Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
36. As viagens de Gulliver (Gulliver’s travel), Jonathan Swift (1667-1745)
É um dos clássicos da literatura fantástica, o qual até hoje encanta crianças e adultos. O título anterior da obra era um pouco mais longo: “Viagens a diversos países remotos do mundo, em quatro partes, por Lemuel Gulliver, cirurgião naval”. Após escapar de um naufrágio, Gulliver chega a uma ilha fictícia no Oceano Indico, denominada Lilliput, onde os habitantes são bastante pequenos, não ultrapassando 15 centímetros de altura. Acusado de traição ao povo, ele consegue fugir do misterioso local. Na continuidade das aventuras, Gulliver navega até Brobdingnag, na costa da América do Norte, a qual é a moradia de pessoas gigantes. Depois de algum tempo já habituado à curiosa vida, uma águia enorme leva a pequena casa de Gulliver para o oceano. Ele consegue ser resgatado por marinheiros que o trazem de volta à Inglaterra. E as peripécias continuam em confrontos com piratas, cavalgadas em cavalos falantes e viagens em ilhas voadoras.
O livro, lançado em 1726, foi impresso em Londres com a utilização simultânea de cinco gráficas distintas, tanto para acelerar a produção quanto para evitar pirataria. Dentre as várias adaptações para o cinema e a televisão vamos destacar duas. A mais antiga é um filme mudo de George Méliès (1861-1938) – conhecido como um dos pioneiros do cinema – lançado em 1902, e que tem a duração de quatro minutos. A mais recente é uma produção norte-americana de 2010, dirigida por Rob Letterman (1970-) e com Jack Black (1969-) no papel de Gulliver.
O escritor irlandês Jonathan Swift era também clérigo, tendo obtido em 1693 o doutorado em Teologia pela Universidade de Oxford. Suas outras obras, pouco conhecidas, consistem em sátiras políticas, panfletos e poemas. Todas as produções literárias eram assinadas por pseudônimos, como foi o caso de Viagens de Gulliver, narrado em primeira pessoa pelo próprio Lemuel Gulliver. Swift, que tinha frequentes crises de surdez, acabou morrendo surdo e louco, triste fim para quem possuía uma mente tão criativa.
Existem diversas traduções de “Viagens de Gulliver” para o idioma português. Contudo, a maior parte delas consiste em adaptações destinadas aos públicos infantil e juvenil. Dentre as traduções completas, podem ser citadas, em ordem cronológica: Terezinha Monteiro Deutsch, lançada pela Editora Nova Cultura em 2003, Paulo Henriques Britto, publicada em 2010 pela Penguin e José Roberto O’Shea, lançada no final de 2023 pela Editora Zahar.
Línguas da Índia (5)
A língua bengali (2)
Uma característica do idioma bengali é a amplitude de vocabulário para tratamentos íntimos (para irmãos, amigos próximos, colegas de classe), informais ou coloquiais (marido e mulher, amigos, parentes) e formais (pessoas estranhas, colegas de trabalho). Os idiomas indo-arianos sempre fazem essa distinção, mas no bengali o cuidado chega a extremos. Vejamos, por exemplo, os pronomes pessoais: eu: ami, você: tui (íntimo)/tumi (informal)/apni (formal), ele/ela (não há distinção de gênero): e (próximo de quem fala, informal)/ini (próximo de quem fala, formal), o (distante de quem fala, informal)/uni (distante de quem fala, formal), se (lugar indefinido, informal)/tini lugar indefinido, formal); na terceira pessoa do singular não há o tratamento íntimo; nós: amra (só existe o informal), vós: tora (íntimo)/tomra (informal)/apnara (formal); eles/elas: só existe a versão informal: era (próximo)/ora (distante)/tara (indefinido).
Se, porventura, alguém apresentar a vocês um intrincado problema de física quântica ou imperfeições no desenvolvimento de um algoritmo para inteligência artificial, não se acanhem e retruquem: “isso é até fácil, difícil mesmo são os pronomes pessoais em bengali.”
O idioma segue o padrão S-O-V para a ordem das palavras na frase. Na fonética, o acento recai geralmente sobre a primeira sílaba. Os aspectos, os quais indicam a essência da ação verbal (não confundam com os casos, p.ex. acusativo, dativo, genitivo…), podem adquirir várias formas: perfectivo (ação finalizada), imperfectivo (ação inconclusa), estativo (ação continuada), progressivo (ênfase no desenvolvimento da ação), iterativo (ações repetidas), inceptivo (ação no início), terminativo (ação no final).
A formação do possessivo é feita por sufixação. Assim: baba (pai), babar (do pai). Na formação do plural é frequente a duplicação de palavras. Por exemplo: mota boi (livro grosso), mota mota boi (livros grossos). Outra peculiaridade da língua bengali é o uso do vocabulário conforme a religião do falante. No caso de expressões de cumprimento, como veremos mais à frente, isso é até compreensível. Mas não para palavras comuns, de uso diário. Enquanto os muçulmanos, cujo vocabulário é mais influenciado pelo persa e pelo árabe, usam jôl para designar “água”, essa mesma palavra é expressa por pani para os hindus, mais sujeitos à influência do sânscrito. Ou seja, pode-se avaliar a religião de alguém pelo simples gesto de pedir um copo de água. Outros exemplos, na ordem muçulmano/hindu: irmã (didi/apa), oração (prarthona/dua).
Dias da semana (semelhantes ao hindi): Somabaara, Mangalabaara, Budhabaara, Brhaspatibaara, Sukrabaara, Sanibaara, Rabibaara.
Numerais de 1 a 10: ১ (ekh), ২ (dui), ৩ (tin), ৪ (chaar), ৫ (paach), ৬ (choy), ৭ (shaat), ৮ (aat), ৯ (noy), ১০ (dosh).
Uma pegadinha, por exemplo para festas de crianças da quarta série, é mostrar o número 4 em alfabeto bengali e esperar a reação.
Cidades e países que mudaram de nome (3)
África
- Rodésia do Sul (homenagem a Cecil Rhodes, 1853-1902, colonizador britânico) mudou em 1979 para Zimbabwe; sua capital, Salisbury (em honra a um primeiro-ministro inglês, Marquês de Salisbury)mudou em 1982 para Harare.
- Rodésia do Norte mudou em 1963 para Zâmbia.
- Estado Livre do Congo, possessão particular do rei Leopoldo II da Bélgica, passou a se chamar Congo Belga em 1908, nome esse que permaneceu até 1960, quando foi denominado República do Congo, em 1964 República Democrática do Congo, em 1971 Zaire e em 1997 voltou a se chamar República Democrática do Congo. Sua capital, antes Leopoldville, passou a se chamar Kinshasa em 1966, que é maior cidade francofônica do mundo, pois possui uma população de 14 milhões de habitantes, quase sete vezes superior à de Paris.
- Daomé mudou em 1975 para República Popular do Benin e em 1991 para República do Benin.
- Niassalândia (às margens do lago Niassa ou Malawi) mudou em 1964 para Malawi.
- Sudoeste Africano Alemão mudou em 1915 para Sudoeste Africano e em 1990 para República da Namíbia.
Frase para sobremesa: As únicas mentiras pelas quais somos realmente punidos são aquelas que contamos a nós próprios (V.S. Naipaul, 1932-2018).
Bom descanso!