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Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

50. Filhos da Meia-Noite (Midnight’s children), Salman Rushdie (1947-)

Sir Ahmed Salman Rushdie, nascido em Mumbai (Índia), mudou-se para a Inglaterra aos sete anos de idade, tendo estudado no King’s College, em Cambridge, onde graduou-se em História. Seu último sobrenome é uma homenagem ao eminente filósofo e médico “Averrois”, cujo longo nome terminava em Rushd. Salman é um autor conhecido pelo estilo de Realismo Mágico (mescla de mito e fantasia) nas suas obras.

O livro “Os Filhos da Meia-Noite” foi sua segunda obra, publicada em 1980 e considerada pela crítica como a melhor produção literária de Salman. O livro narra a história de diversas crianças nascidas no momento em que é declarada a independência da Índia (0 hora do dia 15/08/1947). Tais crianças eram dotadas de poderes extraordinários, dentre eles o da telepatia. O romance, que ganhou o prestigiado Man Booker Prize em 1981, mostra a trajetória de vida de uma dessas crianças, a qual é ligada à complexa evolução da história do país. O livro é narrado em primeira pessoa por um dos personagens. A tradução brasileira, lançada pela Companhia das Letras em 2006, esteve a cargo de Donaldson Garschagen. Há um filme indiano com o mesmo título, estreado em 2012 e dirigido pela premiada cineasta Deepa Metha 1950-), no qual a voz do narrador é a do próprio Rushdie. 

No entanto, o autor é muito mais conhecido pela obra “Versos Satânicos” (The Satanic Verses), de 1989, cujo conteúdo foi considerado como ofensivo ao Profeta Maomé. Em consequência o governo do Irã, liderado pelo Aiatolá Khomeini (1902-89) emitiu uma fatwa (procedimento legal) condenando Rushdie à pena de morte pelo crime de apostasia (abandono de uma fé). O prêmio a ser pago a quem o matasse (que mundo é esse?) chegou a 3,3 milhões de dólares, obviamente com a contribuição daqueles empresários defensores do fanatismo islâmico. A fatwa foi renovada em 2005 pelo novo líder, Ali Khamenei (1939-) com a cruel observação de que “mesmo se o autor se arrependesse profundamente isso de nada adiantaria, pois a obrigação de qualquer muçulmano no planeta era enviar o maldito escritor ao inferno”. Naturalmente Rushdie foi forçado a viver no anonimato por muitos anos, tendo se mudado para os EUA em 2000.  O tema principal de todos os 19 livros de Rushdie (até novembro/2023) é o amargo desenraizamento da pessoa do imigrante, que fica dividido entre sua cultura original e a cultura do país anfitrião. Na movimentada vida pessoal, Rushdie tem quatro casamentos e quatro divórcios. Em 12/08/2022 ele sofreu um atentado a faca quando chegava para uma palestra no estado de Nova Iorque. Ficou muito ferido no pescoço e perdeu definitivamente a visão do olho direito.     

Línguas da Índia (19)

As línguas Bihari

As línguas Bihari são um conjunto de idiomas de origem indo-ariana falados na região de Bihar, no leste da índia. Alguns deles são utilizados também no vizinho Nepal e em outras partes do mundo que receberam imigrantes Bihari, como Guiana, Suriname, Fiji, Trinidad e Tobago e Ilhas Maurício. Na região de Bihar, onde 85% da população vive no campo, o índice de analfabetismo ainda é elevado, o que dificulta a avaliação do número de usuários dos idiomas Bihari. A língua hindi é majoritariamente utilizada para assuntos governamentais e educacionais. Em épocas passadas as línguas Bihari eram consideradas como dialeto do hindi, mas atualmente os linguistas as consideram como idiomas individuais e separados, embora com muitas semelhanças gramaticais.

