Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
40. O estrangeiro (L’Étranger), Albert Camus (1913-60)
De presença constante em todas as listas de “melhores livros”, O estrangeiro é considerado como a obra-prima do escritor franco-argelino Albert Camus. A biografia resumida desse grande escritor, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1957, está apresentada no Post 40. Sua morte prematura foi causada por um acidente de trânsito em uma rodovia francesa.
O personagem-título, que tem o nome de Mersault, é um colono francês residente na Argélia. Poucas semanas após o funeral da mãe, ele mata um homem árabe em uma praia da capital Argel, o qual esteve envolvido em conflito com um vizinho de Mersault. A obra é dividida em duas partes, ambas narradas em primeira pessoa pelo personagem principal: a primeira parte é a visão narrativa do personagem antes do assassinato e a segunda, depois do crime. Na condenação o juiz alega a frieza de Mersault, que não derramara nem uma lágrima no enterro da mãe, sendo, portanto, uma pessoa cruel e insensível. O livro foi publicado em 1942, ou seja, durante a ocupação nazista da França. Camus tinha receio de que a obra fosse censurada pelas forças de ocupação, o que acabou não ocorrendo.
A principal tradução brasileira é aquela feita por Valérie Rumjanek, responsável também pela versão de diversas outras obras de Camus. A primeira edição, lançada pela Editora Record em 1979, teve uma versão de livro de bolso em 2010 e uma reedição em 2021. Existe também uma versão do livro no formato de história em quadrinhos, traduzida por Carol Bensimon e editada por “Quadrinhos na Cia.”, um dos selos da Companhia das Letras.
Línguas da Índia (9)
A língua guzerate (1)
O idioma guzerate (forma preferível a gujarati), também do ramo indo-ariano, como as outras línguas da Índia vistas até agora, é a língua oficial do estado de Guzerate, localizado no lado oeste da Índia e fazendo fronteira com o Paquistão. Ele é a língua materna de 55 milhões de pessoas e a segunda língua para outras seis milhões. No exterior ela é falada nos países que receberam emigrantes guzerates, com destaque para o continente africano (Tanzânia, Uganda, Quênia, Ilhas Maurício) e para a América do Norte, principalmente nas cidades de Nova Iorque e Toronto. Já foram catalogados 12 grandes dialetos do guzerate, que era a língua nativa de Mahatma Gandhi (1869-1948).
O nome do idioma é originário da Dinastia Gurjara, que governou parte da Índia Medieval do século VI ao IX. A raça de gado Guzerá ou Guzerate tem sua origem nessa região. A língua evoluiu a partir do sânscrito, tendo ocorrido a perda de vogais longas e a fusão do dual com o plural, ou seja, não mais existe a terminação específica para objetos e pessoas na quantidade de dois. O alfabeto também é derivado do devanágari, não utilizando, contudo, aquela linha horizontal superior. Ele é silábico, isto é, toda consoante possui uma vogal adjunta a ela. Os primeiros documentos escritos remontam ao final do século XVI.
Como em todas as línguas indo-arianas faladas no subcontinente indiano (assim denominado por possuir uma placa tectônica própria, separada do resto da Ásia), a ordem das palavras na frase é S-O-V. Existem três gêneros (masculino, feminino, neutro) e sete casos (nominativo, acusativo, dativo, instrumental, genitivo, locativo e ablativo), em semelhança às línguas eslavas. Já vimos a descrição de todos esses casos em Posts anteriores, mas não custa reforçar: nominativo (sujeito), acusativo (objeto direto), dativo (objeto indireto), instrumental (indica o instrumento usado para uma ação), genitivo (posse), locativo (indica a localização), ablativo (indica a ação de afastamento). Não se preocupem, esse assunto não vai cair na prova.
Uma peculiaridade do guzerate é que alguns substantivos podem assumir diferentes gêneros a partir de mudanças nos sufixos. Normalmente, eles se tornam masculinos para designar o aumentativo, femininos para indicar o diminutivo e neutro para assumir uma conotação negativa. Desculpem-me, leitoras, o idioma é muito antigo, não há nada que possa ser feito em relação a esse preconceito.
Cidades e países que mudaram de nome (7)
América do Sul
- Guiana Holandesa para Suriname (1975).
- Guiana Inglesa para Guiana (1966).
Oceania:
- Ilhas Gilbert para Kiribati (1979).
- Ilhas Elice para Tuvalu(1975).
- Novas Hébridas para Vanuatu (1980).
Brasil
Para o Brasil vamos deixar apenas três exemplos:
- Território do Guaporé mudou em 1982 para Rondônia, tributo ao Marechal Cândido Rondon (1865-1958).
- Desterro, capital do estado de Santa Catarina,mudou em 1889 para Florianópolis, em deferência ao presidente Floriano Peixoto (1839-95).
- A capital do estado da Paraíba, Paraíba do Norte, teve o nome alterado para João Pessoa, um preito ao governador (1878-1930) assassinado por políticos adversários.
Frase para sobremesa: Tenho tempo nas minhas mãos, estou nas mãos do tempo, por isso posso muito bem responder por mim próprio. Mais cedo ou mais tarde, temos de contar com isso (Abdulrazak Gurnah, 1948-).
Bom descanso!