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Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

26. 1984 (Nineteen Eighty Four), George Orwell (1903-50)

É um dos romances de língua inglesa, do século XX, mais conhecidos dos leitores. Ele é caracterizado, atualmente, como sendo uma obra distópica, termo esse que vem ganhando evidência ao longo das últimas décadas. Este atributo, uma antítese da “utopia”, refere-se a um estado imaginário, no qual as pessoas vivem sob condições de privação, opressão e desespero. É marcante como as produções qualificadas como distópicas, seja na escrita, no cinema, na música e, principalmente, nas histórias em quadrinhos, têm atualmente caído no gosto de uma expressiva parte da população, talvez ela própria desencantada com os rumos da política e do planeta. Nesse aspecto, o livro “1984” é uma obra pioneira. Ela é ambientada na Pista de Pouso número 1, um novo nome dado à Inglaterra, em um mundo de guerra perpétua, dominado pelo totalitarismo e pela vigilância governamental. O personagem principal é Winston Smith, um empregado do governo para falsificação de documentos públicos e que, revoltado, inicia uma rebelião contra o sistema.  Até um novo idioma (Novilíngua) foi criado no âmbito do livro, caracterizado não pelo surgimento de novas palavras, mas pela eliminação de termos sinônimos, de tal forma que tudo pudesse ser expressado da forma mais simples possível, conforme orientação do líder do Partido, o Grande Irmão (Big Brother). Este termo foi usado desde o início da febre de “reality shows”, inicialmente na Holanda, depois espalhando suas garras por grande parte do mundo.

O livro foi escrito entre 1947 e 48, em uma remota ilha da Escócia, quando Orwell tentava se recuperar de uma tuberculose. Essa enfermidade foi a causa de sua prematura morte, aos 46 anos de idade. Inicialmente o livro se chamaria The last man in Europe, mas o editor sugeriu a mudança para um título mais original. A razão da escolha do ano de 1984 é desconhecida. Como sempre, existem várias versões para uma possível explicação. Deixemo-las de lado. O conhecido escritor britânico Anthony Burgess (1917-93), autor do famoso livro “A Laranja Mecânica”, escreveu um romance denominado “1985”, obviamente em homenagem a Orwell.   

George Orwell, nascido de pais britânicos na Índia, mudou-se com um ano de idade para a Inglaterra. Seu nome de batismo era Eric Arthur Blair. Ele resolveu adotar um pseudônimo para evitar a vergonha dos pais por escritos tão ácidos e pessimistas. George, um prenome inglês comum, designa o santo padroeiro da Inglaterra e Orwell homenageia o rio homônimo, no sudeste da Inglaterra, onde ele costumava passar as férias de infância. Influenciado pelas memórias familiares de seus pais em relação à Índia, Orwell resolve trabalhar na Polícia Imperial Indiana na Birmânia (atual Myanmar), onde fica de 1922 a 27. Anos mais tarde (1934) ele descreve suas impressões no livro Burmese days. Após curto período na Inglaterra, parte para Paris, onde vive por dois anos (1928-9). Sempre à busca de novas aventuras, viaja à Espanha para combater na Guerra Civil Espanhola (1936-39), ao lado das tropas republicanas. Um ferimento a bala no pescoço provoca alteração permanente no timbre de sua voz. Em 1945 publica uma de suas obras mais conhecidas, Animal Farm, traduzida no Brasil como “A revolução dos bichos” ou, mais recentemente, “A fazenda dos animais”. O coroamento de sua curta produção literária (apenas seis romances) veio em 1949 com o livro 1984. No entanto, Orwell escreveu uma grande quantidade de ensaios e artigos. Em um deles foi cunhada a expressão “guerra fria” para designar uma paz em que não há paz, particularmente em relação a uma guerra nuclear.

