, das frias montanhas da Caxemira é oferecido um desafio ainda maior: a língua burushaski, absolutamente órfã, sem vínculos detectáveis, o que leva os filólogos a jogarem a toalha e, resignadamente, a qualificarem como “idioma de família independente”. Existem defensores da teoria de que o burushaski seja  resquício de alguma língua pré-histórica, que foi sendo sufocada pelas invasões dravídicas e indo-europeias.

Estima-se que 120 mil pessoas (quase todas no norte do Paquistão) falem um dos nove dialetos do burushaski. Todos eles são bilingues, pois, além da língua nativa, falam também o urdu. No norte da Índia o número de falantes de burushaski é de apenas algumas centenas.

Antes das últimas décadas a língua não era escrita. Recentemente foi desenvolvida uma versão do alfabeto urdu para representação dos textos, assim como uma transliteração para o alfabeto latino. O alfabeto do burushaski possui 10 vogais e 36 consoantes.

Provavelmente a maior singularidade do idioma esteja na classificação dos gêneros gramaticais: masculino (para homens, deuses e espíritos), feminino (para mulheres e espíritos), gênero X (para animais e substantivos contáveis, como árvores, frutas, pedras, moedas) e gênero Y (para substantivos não contáveis e fluidos, a exemplo de água, fogo, arroz).

As palavras que designam objetos comuns e vínculos familiares são geralmente curtas, observação essa que vale para a maioria dos idiomas. Por exemplo: ha (casa), sa (sol), tchi (água), alu (batata), huk (cão), hir (homem), gus (mulher), ju (pai), imi (mãe).

Números de 1 a 10: de forma absolutamente curiosa, os números variam conforme a natureza do que está sendo contado. Os números a seguir se referem a pessoas: hin, altan, isken, walto, chundo, mishindo, thalo, altambo, huntcho, toorumo. A língua burushaski usa os numerais no sistema vigesimal: Assim, 40 é 2×20, 60 é 2×20 + 20 e vida que segue.

Dias da semana: chandurar, angaro, bodho, berayspat, shukuro, shumsayr, adit.

Algumas expressões: huyy (por favor), ya shua (até logo), salaam alaikun (olá; influência do urdu), achoa (desculpe), aski apali (não entendo), gunchatinga (bom dia), ju na (obrigado).

Palavras únicas em português e duplas em outras línguas (2)

  • Todos concordamos que alguém pode se alegrar por algo passado ou por um evento futuro. Em português o verbo é o mesmo, mas o alemão estabelece a diferença. Por exemplo: Ich freue mich darüber (algo passado) e Ich freue mich darauf (algo futuro).
  • O advérbio “quando” pode ser usado em uma pergunta (“Quando você viaja?”), em que não se conhece ainda a resposta, ou em uma situação em que não há desconhecimento: “Quando chegar o verão vamos viajar”. O idioma persa faz a distinção: Kei para o primeiro caso e vaqti para o segundo.
  • A tradução da palavra “sinal” para o inglês depende do sentido a ela atribuído: signal pode ser o sinal de um celular, enquanto um “sinal de trânsito” é sign.

Frase para sobremesa: A boa educação não está tanto no fato de não derramar molho sobre a toalha da mesa, mas em não perceber se outra pessoa o faz (Anton Tchekhov, 1860-1904).

Até a próxima!

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