Post-136

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

30. Absalão, Absalão! (Absalom, Absalom!), William Faulkner (1897-1962)

No Post 131 já apresentamos uma das obras, sem dúvida a mais conhecida, do escritor norte-americano William Faulkner: “O som a e fúria”. Agora este mesmo autor retorna à lista dos Melhores Livros com um romance publicado em 1936, portanto sete anos após o mencionado livro, com o título de “Absalão, Absalão!”. O enredo desenvolve-se durante e após a Guerra Civil Americana (1861-5) com o relato da vida de Thomas Sutpen, um fazendeiro que, tendo nascido pobre, experimenta uma sólida ascensão financeira. Após possuir plantações e ter construído uma luxuosa mansão, ele almeja ter filhos que possam ser seus herdeiros. E o desejo se concretiza com o nascimento de Henry e Judith, cujas vidas se constituirão em tragédias, ruínas, incesto, apresentadas em um ambiente sombrio e violento. A obra é relatada pelas perspectivas de três personagens, o que retoma o padrão visto em “O som e a fúria”. A história é narrada através de memórias e conversas, apresentadas em ordem não cronológica e com a presença de diversos detalhes divergentes. O narrador principal é Quentin Compson, filho mais velho da família de “O som e a fúria”. Trata-se uma trama complexa sobre a degenerescência física e moral dos personagens, incluindo a questão da mistura de raças.

O romance é considerado como um exemplo da chamada “literatura gótica”, um gênero de prosa ficcional que envolve mistério e terror, geralmente em ambientes lúgubres e fantasmagóricos, com a presença de elementos sobrenaturais e as características da psicologia do terror. O gênero surgiu na Inglaterra e nos EUA nos séculos XVIII e XIX. O título deste romance é uma referência bíblica a Absalão, filho do rei Davi, que se rebela contra o pai. Embora a indústria cinematográfica norte-americana seja muito ágil na adaptação para as telas de obras consagradas na literatura, desta feita não foi o caso, provavelmente pelas dificuldades em se condensar romances desta natureza. A tradução para o português mais recente é de autoria dupla: Celso Paciornik e Julia Romeu, em livro publicado pela Editora Cosac & Naify em 2015.     

A língua amárica (2)

Algumas curiosidades sobre a Etiópia. 1) Ele é o único país do mundo onde são encontrados judeus negros. 2) Foi ali onde ocorreu o achado do famosíssimo fóssil Lucy (Australopithecus afarensis), de 3,2 milhões de anos de idade e que possui um joelho virado, prova inequívoca do seu andar ereto. 3) O cultivo do café começou na Etiópia, há cerca de mil anos (no Brasil apenas no século XIX). A etimologia da palavra “café” remete à província etíope de Kaffa. Em amárico o nome para café é bunna, provavelmente o único termo nas línguas do mundo que não é cognato com a palavra “café”.   

Dias da semana: sänno, maksänno, räbu, amus, arb, k’idame, ihud.

Numerais de 1 a 10: and, hulätt, sost, aratt, ammǝst, sǝddǝst, säbatt, sǝmmǝnt, zätänn, asser.  ፩, ፪, ፫, ፬, ፭, ፮, ፯, ፰, ፱, ፲. Como pode ser observado, todos os numerais levam acima e abaixo um traço horizontal, conhecido como vinculum.

ሰላም። (sälam, olá), እንደምን አደርክ (ǝndämǝn addärk, bom dia), ቻው (chaw, até logo), አልገባኝም (algäbbanem, eu não entendo), አዝናለሁ (azǝnallähw, desculpe), እባክህ (ǝbakǝh, por favor), አፈቅርሀለሁ። (ǝfäqrǝhallähw, eu te amo – para um homem falando), አፈቅርሻለሁ።  (ǝfäqrǝshallähw, eu te amo – mulher falando), አመሰግናለሁ (amäsaggänallähw, obrigado). Fonte: Omniglot

Outras línguas semíticas (1)

Naregião da Etiópia e dos países vizinhosexistem outros idiomas do grupo semítico. Os mais relevantes, que serão descritos a seguir, são o tigrínio e o tigré.

Língua tigrínia

É o idioma falado pelo povo tigrínio, que vive na região da Tigrínia, no norte da Etiópia, além de ser a língua oficial no país vizinho da Eritreia, o qual tornou-se independente após 30 anos de guerra com a Etiópia. Estima-se um total de 10 milhões de falantes do tigrínio. Destaca-se que, na Etiópia, é o terceiro idioma mais usado, depois do oromo e do amárico. Existem diversos dialetos do tigrínio, mas nenhum deles é considerado como padrão.

A língua é escrita no alfabeto abuguida, semelhante ao do amárico. No entanto, existem algumas diferenças fonéticas entre os dois idiomas. Os primeiros registros escritos do tigrínio são códigos de leis, datados do século XIII. Da mesma forma que no amárico, ocorre também a geminação das palavras, a qual não é assinalada na escrita. A gramática, no geral, é semelhante à do amárico, inclusive com a ordem S-O-V das palavras na frase. Algumas particularidades do tigrínio são a utilização da forma vocativa, usada para chamar a atenção do interlocutor, e a curiosíssima presença de uma partícula (do) ao final das frases interrogativas que podem ser respondidas com “sim” ou “não”. Para as demais situações, como, por exemplo, “a que horas chega o trem?” a partícula é dispensada. Alguns exemplos de expressões: kemey hadirka (masculino) e kemey hadirki (feminino), significando “bom dia” e yekenyeley (obrigado, para ambos os gêneros).

(continua no próximo Post)

Palavras originárias de nomes de lugares ou povos (3)

Dólar: de Taler, antiga moeda alemã de prata, cunhada pela primeira vez na cidade de Joachimsthal, atualmente na República Tcheca.

Filisteu: mais uma palavra para designar pessoas incultas e pouco inteligentes (de Filisteia, região histórica, localizada aproximadamente onde se situa a Palestina).

Lacônico: conciso, sucinto(de Lacônia, região histórica da Grécia antiga, também conhecida como Lacedemônia, tendo a cidade de Esparta como capital. Os espartanos eram famosos pela austeridade e rigor, inclusive no uso das palavras).

Lesbianismo: atração sexual entre mulheres (da ilha grega de Lesbos, onde teria vivido a poetisa Safo, século VI a.C., que compunha versos sobre a sexualidade feminina). 

Maçã: da antiga cidade germânica de Mattium, onde era cultivada.

Magenta: tom vivo de vermelho, em homenagem à cidade italiana de Magenta (Lombardia) onde tropas italianas venceram uma batalha contra o exército austríaco.

Frase para sobremesa: O que põe o mundo em movimento é a interação das diferenças, suas atrações e repulsões; a vida é pluralidade, morte é uniformidade (Octavio Paz, 1914-98).

Bom descanso!

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