Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
49. Um retrato do artista quando jovem (A portrait of the artist as a young man), James Joyce (1882-1941)
O escritor irlandês James Joyce retorna à atual lista de melhores livros com sua primeira publicação. No Post 113 apresentamos “Ulisses”, sua obra mais conhecida, e escrevemos brevemente sobre a vida do autor. O romance “Um retrato do artista quando jovem” foi lançado em 1916 por uma editora norte-americana. Joyce ainda não era conhecido do público e da crítica inglesa e os leitores não estavam adaptados ao complexo estilo de redação do autor. Conta-se que um editor londrino havia afirmado “eu não posso imprimir algo que eu não entendo”.
O livro narra as experiências de infância e adolescência, seguida da difícil entrada na vida adulta, de Stephen Dedalus, também o personagem principal no livro “Ulisses”. O nome remete ao personagem mitológico Dédalo – arquiteto e inventor – símbolo de sabedoria e poder. Ele era pai do Ícaro, aquele que tentou voar com asas de cera, logo derretidas pelo sol. Stephen Dedalus é considerado pelos críticos como sendo um alter ego do autor, ou seja, uma outra personalidade da mesma pessoa. É uma estratégia usada pelos autores para se revelarem indiretamente aos leitores. Na sua estrutura, a obra é um clássico exemplode Bildungsroman (romance de formação), com pouquíssimos diálogos, tendo a característica de que o vocabulário utilizado vai mudando ao longo do livro, conforme o personagem segue seu amadurecimento. Joyce, que tinha um perfeito domínio da linguagem, mescla no romance as narrações em terceira pessoa com a prática do discurso indireto livre. Este último ocorre quando o narrador assume o lugar da outra pessoa em seus sentimentos, enquanto coloca a sua própria narrativa, ou seja, o personagem fala através da voz do narrador.
A única adaptação cinematográfica do livro, tarefa esta que não é fácil, foi feita em 1977, com direção do norte-americano Joseph Strick (1923-2010) e tendo no elenco o irlandês Bosco Hogan (1949-) e o quase centenário ator John Gielgud (1904-2000), um dos expoentes da dramaturgia britânica. Dentre as diversas traduções para o português, podem ser mencionadas a de José Geraldo Vieira (1984, Editora Civilização Brasileira), a de Caetano Galindo (2016, Editora Penguin), que também traduziu “Ulisses”, e a de Tomaz Tadeu (2018, Editora Autêntica).
Línguas da Índia (18)
A língua concani (2)
Os variados alfabetos para escrita da língua concani constituem uma das particularidades da língua. Os dois mais frequentes são o devanágari, o principal alfabeto indiano, e o latino, considerando-se os quatro séculos de dominação portuguesa na região de Goa. Mas o concani também é representado nos alfabetos perso-árabe, no canarês e no malaiala, estes dois últimos usados na representação das línguas de origem dravídica, que veremos em Posts seguintes. Como é típico para a Índia, todos os idiomas ali falados possuem uma elevada diversidade de dialetos. No caso do concani, alguns deles não são mutuamente compreensíveis. Para a caracterização do idioma oficial foi escolhido o dialeto Antruz, prevalente na região central do estado de Goa.
A língua concani possui 14 vogais e 36 consoantes. O alto número de vogais é justificado pelas variações nasais encontradas nas mesmas. É curioso registrar que alguns dialetos do concani conservam a forma verbal do gerúndio – tão frequente no Brasil e quase inexistente em Portugal – ao passo que outros já a abandonaram. Os três gêneros da língua (masculino, feminino e neutro) são puramente gramaticais, não sendo influenciados pelo aspecto sexual. Uma particularidade do concani em relação ao sânscrito, a língua-mãe, é a ocorrência frequente de próteses. Recordemos: prótese aqui significa o acréscimo de um elemento fonético no início da palavra, como, por exemplo o termo status em latim, que se transformou em “estado” em português. Outro fenômeno frequente no concani em relação ao sânscrito é a metátese (não confundam com metástase, que pode significar “espalhamento”), a qual consiste na troca de posição de fonemas no interior da palavra. Como exemplo podemos novamente recorrer ao latim, em que o termo semper evoluiu para “sempre” em português.
Dias da semana (à exceção de domingo, todos os outros são muito semelhantes ao hindi e ao marati): somaaru, manglaaru, budwhaaru, gurwaaru, shukraaru, shanwaaru, aytaaru.
Números de 1 a 10: ek, donn, teen, char, panch, sov, saat, aatt, nav, dha.
Algumas expressões: Deu boro dis dium (Bom dia), Maaf kor (Desculpe), Miochay ou Adeus (Até logo), Makka kolna (Não entendo), Upkar kor (Por favor), Hav tuzo mog kortam (Eu te amo), Deu borem korum (Obrigado).
Origem de nomes das capitais dos estados brasileiros (4)
Fortaleza: o nome da cidade deve-se à existência de uma fortaleza (Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção), situada na margem esquerda da foz do rio Pajeú. Na época da dominação holandesa ela teve o nome alterado para Forte Schoonemborch, retornando depois à denominação original. Atualmente o forte é sede da 10a Região Militar do Exército Brasileiro.
Goiânia: a origem mais provável para o nome do Estado de Goiás seria proveniente de uma tribo de índios com essa denominação ou da palavra tupi guaiá (pessoas da mesma origem). Já a capital Goiânia, derivada do nome do estado, é o título de um poema épico (“Goyania”) do escritor baiano Manuel Lopes de Carvalho Ramos (1864-1911), publicado em 1896 na cidade do Porto (Portugal), possivelmente inspirado no étimo tupi goyanna (terra de muitas águas).
João Pessoa: originalmente a cidade, fundada em 1585, teve o nome de Cidade Real de Nossa Senhora das Neves. Três anos depois a denominação foi alterada para Filipeia de Nossa Senhora das Neves, em homenagem ao rei Filipe II da Espanha, que, na época acumulava as coroas de Espanha e Portugal. Durante a existência da colônia holandesa de Nova Holanda (1630-54) a cidade foi renomeada para Frederikstad. Quando, em 1930, ocorreu o assassinato do governador João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (1878-1930), motivado mais por uma vingança pessoal do que por razões políticas, a capital da Paraíba teve o nome alterado para João Pessoa.
Frase para sobremesa: Duas inspirações de William Shakespeare (1564-1616): 1) O horror visível tem menos poder sobre a alma do que o horror imaginado. 2) É um amor pobre aquele que se pode medir.
Até a próxima!