Post-152

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

46. Tristram Shandy, Laurence Sterne (1713-68)

O nome completo do livro é “A vida e as opiniões do cavalheiro Tristram Shandy (The life and opinions of Tristram Shandy, Gentleman). Considerado como uma das obras-primas do humor e da sátira social, o romance foi publicado em nove volumes, o primeiro deles em 1759 e os restantes ao longo dos dez anos seguintes. No contexto da obra, o enredo ou a trama não são importantes, o que vale é envolver o leitor em um labirinto criativo, em que cada situação leva a novas digressões e interpolações. Além disso, existem diversas brincadeiras tipográficas, como longas sequências de asteriscos para substituir os palavrões, ou mesmo páginas em branco, apenas com os títulos de alguns capítulos. No fundo, o livro, que teve um grande sucesso de crítica na época, consiste em uma divertida sequência de conversas, a maior delas sem um rumo bem definido. Esse estilo foi seguido por alguns escritores satíricos do século XIX, dentre eles o nosso Machado de Assis (1839-1908), cuja obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi inspirada parcialmente em Tristram Shandy, conforme ele próprio afirmava.

O autor Laurence Sterne, nascido na Irlanda, foi um pastor da Igreja Anglicana. Acometido de tuberculose, ele viajou para diversas regiões da Europa em busca de cura. As memórias dessas viagens se transformaram em livro. Outra publicação de Sterne foram os seus “Sermões”.

A tradução mais conhecida do público brasileiro é a de José Paulo Paes, editada pela Nova Fronteira em 1984 e reeditada pela Penguin em 2022. A única adaptação cinematográfica do livro, considerado como “infilmável”, foi lançada em 2005, com direção do britânico Michael Winterbottom (1961) e tendo o ator Steve Coogan (1965-) no papel de Tristram.

Línguas da Índia (15)

A língua caxemira (2)

A língua caxemira é um idioma fusional. Vale dizer que vários significados estão associados a um afixo único. Complicado? Nem tanto. Vejam o clássico exemplo da palavra comi. Aqui o sufixo “i” indica, ao mesmo tempo, que o verbo está no modo indicativo, na voz ativa, no tempo pretérito e na primeira pessoa do singular. Todas essas informações estão embutidas em uma única letrinha, ou seja, ocorre uma enorme fusão. As línguas indo-europeias, inclusive o nosso português, são idiomas fusionais.

Em contraposição, existem as línguas aglutinantes, nas quais ocorre o uso extensivo de aglutinações (ajuntamentos), com parte das palavras sendo formada pela união de morfemas. É esse o caso dos idiomas indo-arianos vistos nos últimos Posts, além das línguas fino-úgricas (finlandês, estoniano, húngaro), línguas ameríndias (como o tupi) e, também, o japonês.   

Uma outra exceção dentre as línguas indo-arianas é a chamada posição “V2”, já vista em Posts anteriores, em que o verbo sempre assume a segunda posição na frase, que, portanto, não segue o tradicional padrão S-O-V. Na língua caxemira também existe a divisão de palavras conforme a religião de quem as pronuncia. Por exemplo, “fogo” é ogun para os hindus e nar para os muçulmanos, ambos os termos pertencentes ao vocabulário do caxemiri. Uma última característica, única para esse idioma, é a existência de três tipos de passado: o simples (ações completadas), o remoto (ações não totalmente completadas) e o indefinido (ações que ocorreram há muito tempo, como no caso das narrativas históricas).

Dias da semana: tchandervaar, bomvaar, bödvaar, bresvaar, juma/shakurvaar, batsevaar, athvaar.

Números de 1 a 10: akh, zi, ter, tsor, patsh, se, sath, eth, nav, deh.

Algumas expressões (quando disponível, na escrita devanágari e na perso-árabe):

असलामु अलैकुम (Namaskaar – Olá e até logo, para hindus), آسلاماليكم (Assalaam alaikum – Olá, para muçulmanos), Sar sri akal (Olá, para pessoas de religião sique), Hello (Olá, para cristãos) शुकिया / شکریہ (Shukriya – Obrigado) Fonte: Omniglot

Origem de nomes das capitais dos estados brasileiros (1)

Aracaju: é a segunda capital brasileira cuja construção foi planejada (1855). A primeira foi Teresina (1852) e as outras, na sequência, Belo Horizonte (1894), Goiânia (1933), Brasília (1960) e Palmas (1989). O topônimo “Aracaju”, provém do tupi Arákaiu, que significa “cajueiro das araras”, já que a região onde se instalou a cidade é rica em cajueiros, estes frequentados por muitas araras.

Belém: fundada em 1616 com o simpático nome de “Feliz Lusitânia”. Em 1621 foi elevada à categoria de município, sendo chamada de “Santa Maria de Belém do Pará”, posteriormente simplificado para a denominação atual de Belém do Pará.

Belo Horizonte: em 1893 o “Arraial de Curral del Rei” foi alçado à denominação de município (Cidade de Minas). No ano seguinte era iniciada a construção da nova capital para substituir Ouro Preto, encravada nas montanhas e sem razoáveis possibilidades de expansão. A inauguração ocorreu em 1897, ainda com o nome de Cidade de Minas. Conforme decisão pessoal do então governador João Pinheiro (1860-1908) o nome foi mudado para Belo Horizonte. A outra opção apresentada teria sido Novo Horizonte. Quem conhece a região, particularmente na parte circundada pela Serra do Curral, sabe que a paisagem faz jus ao nome recebido.  

Frase para sobremesa: Duas contribuições de Harper Lee (1926-2016): 1) As coisas são sempre melhores pela manhã; 2) Até temer perdê-lo, eu nunca amei ler. Ninguém ama respirar.

Bom descanso!

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