Post-147

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

41. Jane Eyre, Charlotte Brontë (1816-55)

Charlotte é a irmã mais velha do trio de escritoras da família Brontë. As outras são: Emily (1818-48), que escreveu o famoso romance “O morro dos ventos uivantes” (v. Post 121), e Anne (1820-49). Todas morreram muito jovens, vitimadas pela tuberculose. A obra Jane Eyre foi lançada originalmente em três volumes em 1847. Para facilitar a aceitação do livro pelos editores, ele foi escrito sob o pseudônimo de Currer Bell. Lembremos que a irmã Emily também utilizava um pseudônimo com o mesmo sobrenome, no caso, Ellis Bell.

A obra segue a estrutura de um Bildungsroman (nome alemão para “romance de formação”), que é aquele que acompanha a jornada de um personagem ao longo de décadas de vida. No enredo, uma garota (Jane Eyre), após concluir a escola, vai trabalhar como preceptora em uma família britânica de posses. A enigmática figura do patrão vai, pouco a pouco, desvelando sua paixão pela nova funcionária da casa, um prato cheio para se inserir no livro os temas clássicos da época vitoriana, com tramas misteriosas, segredos pulsantes e os eternos desafios sobre o papel da mulher na sociedade.

Na avalanche de mortes prematuras na família Brontë (já indicamos no Post 121 que é a pronúncia do sobrenome é Bronty), sobraram, ao final, apenas o pai e Charlotte, a filha mais velha. Jane Eyre foi o primeiro romance escrito por ela, em um total de apenas quatro. O sucesso da obra fez com que os editores finalmente saciassem a curiosidade popular e revelassem o nome real da autora.   

Poucos romances estrangeiros tiveram no Brasil uma diversidade tão grande de tradutores. Alguns exemplos: em 1983 ocorreu a primeira publicação de Jane Eyre pela Francisco Alves, com tradução de Marcos Santarrita, seguida de edições da Vozes e da Pongetti, algumas delas consistindo em adaptações do texto original, às vezes com o curioso título de Joanna Eyre; em 1996 o livro foi lançado pela Editora Paz e Terra, com tradução de Lenita Maria Esteves e Almir Piseta, em 2008 pela Itatiaia (Waldemar R. Oliveira), em 2010 uma edição bilíngue da Landmark, traduzida por Doris Goettems, em 2015 foi a vez da Martin Claret, com tradução de Carlos Duarte e em 2021 dois lançamentos, o da Penguin (Fernanda Abreu) e o da Principis (Patrícia Rasmussen). Ufa, quanta variedade! O que ocorre é que, pela nossa legislação, a obra adquire domínio público 70 anos após a morte do autor. Portanto, as portas ficam abertas para a tradução continuada de livros com forte impacto junto ao público.

Também ocorreram diversas adaptações para o cinema e televisão. Fiquemos com as duas mais conhecidas, a de 1943, dirigida pelo inglês Robert Stevenson (1905-86), com Joan Fontaine (1917-2013) no papel-título e a de 1996, com direção do italiano Franco Zefirelli (1923-2019) e atuação da francesa Charlotte Gainsbourg (1971-).  

Línguas da Índia (10)

A língua guzerate (2)

O modo imperativo, que não costuma ser muito utilizado nos idiomas ocidentais, no guzerate é usado com frequência para a construção de pedidos, bênçãos e maldições. Além do idioma persa, que influenciou grandemente todos as línguas indo-arianas, o vocabulário do guzerate recebeu diversos empréstimos do inglês (por exemplo: tebal – table, saykal – bicycle, rum – room, anka – uncle, anti – anta, skul – escola) e, também, do português, que colonizaram parte da Índia (betaka – batata, kobi – couve, pǝgar – pagar, sabu – sabão, paau – pão).    

Dias da semana: somvaar, mangalvaar, buthvaar, guruvaar, shukravaar, shanivaar, ravivaar. São muito semelhantes aos do hindi e marati.

Pronomes pessoais: huu (eu), tu (você), te (ele), ǝme (nós-inclusivo) / apǝnne (nós-exclusivo), tǝme (vós), teo (eles). Já explicamos as características do “nós” inclusivo e exclusivo no último Post.

Números de 1 a 10: ૧ (ek), બે (be), ૩ (tra), ૪ (chaar), ૫ (paanch), ૬ (chha), ૭ (saat), ૮ (aath), ૯ (nav), ૧૦ (das). Parecidos com os do hindi e marati.

Algumas expressões:

નમસ્તે (Namaste – Olá), સુપ્રભાત (Suprabhat – Bom dia), આવજો (Avjo – Até logo), મને સમજાતું નથી (Mane samajatu nathi- Não entendo), મન્ને મફ કરો (Mane maaf karo – Desculpe), ધન્યવાદ (Dhanyavaad – Obrigado), હું તને પ્રેમ કરુ છું (Huum tane prem karoo chuum – Eu te amo).

Origem de nomes dos estados brasileiros (1)

Acre: o topônimoderiva do Rio Acre, que, por sua vez, possui pelo menos duas etimologias aceitas: do tupi-guarani a’kir (rio verde) ou aquela dos índios Apurinãs (família linguística aruaque) com a palavra akiri (água veloz ou rio dos jacarés). Como um elevado número de topônimos brasileiros é proveniente de línguas indígenas, cabe aqui ressaltar a informação geral de que é frequente a possibilidade de dois ou mais significados, conforme a partição feita no vocábulo original.

Alagoas: trata-se de uma variação do termo “lagoa” (do latim lacus) mediante uma prótese, ou seja, a incorporação do artigo à palavra. Em resumo, os dicionários registram “alagoa” como sinônimo de “lagoa”.

Amapá: provavelmente o nome é originário da língua tupi, significando “lugar da chuva” (ama-chuva, paba-lugar).

Amazonas: o nome do estado provém do nome do rio, dado pelo explorador espanhol Francisco de Orellana (1511-46) por ter encontrado na região uma tribo de mulheres guerreiras, semelhantes às “amazonas” da mitologia grega. O termo significa “sem seio” (a-não + mazós-seio), pelo fato de as mulheres cortarem um dos seios para assim melhor manusearem os arcos.

Frase para sobremesa: Existir é beber sem estar com sede (quanta sabedoria em frase tão curta) (Annie Ernaux, 1940-).

Até a próxima!

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