Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
38. Mrs. Dalloway, Virginia Woolf (1882-1941)
Trata-se de um romance histórico, lançado em 1925, que narra um dia na vida de uma mulher da burguesia (Clarissa Dalloway) na Inglaterra do período após a Primeira Guerra Mundial. O livro mostra as preparações de Clarissa para uma festa que ela organizará em sua casa. Enquanto caminha pelas ruas de Londres ela desenvolve reflexões sobre feminismo, homossexualidade e questões existenciais. Esta mesma personagem aparece em outros romances de Woolf. A obra é marcada por algumas características típicas da prosa da autora, como a ausência de distinções entre discurso direto e indireto, as descrições oniscientes (em que o narrador tudo sabe) e profusão de monólogos interiores. Existem claras similaridades estruturais entre os livros “Mrs. Dalloway” e “Ulysses”, de James Joyce (1882-1941), apresentado no Post 113. Lembremos que esses dois autores nasceram e morreram nos mesmos anos. O marido de Virginia, Leonard Woolf, era proprietário de uma editora inglesa (Hogarth Press), que tentou publicar “Ulysses” no Reino Unido, mas acabou desistindo devido à lei contra obscenidade em vigor na Inglaterra e, também, pelo grande volume da obra. Em Post recente (128) pode ser encontrada uma sucinta biografia de Virginia Woolf.
Duas adaptações para o cinema merecem registro: o filme Mrs. Dalloway, de 1997, dirigido pela holandesa Marleen Goris (1948), com a premiada atriz Vanessa Redgrave no papel-título, e “As horas” (The hours), com direção do britânico Stephen Daldry (1960-) e atuação de Meryl Streep (1949-). O romance recebeu diversas traduções para o português: em 2013, de Tomaz Tadeu, Editora Autêntica, obra ganhadora do Prêmio Jabuti de Tradução nesse ano, em 2017, de Cláudio Alves Marcondes, editado pela Penguin, em 2021, de Eliane Fittipaldi, Editora Martin Claret e em 2023, por Thais Paiva e Stephanie Fernandes, Editora Nano.
Línguas da Índia (7)
A língua marati (1)
O idioma marati (ou marata) pertence ao ramo indo-ariano da família indo-europeia, sendo usado por mais de 90 milhões de pessoas, sendo 70 milhões de falantes nativos e 20 milhões que o adotam como segunda língua. É o terceiro maior idioma da Índia em falantes nativos, depois do hindi e do bengali. O marati é a língua oficial do estado de Maharashtra, localizado na costa central ocidental da Índia. A capital desse estado é a gigantesca cidade de Mumbai (antes Bombaim), a maior do país com seus 22 milhões de habitantes. O marati é também falado no estado vizinho de Goa, em diversos bolsões linguísticos nas províncias adjacentes e por indianos que emigraram para as Ilhas Maurício, no Oceano Indico.
O alfabeto utilizado é uma versão do devanágari (língua hindi), contando com algumas letras adicionais e utilizando caracteres ocidentais de pontuação. Ele também possui a linha horizontal superior cobrindo as palavras, como no hindi e no bengali. Dentre as línguas modernas da Índia, o marati é uma das que possuem as literaturas mais antigas. Ele é derivado do antigo Maharashtri, que surgiu como língua independente no século I a.C. A língua marati se consolidou como idioma próprio a partir do século VIII. Foi o idioma oficial do poderoso Império Maratha, que existiu entre 1674 e 1818, o qual incluía a cidade de Delhi. Na época do início do império as palavras persas constituíam cerca de 80% do vocabulário do idioma. Esforços foram feitos para que essa influência fosse reduzida, inclusive por meio da criação de novos termos para substituir aqueles de origem persa. Atualmente, esse percentual está em torno de 30. A padronização da gramática foi feita por missionários cristãos britânicos no início do século XIX. A tradução da Bíblia foi o primeiro livro escrito na gramática padronizada.
São conhecidos 42 dialetos do marati, diferenciados basicamente pela fonética. A migração de parte da etnia para o sul da Índia levou consigo o idioma usado no século XVII, o qual é praticado até hoje nessa região. Uma característica fonética do marati -a qual não existe nas outras línguas que utilizam o alfabeto devanágari -é o uso da letra “ǝ” para transliteração de determinados sons. Já vimos em outros idiomas o uso desse “e” de cabeça para baixo, que representa um fonema similar ao da letra a na palavra inglesa about, lembrando uma mistura entre “a” e “e”.
O marati é um idioma “aglutinativo”, ou seja, havendo a formação de palavras pela união de morfemas, como vimos para as línguas do ramo fino-úgrico (finlandês, estoniano, húngaro), sendo também uma característica do japonês e do coreano. A língua é ergativa (recordando: os sujeitos de verbos transitivos são também declinados) e segue a ordem S-O-V na formação das frases, isto é, o verbo vem em último lugar.
Cidades e países que mudaram de nome (5)
Ásia:
- Pérsia mudou em 1935 para Irã
- Paquistão Oriental para Bangladesh (1971)
- Sião para Tailândia (1930)
- Ceilão para Sri Lanka (1948)
- Formosa (nome dado pelos portugueses) para Taiwan (1971)
- Burma para Myanmar (1989)
- A cidade de Edo mudou o nome em 1868 para Tóquio.
- A atual capital do Cazaquistão tinha o nome de Aqmola no período antigo. Passou a se chamar Astana até 2019, quando em um surto de vaidade, o presidente à época, Nursultan Nazarbayev (1940-) a rebatizou como Nursultan. Em 2022, com o presidente já afastado, ela voltou a se chamar Astana.
- Saigon, no Vietnã, mudou em 1975 para Ho Chi Minh, em homenagem ao líder revolucionário (1890-1969).
- Os Emirados Árabes Unidos tinham até 1971 a simpática denominação de Estados da Trégua, em lembrança a um acordo de paz feito com os britânicos.
Frase para sobremesa: A melhor coisa que você pode fazer por uma pessoa é inspirá-la (Bob Dylan, 1941-)
Bom descanso!