Post-141

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

35. Middlemarch: um estudo da vida provinciana (Middlemarch: a study of provincial life), George Eliot (1819-80)

O livro foi publicado inicialmente em série em 1871, com a primeira edição em um único volume saindo em 1874. É a obra mais popular da escritora britânica George Eliot, pseudônimo (em inglês pen name, em francês nom de plume) de Mary Anne Evans. O romance, que envolve grande número de personagens, muitas tramas e narrativas interligadas, se passa na cidade fictícia de Middlemarch, na Inglaterra. A obra é considerada um exemplo do Realismo do século XIX, abordando temas como casamento, religião, papel da mulher na sociedade, arte, política, educação, os quais também estão presentes nos seus outros romances. O livro, que possui mais de 800 páginas, constitui-se ainda em um valioso apanhado histórico sobre a vida provinciana na época pré-vitoriana. A sinopse de obra tão volumosa, envolvendo interações muito variadas entre tantos personagens, se torna uma tarefa muito desafiadora. Segundo a escritora Virginia Woolf (1882-1941), v. Post 128, esse “é um dos poucos romances ingleses escritos para adultos”.

No Brasil existem, pelo menos, três traduções: de Leonardo Fróes (Editora Pinard), de Solange Pinheiro (Editora Martin Claret) e de Maria Aparecida Mello Fontes (Editora Pedrazul, 2023). Em Portugal o título não segue exatamente o original inglês: “A vida era assim em Middlemarch”.

Outra famosa escritora com o mesmo prenome foi a francesa George Sand (1804-76). A inglesa George Eliot estreou na literatura ainda jovem, como tradutora de livros religiosos do alemão para o inglês. Middlemarch é o penúltimo dos seus sete romances publicados. O restante de sua produção literária consiste em poesias e em alguns ensaios. Em 1849 ela passou um ano na Suiça, mudando-se para Londres no ano seguinte, com a intenção de se tornar escritora. Eliot se considerava como uma pessoa de poucos dotes físicos de beleza, não vendo assim perspectivas de casamento. Mas a vida pensava diferente, pois Eliot se relacionou por mais de vinte anos com um homem casado, ambos sem terem preocupações de ocultar essa condição. Em 1880, ano de seu falecimento, casou-se com um homem vinte anos mais jovem. Passaram a lua de mel em Veneza, onde ele tentou o suicídio se atirando no Grande Canal. Logo após o retorno a Londres ela contraiu uma grave infecção de garganta, a qual, aliada a uma doença renal, provocou sua morte. Devido à vida libertina, conhecida por todos, Eliot não pôde ser enterrada na Abadia de Westminster em Londres, o panteão dos grandes escritores ingleses.

Línguas da Índia (4)

A língua bengali (1)

Também da família indo-europeia, ramo indo-ariano, a língua bengali é o sexto idioma mais falado no mundo. São mais de 200 milhões de usuários, com 150 milhões apenas em Bangladesh. Além disso, o bengali é usado na Índia (província de Bengala Ocidental, tendo a gigantesca cidade de Calcutá como capital), no Nepal e em outras regiões do entorno de Bangladesh. Recordemos que o poeta Rabindranath Tagore, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1913 (v. Post 7) é a maior expressão da literatura bengali. Conforme destacamos, ele é ainda o autor dos hinos nacionais da Índia e de Bangladesh, havendo quem diga que também o hino nacional de Sri Lanka é inspirado em um poema de Tagore. Comentamos no Post anterior que a região de Bengala era subdividida em territórios de Bengala Ocidental e do Paquistão Oriental. Este último, em 1971, transformou-se na nova nação de Bangladesh. Se algum de vocês considera curioso o topônimo “Bengala” e rumina a ideia de que ele poderia ser a origem da nossa bengala, sinônimo de bastão, acertou em cheio, pois esses primeiros cajados eram fabricados com a resistente “cana ou madeira de Bengala”.  

