Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
55. Os miseráveis (Les misérables), Victor Hugo (1802-85)
Victor Hugo, um dos expoentes do romantismo francês, publicou a monumental obra em 1862. Ela consistia em cinco volumes, com os capítulos sendo encabeçados por diversos personagens. A trama central envolve a vida de Jean Valjean, um cidadão condenado por haver roubado pão para alimentar a família. Mesmo após colocado em liberdade, ele continua sendo perseguido pelo inspetor Javert, em uma caçada obsessiva ao miserável prisioneiro. A obra descreve magistralmente a desigualdade social e as condições de penúria na vida da classe pobre em Paris. O autor, que era um destacado defensor dos direitos humanos e da oportunidade justa de trabalho, traça um angustiante relato das degradantes condições em que vivem as populações mais carentes em grandes centros urbanos.
Victor Hugo, filho de um general do exército de Napoleão, acompanhou os pais na infância em diversas missões no exterior, notadamente na Itália e na Espanha. Aos 15 anos ele já havia sido premiado pela Academia Francesa por um poema. Seu primeiro romance foi publicado em 1822, mesmo ano em que se casou com uma amiga de infância. Diplomou-se em Direito, conforme o desejo dos pais, mas suas principais atividades continuaram sendo a luta pelos direitos humanos, a redação em prosa, poesia, dramaturgia e a atuação como jornalista. Além disso era exímio desenhista, tendo criado um acervo de mais de 4.000 produções.
Em 1845 foi eleito Senador, iniciando uma carreira política que o acompanharia pelo resto da vida. Após um golpe de Estado ele se exila por vinte anos em diversos países europeus como Bélgica, Luxemburgo e, principalmente, as Ilhas do Canal (Jersey e Guernsey), pertencentes ao Reino Unido. Nessas ilhas ele começa uma forte ligação com o Espiritismo, motivada pelo falecimento de uma filha, com a qual ele acreditava manter contatos espirituais. Na época, recusa uma anistia e prefere continuar a viver fora da França. Finalmente, em 1870 retorna à sua pátria, sendo imediatamente eleito deputado. Antes defensor da monarquia, Hugo torna-se republicano, alcançando novo mandato de Senador em 1876.
A obra completa de “Os miseráveis” possui, dependendo da formatação dos volumes, de 1.500 a 2.000 páginas. São muito frequentes as adaptações feitas para o público jovem, em publicações de 200 a 300 páginas, as quais, obviamente, perdem em conteúdo e em qualidade literária. Dentre as traduções completas mais recentes podem ser destacadas a de 2014 (Editora Martin Claret), feita por Regina Célia de Oliveira, a de 2017 pela Penguin, sob responsabilidade de Frederico Ozanam P. de Barros e a de 2020 da Nova Fronteira, conduzida por Casimiro L.M. Fernandes.
Também existem em profusão adaptações cinematográficas, peças de teatro e musicais. Em relação aos filmes, a lista se inicia com um curta-metragem de seis minutos de duração (Le Chemineau – O Vagabundo), rodado em 1905 sob direção de Albert Capellani (1874-1931) e continua com as conhecidas produções de maior orçamento, como a de 1995, dirigida por Claude Lelouch (1937-), com atuação de Jean-Paul Belmondo (1933-2021), a de 1998 dirigida pelo dinamarquês Bille August (1948-), tendo no elenco Liam Neeson (1952-) e Geoffrey Rush (1951-) e a de 2012, dirigida pelo britânico Tom Hooper (1972-), com os atores Hugh Jackman (1968-) e Russell Crowe (1964-).