Bhojpuri

Esta é língua Bihari mais usada na Índia. Torna-se difícil estimar um número mais preciso de falantes do bhojpuri, já que existem populações que o empregam como primeira língua e outras como segunda língua. Avalia-se que o contingente total de falantes oscile entre 50 e 150 milhões de pessoas, o que a torna o terceiro idioma mais falado na Índia, depois do hindi e do bengali.  

Todos as línguas Bihari já foram escritas em diversos alfabetos (na Índia é impressionante não só o número de idiomas como também o de alfabetos), mas atualmente, devido à grande influência do hindi, utilizam o costumeiro alfabeto devanágari. É interessante observar que, em linhas gerais, quanto mais pobres são as comunidades, maior é a preocupação do uso correto dos graus de polidez. Na Suécia, por exemplo, o rei pede para ser chamado de “você”, enquanto as populações que utilizam as línguas Bihari consideram a seguinte hierarquia no uso dos pronomes e do tempo imperativo: grau literário (distinto dos outros), grau íntimo, grau polido e íntimo, grau formal e íntimo, grau polido e formal e grau extremamente formal. Por favor, não misturem esses graus, sob pena do interlocutor ficar visivelmente chateado, ou, pior ainda, revoltado.

Nas línguas Bihari existe a característica de adição da partícula –wa ao final dos substantivos. Por que isso? Imagino que seja uma tradição. No universo dos idiomas indo-arianos, o bhojpuri é o único que, na conjugação dos verbos no presente simples, incorpora o sufixo –la. Apenas como curiosidade, vejam como os números continuam sendo muito parecidos nas línguas indo-arianas: ek, du, teen, chaar, paanch, chav, saat, aath, nav, dus. Seguem três expressões de elevada simpatia: Pranam (olá e até logo), Raam raam (bom dia) e Dhanvaad (obrigado).

Maithili

O número de falantes situa-se na amplitude de 13 a 35 milhões de pessoas. Ao contrário do bhojpuri, visto anteriormente, o maithili foi elevado em 2003 à condição de uma das 22 línguas oficiais da Índia (apresentaremos todas elas). Este idioma é também uma das línguas oficiais no Nepal. A fonética do maithili é complexa, dado que cada vogal tem o seu correspondente nasal. Talvez por isto o eminente linguista irlandês George Abraham Grierson (1851-1941) tenha denominado o maithili como “the sweetest language”, inegavelmente um belo atributo. Além da palavra pranam, como forma geral de saudação, podemos aqui incluir a expressão suprabhaat (bom dia) e dhanyabad (obrigado).

Magahi

Esta é a última língua Bihari que apresentaremos, já que as restantes têm um número mais reduzido de falantes, em geral limitados a regiões de menor porte na Índia. Embora tendo quase 20 milhões de usuários, o magahi não é reconhecido como língua constitucional indiana. Aqui a saudação geral depende da idade da pessoa que a recebe: pernam (mais velhos) e subpjar (jovens). Não posso dizer qual é o ponto de transição entre essas duas características, mas certamente a população local sabe e isso é o que importa. Não há expressões para “bom dia, boa tarde e boa noite”, basta se empregar a saudação geral. Obrigado é deniewad.

Origem de nomes das capitais dos estados brasileiros (5)

Macapá: do tupi macapaba, que significa “lugar das bacabas ou macabas” (uma palmeira nativa da região).

Maceió: do tupi maçayó ou do tupinambá mase’yo, ambos se referindo às lagoas que se formam no litoral em decorrência das marés. A língua tupinambá, pertencente à família tupi-guarani, tinha a denominação de “língua geral” quando falada pela população não indígena.

Manaus: fundada em 1669 com o nome de Fortaleza do Rio Negro, teve a denominação alterada em 1856 para Manaus, em referência aos índios manaós, que habitavam a região dos rios Negro e Solimões.

Frase para sobremesa: A principal diferença entre a felicidade e a alegria é que a felicidade é sólida e a alegria é líquida (J. D. Salinger, 1919-2010).

Bom descanso!

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