As traduções mais recentes para o português foram feitas por Heloisa Jahn e Alexandre Hubner, 2009, Companhia das Letras e por Rafael Arrais, com publicação da Editora Bibliomundi (2023).  Para o cinema existem duas adaptações, a primeira de 1956, dirigida pelo longevo britânico Michael Anderson (1920-2018) e a segunda pelo também britânico Michael Radford (1946-)

A língua hebraica (2)

O alfabeto hebraico, que é derivado da escrita fenícia, é consonantal, possuindo 22 letras e sendo escrito da direita para a esquerda. Isto não quer dizer que as palavras não possuam vogais, elas apenas não são escritas. Nele não existe distinção entre letras maiúsculas e minúsculas. O alfabeto usado na escrita impressa é denominado de “quadrático”, devido ao formado geral das letras. Há também a versão cursiva para escrita à mão. Como em todas as línguas semíticas, existem dois gêneros, masculino e feminino, que são incorporados à palavra na forma de sufixos. O hebraico não possui artigo indefinido. Já o artigo definido (ha), prefixado à palavra, é o mesmo para os nomes masculinos, femininos e plurais. O Hebraico Clássico seguia a ordem das palavras na configuração V-S-O, ao passo que, no Hebraico Moderno, é mais comum o padrão S-V-O. A morfologia da quase totalidade das palavras é baseada em um conjunto ou núcleo de três consoantes básicas, de onde são derivados os respectivos substantivos, verbos, adjetivos e advérbios, fenômeno esse comum a todas as línguas semíticas.  

Alguns verbos podem ser omitidos no tempo presente, ou seja, não existe a cópula (verbo de ligação). Por exemplo a frase ani yehudi (eu sou judeu) dispensa a presença de verbo no tempo presente. Vimos que isto ocorre também em outros idiomas, como é o caso do russo. A forma básica para a derivação das conjugações verbais, que não são complexas, é a terceira pessoa do masculino singular no passado. Os casos verbais são mais frequentemente construídos não por inflexões (declinações), mas pelo uso de preposições, como ocorre na língua portuguesa. A fonética do hebraico é marcada pela forte presença de sons guturais, a exemplo do árabe. Algumas consoantes mudam a pronúncia após uma vogal, o que é conhecido por lenição (enfraquecimento). O hebraico utiliza partículas existenciais, que são invariáveis: yeš (tem, há, existe) e eyn (não tem, não há, não existe). Outra característica da língua é o uso do marcador de objeto direto et. Esse termo, que não é traduzido, apenas indica que a palavra é seguida de um objeto direto. Na linguagem coloquial ele vem sendo abolido. Tal particularidade ocorre também em algumas línguas latinas, como no espanhol, onde, na frase “yo vi a Pedro”, a partícula “a” exerce essa função de indicação do objeto direto. O comparativo é bastante fácil, pois não existem formas irregulares. Basta inserir a palavra yoter, que significa “mais”: mais bonito, mais caro, mais bom, mais grande …. 

(continua no próximo Post)

Só uma letrinha… (1)

Acertar (atingir o alvo), assertar (afirmar); contentamento (satisfação), contemptamento (desprezo); taxar (avaliar, cobrar), tachar (censurar, desaprovar); iludir (enganar), eludir (evitar); bailado (dança), bailiado (território administrado por um bailio, i.e., magistrado); paráfrase (maneira diferente de dizer algo; interpretação de um texto), perífrase (circunlóquio); tolo (com “o” aberto: sepultura pré-histórica; com “o” fechado: simplório, ingênuo); missão comprida (longa), missão cumprida (realizada); indecente (que fere os bons costumes), indeiscente (que apresenta “indeiscência”; diz-se de um órgão vegetal que não se abre naturalmente ao alcançar a maturação);

Frase para sobremesa: O mistério da vida não é resolvido pelo sucesso, o que é um fim em si, mas no fracasso, na luta perpétua, no tornar-se (Patrick White, 1912-90)

Até a próxima!

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