Línguas da Índia (24)
Língua malaiala (ou malabar)
É também um idioma dravídico, atuando como língua oficial no estado de Kerala, situado no extremo sudoeste da Índia. Apenas como curiosidade, deixo aqui registrado o nome da capital desse estado, que é aquele com maior taxa de alfabetização e desenvolvimento social em todo o país: Thiruvananthapuram. A língua malaiala (não confundam com malaia, falada na Malásia e Indonésia) é utilizada por aproximadamente 36 milhões de pessoas, das quais 33 milhões na Índia. Conforme apontamos no Post anterior, existe uma grande similaridade entre o malaiala e o tâmil, que formavam uma língua única até o século IX. No entanto, os alfabetos são distintos. O alfabeto malaialo, que apresenta os belos caracteres arredondados (mais convenientes para se escrever em folhas de palmeira), possui 15 vogais (entre curtas e longas) e 42 consoantes. É um alfabeto silábico, ou seja, as sílabas são lidas como unidades.
Existem 15 dialetos do malaiala, variando conforme a fonética, a região onde é falado, a ocupação, a casta social etc. A origem do nome da língua é a junção das palavras mala (montanha) e alam (região), ou seja, “região de montanha”. De fato, a existência de montanhas na região de Kerala proporcionou a formação de barreiras físicas e contribuiu para a individualização da língua. O idioma malaialo sofreu grande influência do sânscrito no estabelecimento do vocabulário, além de ter recebido empréstimos do persa, árabe e inglês. Até o português esteve presente, como, por exemplo, na palavra janaala, cujo significado é, obviamente, “janela”.
Dias da semana: tinkalaatcha, ceaavvaaltcha, budhanaaltcha, vyaalaatcha, velliyaaltcha, saniyaaltcha, nayaraaltcha.
Numerais de 1 a 10: ൧ (onnuu), ൨ (rantuu), ൩ (muunnuu), ൪ (naaluu), ൫ (antchuu), ൬ (aaruu), ൭ (eeluu), ൮ (ettuu), ൯ (onpatuu), ൰ (pattuu).
Algumas expressões:
നമസ്തേ (namastee – olá), സുപ്രഭാതം (suprabhaatham – bom dia), ഗുഡ്ബൈ (guḍbai – até logo; vejam a influência da língua inglesa), ക്ഷമിക്കണം (kshamikkaṇam, desculpe), ദയാവായി (dayavaai – por favor), ഞാന് നിന്നെ പ്രേമിക്കുന്നു (njan ninne premikkunnu – eu te amo; talvez essa seja uma das mais belas formas escritas para a expressão), നന്ദി (naandi – obrigado).
Origem de nomes das capitais dos estados brasileiros (10)
São Paulo: nome em homenagem ao colégio jesuíta São Paulo de Piratininga, fundado em 1554 por 12 padres, dentre eles os conhecidos Manuel da Nóbrega (1517-70) e José de Anchieta (1534-97). O nome do colégio e, por extensão, da cidade, é uma referência ao dia da conversão do apóstolo São Paulo, no dia 25 de janeiro, em algum ano de 33 a 36.
Teresina: foi a primeira capital planejada de um estado brasileiro, construída para substituir Oeiras, que era a capital da Província do Piauí. Quem intermediou a aprovação da construção de uma nova cidade, dotada de um traçado geométrico, foi a Imperatriz Teresa Cristina Maria de Bourbon (1822-89), nascida na Itália e esposa de Dom Pedro II. Por esta intervenção recebeu a homenagem de ter emprestado o nome para a designação da capital. Os prenomes Teresa e Cristina sofreram um processo de “contração”, resultando no topônimo Teresina.
Vitória: em 1535 os portugueses transferiram a capital da capitania de Vila Velha para a ilha de Santo Antônio. Alguns anos depois (1551), para comemorar a vitória portuguesa contra os goitacás e aimorés, a capital foi renomeada para Vila de Vitória e, em 1823, para Vitória.
Frase para sobremesa: Não consigo enfrentar as misérias humanas. Recuso-me a aceitar a realidade delas. Procuro arremessar essa realidade para o fundo do meu inconsciente, sufocando-a com todas as minhas forças. Prefiro que tudo me reapareça sob a forma de pesadelos, se não há outro jeito. Os pesadelos eu posso esquecer assim que acordo (Joseph Heller, 1923-99).
Até a próxima!