Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
39. Contos de Tchekhov, Anton Pavlovich Tchekhov (pronúncia Tchékhov)(1860-1904)
Aqui a designação da obra listada abrange o conjunto de contos escritos por Tchekhov, cujo número total chega próximo a 600. As respectivas compilações normalmente fazem uma seleção desse material e contêm, conforme critérios próprios dos editores, uma quantidade de contos capaz de gerar um bom desempenho comercial. Muitos analistas consideram Tchekhov como o maior contista da literatura (opinião essa que endosso plenamente). Poucos escritores conseguem oferecer ao leitor um cardápio tão variado, onde a leitura de cada conto é um deleite por si só, a fruição levada ao seu grau máximo. Àquela pergunta clássica em rodas de amigos, sobre qual livro levaríamos para uma ilha deserta, minha resposta já vem pronta, não carecendo de mais reflexões.
Curiosamente, ele não foi contemplado com o prêmio maior da Literatura. Quando o primeiro prêmio Nobel foi concedido em 1901 ao francês Sully Prudhomme, ocorreram manifestações que, embora não desmerecendo o mérito do laureado, questionavam os critérios para a não seleção de dois gigantes soviéticos: Lev Tolstoi e Anton Tchékhov. Com relação a esse último soma-se o fato de que a comunidade internacional tinha plena ciência de que ele estava acometido pela tuberculose e teria poucos anos de vida, o que, realmente, ocorreu.
Além de brilhante contista, Tchekhov era também um destacado dramaturgo. Suas quatro peças mais conhecidas (A gaivota, Tio Vânia, As três irmãs e O jardim das cerejeiras) até hoje são apresentadas em teatros de todo o mundo. É conhecido o fato de que a estreia de A gaivota em 1896 em São Petersburgo constituiu-se em clamoroso fracasso, tendo sido vaiada ao final por vários minutos. Dois anos depois foi reencenada em Moscou e aplaudida de pé também por longos minutos. Essa ocorrência entra no extenso rol das produções artísticas, seja no teatro, ópera, literatura, cinema, que malogram na estreia, mas algum tempo depois são glorificadas. No momento oportuno publicarei um Post sobre o tema.
Parte das obras de Tchekhov utiliza a técnica do fluxo de consciência -já apresentada em Posts anteriores – na qual ocorrem exames profundos dos processos mentais dos personagens, algo semelhante a um monólogo interior. Tchekhov entrou para Universidade de Moscou em 1879 para estudar Medicina, que foi a sua grande paixão. “A medicina é a minha legítima esposa, a literatura é apenas minha amante”. As pessoas mais pobres, que eram atendidas gratuitamente, constituíam um valioso celeiro para a criação de ricos personagens. Em 1894 surgem os primeiros sinais de tuberculose, cinco anos depois ele perde um irmão por essa enfermidade. Tchekhov casou-se em 1901 e logo depois a doença começou a atacá-lo de forma mais vigorosa. Em 1904, ano de seu falecimento, ele viajou para a cidade de Badenweiler, uma estação termal na Floresta Negra alemã. Sua esposa relatou que, minutos antes de morrer, ele pediu uma taça de champagne, pronunciou a frase “Ich sterbe” (“estou morrendo”, em alemão) e logo exalou o último suspiro. Seu corpo foi levado até Moscou em um vagão refrigerado – usado para transporte de ostras – onde uma multidão acompanhou o féretro ao cemitério.
Seria muito difícil destacar os melhores contos de Tchekhov, pois tal escolha depende de juízos pessoais. No entanto, merece registro aquele que é, provavelmente, o mais conhecido: A dama do cachorrinho (дама с собачой), que relata a ligação entre um homem e uma mulher, ambos casados, que se conhecem em um balneário na Crimeia. Dentre as traduções feitas diretamente do russo para o português podem ser lembradas: “A dama do cachorrinho e outras histórias”, Editora L & PM, 2009, tradução de Maria Aparecida Botelho Pereira Soares, outra com o mesmo título, Editora 34, 2015, tradução de Boris Schnaiderman, “Contos”, Editora Nova Fronteira, 2018, tradução de Tatiana Belinky e “Últimos contos”, Editora Todavia, 2023, tradução de Rubens Figueiredo.
Línguas da Índia (8)
A língua marati (2)
A língua marati, ao contrário da maioria dos idiomas indo-arianos, possui três gêneros: masculino, feminino e neutro. Uma característica do marati, não encontrada em nenhuma língua europeia fora do Cáucaso e presente apenas em algumas línguas indianas e idiomas esparsos na Oceania e na África, são as formas inclusiva e exclusiva do pronome “nós”. A primeira forma é usada quando o interlocutor está incluído: “você, eu e, eventualmente, outras pessoas”; na segunda forma o interlocutor não está incluído: “eu e os outros, mas não você”. É incrível como os idiomas têm a possibilidade de criarem mecanismos próprios de expressão.
Os pronomes pessoais são: me (eu), tu (você), to/ti/te (3a pessoa do singular, masculino, feminino, neutro), apan (nós – forma inclusiva)/aamhi (nós – forma exclusiva), tumhi (vós), te/tya/ti (3a pessoa do plural, masculino, feminino, neutro).
Os nomes dos números seguem uma orientação muito particular: aqueles de dois algarismos começam pelo segundo termo; assim 21 é “um e vinte”, como no alemão. No entanto, para o final 9 a regra muda, tornando a palavra subtrativa. Desta forma, 29 é “trinta menos um”.
Números de 1 a 10: १ (ek), २ (doon), ३ (theen), ४ (chaar), ५ (paanch), ६ (sahaa), ७ (saath), ८ (aath), ९ (nau), १० (dahaa).
Dias da semana: somavaar, mangalavaar, bhudavaar, guruvaar, shukravaar, shanivaar, ravivaar. São muito semelhantes aos do hindi.
Algumas expressões:
नमस्कार (Namaskaar – Olá), सु-प्रभात (Su-prabhaat – Bom dia), येतो (Yeto – Até logo, para falantes masculinos), येते (Yete – Até logo, para falantes femininos), मला समजत नाही (Malaa samajata naahi – Não entendo), माफ करा (Maaf karaaa – Desculpe), माझं तुझ्यावर प्रेम आहे (Maaja tujhyaavar prem aahe – Eu te amo; de preferência falado em voz calma, sem interrupções e sem gaguejar), धन्यवाद (Dhanyaavad – Obrigado). Fonte: Omniglot
Cidades e países que mudaram de nome (6)
América do Norte
- Nova Amsterdã mudou em 1664 para Nova Iorque.
América Central
- Honduras Britânica para Belize (1981)
Caribe
- Santo Domingo, depois Ciudad Trujillo (1936-61), voltou a Santo Domingo; ditador da República Dominicana Rafael Trujillo Molina (1891-1961), morreu assassinado; governou o país de forma direta (como presidente) ou indireta (com eleição de aliados, inclusive seu irmão) por 31 anos; houve também a mudança de nome de uma província e, pasmem-se, até do pico mais alto do país, realmente algo inusitado; é o mais emblemático exemplo do “culto à personalidade” no cenário latino-americano.
Frase para sobremesa: Sinceramente, eu perdi a vontade de viajar. E não foi por causa do medo de atentados ou guerras. Eu perdi a vontade de viajar, envergonhada com minha própria liberdade, da qual outros carecem (Olga Tokarczuk, 1962-).
Até a próxima!