Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
43. Coletânea de Ficção: Borges (Jorge Luis Borges, 1899-1986)
Considerado como um dos maiores escritores latino-americanos, o argentino Borges se destacou na poesia, em contos ficcionais e, também, como tradutor e crítico literário. A obra constante dessa lista de Melhores Livros refere-se a uma edição norte-americana denominada Collected Fictions, a qual reúne todas as obras em prosa do autor. Em 1914 a família se mudou para a Suiça, onde Borges fez o estudo colegial na cidade de Genebra. Em 1921 retornou a Buenos Aires, quando começou a publicar os primeiros poemas. Na verdade, aos sete anos de idade Borges revelara ao pai que queria ser escritor e aos nove anos já tinha escrito seu primeiro conto. Cursou Direito na Universidade de Buenos Aires, complementando os estudos na universidade britânica de Cambridge. A partir de 1955 passou a lecionar Literatura na Universidade de Buenos Aires. Na época ele já havia sido Diretor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires. Sua primeira grande premiação literária ocorreu em 1961, quando recebeu o 10 Prêmio Internacional de Editores, juntamente com o escritor irlandês Samuel Beckett (1906-89), que viria a ser laureado com o Nobel de Literatura em 1969. A propósito, o nome de Borges foi lembrando durante três décadas para o recebimento do Nobel, o que nunca se concretizou.
Outras premiações de Borges foram o Prêmio Jerusalém (1971), conferido bienalmente a escritores que se destacam na luta pela liberdade. Em 1972 tornou-se Doutor Honorário da Michigan State University e em 1979 lhe foi outorgado o Prêmio Cervantes, o maior da língua espanhola.
As coletâneas de contos mais conhecidas de Borges são os livros Ficciones (1944) e O Aleph (1949). Seus temas favoritos eram o caráter de irrealidade da literatura, com seus sonhos e labirintos, junto com o ateísmo e a solidão, compondo a base de sua literatura fantástica. Borges foi acometido de uma cegueira progressiva, mesma enfermidade que atacou seu pai. A partir dos 55 anos, quando a cegueira era quase total, ele se viu forçado a usar cada vez mais a imaginação, utilizando os favores da mãe para ditar os poemas. Posteriormente contratou uma antiga aluna, Maria Kodama, para trabalhar como sua assistente particular. Aos 86 anos, pouco tempo antes de morrer, ele, que já havia sido casado de 1967 a 70, esposa a secretária, que herdou todos os seus direitos autorais. Borges faleceu em Genebra devido a um câncer no fígado e, por seu desejo expresso, foi enterrado nessa cidade.
A editora Companhia das Letras já publicou 24 livros de Borges, a maioria deles com tradução de Heloisa Jahn. Outros tradutores de Borges que se destacam nessa editora são Jocely Vianna Batista e Davi Arrigucci Jr.
Línguas da Índia (12)
A língua punjabi (ou panjabi) (1)
O punjabi também é uma língua do ramo indo-ariano, como todos os idiomas indianos vistos até agora. A histórica região de Punjab governada sucessivamente por gregos, persas, árabes, turcos, mongóis, afegãos, siques e britânicos, foi dividida em 1947, ano do término do Império Britânico na Índia, em duas partes: uma na própria Índia, onde predominam as religiões hindu e sique (conjunto de ensinamentos espirituais de gurus do século XVI), que abriga aproximadamente 35 milhões de falantes, e outra no atual Paquistão, de maioria muçulmana e com 90 milhões de usuários. Temos aqui uma separação similar à ocorrida entre os idiomas hindi (Post 138) e urdu (Post 140), que são, grosso modo, a mesma língua, só que escrita em alfabetos distintos (digrafia). No caso do punjabi a região indiana adota o alfabeto gurmukhi, criado no século XVI por religiosos siques, escrito da esquerda para a direita, ao passo que a região paquistanesa emprega o alfabeto shahmukhi, uma variante do perso-árabe, escrito da direita para a esquerda. Vocês, caros leitores, lançando mão de um raciocínio puramente lógico, poderiam perguntar: mas, ora, em coerência com o ocorrido no par hindi/urdu, aqui também não deveríamos ter dois idiomas, algo assim como um punjabi ocidental (Paquistão) e um punjabi oriental (índia)? Evidentemente isso seria o esperado, mas o fato é que permanecem as duas variantes de uma única língua, inclusive com diversas palavras distintas. Para temperar um pouco o raciocínio, o punjabi paquistanês não é reconhecido como língua oficial no país, apesar de possuir um número maior de usuários do que o urdu, a verdadeira língua oficial. Um dos argumentos para tal paradoxo é que o governo, após a criação do país (1947), preferiu não privilegiar uma língua regional (punjabi) com o objetivo de se evitar conflitos étnicos. O punjabi é a terceira língua mais falada no Reino Unido, atrás do inglês e do polonês. A origem do nome do idioma é persa, significando “cinco rios”, em referência aos cinco afluentes orientais do rio Indo.
O punjabi é uma língua tonal, caso bastante raro no conjunto dos idiomas indo-europeus, ou seja, conforme a entonação dada à palavra, ela adquire significados diversos. Como já ressaltamos em algum Post anterior, tal peculiaridade se constitui em verdadeiro pesadelo para o estrangeiro que aprende línguas tonais, a exemplo do chinês, vietnamita, línguas bantas africanas e línguas amazônicas. Um minúsculo vacilo fonético já é suficiente para tornar a frase incompreensível, às vezes até ridícula, ou, pior ainda, ofensiva.
Os primeiros registros escritos do punjabi datam do século IX. A partir daí o idioma foi recebendo gradativamente a influência do persa e do árabe e, mais recentemente, do inglês.
Origem de nomes de estados brasileiros (3)
Maranhão: território dos índios tupinambás, filhos de Maíra ou então do tupi mar’anhan (rio que corre). Lembremos que Maranhão era o nome que os nativos davam ao Rio Amazonas. A propósito, Marañon é um rio no Peru, afluente do Ucayali, que, ao entrar no Brasil, passa a se chamar Solimões e, a partir de Manaus (confluência do Rio Negro), transforma-se no Amazonas.
Mato Grosso: denominação dada à região no século XVIII, devido à grande extensão de mato alto e espesso. Em 1979 foi criado o Estado do Mato Grosso do Sul.
Minas Gerais: nome derivado da grande variedade de tipos de minério extraídos do solo, dentre eles o ouro, prata, bauxita, manganês e, atualmente, o ferro.
Pará: topônimo vem do nome do rio Pará, que consiste em uma bifurcação do rio Tocantins. A etimologia no tupi-guarani significa “rio-mar” (pa´ra).
Paraíba: também é um potanômino, ou seja, um topônimo derivado do nome de um rio. Nesse caso a etimologia tupi-guarani aponta para o significado de “rio ruim” (pará + aib), devido à boca do canal ser estreita para a navegação.
Frase para sobremesa: Todos os caminhos levam à morte. Perca-se (Jorge Luís Borges, 1899-1986).
Até a próxima!