Como era de se esperar, bengali é um idioma muito diversificado em seus dialetos, os quais, na realidade, formam um continuum, ou seja, as mudanças não são abruptas, mas graduais no seu contexto geográfico. As diferenças dialetais são muito mais na fonética do que no léxico. A língua bengali, assim como muitas outras do ramo indo-ariano, deriva do sânscrito clássico. Os textos mais antigos, consistindo em canções budistas, remontam ao século XI. A forma literária moderna, estabelecida ao final do século XIX, foi baseada no dialeto da região de Nadia, pertencente a Bengala Ocidental e fazendo fronteira com Bangladesh. Existem muitos empréstimos das línguas árabe, persa e, mais recentemente, do inglês.  Na época do Paquistão Oriental, portanto até 1971, o governo do Paquistão tentou impor o uso do idioma urdu (v. Post anterior), a língua nacional do país, a todos os cidadãos, o que praticamente significava a proibição de uso do bengali. Ocorreram diversos conflitos decorrentes dessa medida restritiva. Em 21/02/1952 cinco estudantes universitários de língua bengali foram mortos pelo exército paquistanês quando protestavam contra a imposição do urdu. A UNESCO considera que eles tenham sido os primeiros mártires pelo direito de falar sua língua natal e assim designaram 21 de fevereiro como “Dia Internacional da Língua Materna”.

O alfabeto bengali, um pouco distinto daquele utilizado para o hindi, também é derivado da escrita devanágari. É um alfabeto cursivo, escrito da esquerda para a direita, sem letras maiúsculas e possuindo aquela charmosa linha horizontal sobre os grafemas (unidades de um sistema de escrita). Existem letras para as consoantes e sinais diacríticos para representação das vogais. A língua bengali possui uma grande quantidade de ditongos e quase 300 ligaduras, que são os encontros consonantais. Em épocas passadas o bengali chegou a ser escrito no alfabeto perso-árabe em determinadas regiões, mas isso não ocorre atualmente. Um detalhe nos sinais de pontuação é que o ponto final – aquela simpática bolinha usada em grande parte do mundo – na escrita bengali é representado por um traço vertical descendente (I).

Cidades e países que mudaram de nome (2)

Europa

  • Capital do país Montenegro: Birziminium (na época da fundação, século XI), Ribnica (durante a Idade Média), Podgorica (1326-1946), Titograd (de 1946 a 92, homenagem ao líder iugoslavoJosif Tito, 1892-1980), retorno ao nome Podgorica a partir de 1992.
  • Cidade na Rússia: São Petersburgo (teve esse nome de 1703 a 1914; homenagem ao seu fundador, Pedro, o Grande,1672-1725; note-se que o nome russo não tem o “s” de ligação: Sankt Peterburg), Petrogrado (de 1914 a 24), Leningrado (de 1924 a 91, homenagem a Vladimir Lênin, 1870-1924), volta a São Petersburgo (a partir de 1991, ano da fragmentação do Império Soviético).
  • Capital da Noruega: chamava-se anteriormente Oslo; após ser destruída em um incêndio foi reconstruída por Cristiano IV (1577-1648), rei da Dinamarca e Noruega, passando a ter o nome de Cristiânia, de1624 até 1925, quando foi retomado o nome original de Oslo.
  • Cidade na Rússia: Tzaristsyin (1589-1925), Stalingrado (1925-61); homenagem a Josif Stalin, 1878-1953, Volgogrado (a partir de 1961). De forma absolutamente curiosa, um decreto municipal de 2013 estabeleceu que a cidade volta a ter o nome de Stalingrado durante os feriados anuais ligados à Segunda Guerra Mundial. Deve ser caso único no mundo.

Frase para sobremesa: Eu sempre fico espantado por uma floresta. Ela me faz entender que a fantasia da natureza é muito maior do que a minha própria fantasia. Ainda tenho coisas para aprender (Günter Grass, 1927-2015).

Até a próxima!

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *