Post-158

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

52. Cândido ou o Otimismo (Candide ou l’Optimisme), Voltaire (1694-1778)

Trata-se de um dos mais conhecidos contos filosóficos escritos em tom de sátira. Foi redigido em apenas três dias sob o pseudônimo “Monsieur le Docteur Ralph”. Este foi apenas um dos 180 pseudônimos utilizados pelo escritor francês Voltaire, o qual, por sua vez, é também um pseudônimo (ou nom de plume, em francês). A origem do nome Voltaire, que nunca foi explicada pelo autor, ainda é cercada de mistério. A hipótese mais plausível é a de que o escritor tenha feito um anagrama com a versão latina do seu sobrenome de batismo, François-Marie Arouet. Desta forma, Arouet seria AROVET, acrescido das letras LI, que correspondem ao termo latino para “o jovem” (le jeune). Misturem agora as letras e teremos VOLTAIRE. Se alguém encontrar uma explicação melhor que se apresente agora, ou então, cale-se para sempre.

O livro narra a vida do jovem Cândido, que recebe ensinamentos filosóficos do seu mentor Pangloss, o qual sempre repetia o conhecido mantra de que “tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis”. De forma abrupta, Cândido é tomado por uma onda de pessimismo, passando a questionar o papel da religião, dos governos, do exército e da própria filosofia. O livro, pleno de alegorias (representação dos pensamentos em forma figurada, isto é, de maneira simbólica), foi proibido logo após o lançamento (1759).

Voltaire, que era um dos mais destacados filósofos do Iluminismo (movimento intelectual do século XVIII, com ideias centradas na razão) e crítico voraz do Cristianismo, teve uma vida movimentada. Foi preso na Bastilha por um ano, em decorrência de um verso em que acusava o regente francês de incesto com a filha, e ainda exilado na Inglaterra. Ao longo de sua vasta carreira literária recebeu um mundo de críticas, mas também de honrarias. Foi muito bem sucedido financeiramente com a comercialização de suas obras, que abrangiam romances, peças de teatro, ensaios e um acervo de 20.000 cartas escritas. 

Existe uma grande quantidade de edições traduzidas para o português, o que torna dispensável, e complexo, o registro dos tradutores e das editoras. Uma curiosidade é a comédia brasileira “Candinho” (1954), inspirada na obra de Voltaire, dirigida por Abílio Pereira de Almeida (1906-77) e contando com Amácio Mazzaropi (1912-81), o imortal “Jeca-Tatu”, no papel principal.     

Línguas da Índia (21)

Língua telugu (2)

Como, no antigo alfabeto telugu, não havia um espaçamento entre as palavras (o que ocorria também no grego antigo), imaginem a dor de cabeça para alfabetizar uma criança. Na época pré-colonial, o telugu era considerado como “a língua da cultura”, em semelhança ao francês no continente europeu. O vocabulário recebeu grande quantidade de empréstimos do sânscrito, persa, árabe e inglês. A influência do português, historicamente muito pequena, pode ser vista na palavra baalti, que, naturalmente, só pode significar “balde”. Algumas curiosidades do idioma são a existência do aspecto progressivo, isto é, indicando uma ação contínua que ocorre no momento da fala. O pronome pessoal na primeira pessoa do plural (nós) é flexionado de duas maneiras, conforme o interlocutor esteja incluído ou não no agrupamento. Na segunda pessoa, o pronome de tratamento varia conforme a idade e a casta do indivíduo com quem se fala. Lembremo-nos de que o preconceituoso sistema de castas, embora abolido pela Constituição de 1950, ainda continua presente em regiões menos desenvolvidas do país.

Merece menção uma produção cinematográfica indiana de 2022 que ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e, também, o Oscar de Melhor Canção Original. Trata-se do filme de ação RRR, dirigido por S.S. Rajamouli (1973-), cuja trama se passa durante a época colonial. A película, disponível no Netflix, é falada em telugu.    

Dias da semana: somavaaram, mangalavaaram, budavaaram, guruvaaram, sukravaaram, sanivaaram, aadhivaaram.

Numerais: ౧ (okati), ౨ (rendu), ౩ (muudu), ౪ (naalugu), ౫ (aidu), ౬ (aaru), ౭ (eedu), ౮ (enimidi), ౯ (tommidi), ౧౦ (padi).

Algumas expressões:

నమస్కారం (namaskārām, olá), శుభోదయం (shubhodayam, bom dia), వెళ్ళొస్తాను (vellostaanu, até logo), నాకు అర్ధం కాలేదు (naaku ardhaṅ kaalaed, eu não entendo), మా క్షమాపణలు (maa kshamaapanalu, desculpe), నేను నిన్ను ప్రేమిస్తున్నాను (naenu ninnu praemishthunaanu, eu te amo), ధన్యవాదములు (dhanyavaadhamulu, obrigado). Fonte: Omniglot

Origem de nomes das capitais dos estados brasileiros (7)

Porto Alegre: até o século XVIII o território do Rio Grande do Sul pertencia aos espanhóis. A fundação da capital ocorreu em 1772, com o nome de Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, em referência às famílias de açorianos que colonizavam a região às margens do Lago Guaíba. No ano seguinte a denominação foi alterada para Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre (sempre longos e belos nomes), depois simplificada para Porto Alegre. Acredita-se que o atributo de “alegre” indique tanto o festivo comportamento do povo açoriano quanto a forma amistosa com que os índios guaranis receberam os primeiros colonizadores. 

Porto Velho: a cidade foi criada em 1907 durante a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, uma das mais lendárias na história mundial de empreendimentos de estrada de ferro. As doenças tropicais e o ar insalubre da região dizimavam os trabalhadores nas tentativas anteriores de implantação da ferrovia. Até que, em 1907, o empresário norte-americano Percival Farquhar (1865-1953) arregimentou mais de 20.000 operários de diversos países, logrando finalizar, em 1912, a ferrovia de 366 km que une Porto Velho a Guajará-Mirim. O eminente sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917) foi contratado para realizar o saneamento nas regiões atravessadas pela ferrovia. Já a origem do nome de Porto Velho é bem mais simples. Embora houvesse um “Porto Novo” construído às margens do Rio Madeira, durante a instalação da ferrovia foi utilizado o “Porto Velho”, implantado pelos militares e de maior facilidade para descarga de materiais para a obra.

Frase para sobremesa: Duas reflexões do sábio Lev Tolstói (1828-1910): 1) Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil; 2) O amor começa quando uma pessoa se sente só e termina quando uma pessoa deseja estar só.

Bom descanso!

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *