Post-130

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

24. Coração das Trevas (Heart of Darkness), Joseph Conrad (1857-1924)

Este curto livro, muitas vezes considerado como um conto, surgiu inicialmente em uma revista inglesa na forma de uma série em três partes. A publicação definitiva ocorreu em 1902. O personagem principal do livro, Charles Marlow, um inglês que trabalha como piloto de barco a vapor que navega por um rio africano, conta a um grupo de amigos suas aventuras nessa empreitada. Eles estão conversando a bordo de um navio ancorado no Rio Tâmisa, em Londres. O relato se inicia ao anoitecer e segue até a madrugada. A obra pode ser considerada como uma narrativa moldura, ou seja, uma história contada dentro de outra história, ao exemplo do conhecido clássico das “Mil e uma noites”. 

No livro não é identificado o local da trama nem o nome do rio, mas todas as características apontam para o Rio Congo, na colônia belga do Congo (depois denominado Zaire e atualmente República Democrática do Congo, capital Kinshasa). Este território era propriedade particular do rei belga Leopoldo II, o Genocida. O aposto, um dos mais deprecatórios na história das realezas, reflete a brutal matança de congoleses autorizada pelo dignatário, primo-irmão da Rainha Vitória. Neste aspecto o livro pode ser considerado como um roman à clef (pronúncia “clê”, tradução romance a chave) que são aquelas obras que tratam de pessoas reais por meio de personagens fictícios. A história do livro é centrada no Sr. Kurtz, pessoa misteriosa e dominadora, adorada pelos nativos como se fora um semideus, ao exemplo do personagem representado por Marlon Brando (1924-2004) no filme Apocalipse Now, dirigido por Francis Ford Coppola (1939-). Esta película é a adaptação mais fiel do livro, só que transportada para a guerra do Vietnã.

Józef Teodor Konrad Korzeniowski nasceu de uma família polonesa onde é atualmente território ucraniano. Aos 17 anos de idade viajou para Marselha, com o intuito de trabalhar como marinheiro em navios mercantes. Conrad, posteriormente naturalizado britânico, em 1884, navegou durante décadas por todos os continentes do globo, inclusive no próprio Rio Congo. Entende-se assim, que sua principal obra literária tenha um forte caráter autobiográfico. O livro “Coração das Trevas” não encontrou sucesso quando do seu lançamento, só passando a ser cultuado pela crítica mais de seis décadas depois. Por outro lado, o romance foi duramente depreciado por renomados escritores e políticos africanos, que censuraram a abordagem “preconceituosa e desumanizada” com que era tratado o povo congolês. O autor, à época da publicação do livro, declarou que “aquela não era uma grande obra”. Que grande reviravolta ocorreu, pois agora estamos comentando sobre um livro que tem cadeira cativa nas listas de melhores obras literárias. É como diziam os nossos avós, o mundo dá muitas voltas.    

A língua árabe (3)

A ordem das palavras na frase é, normalmente, VSO (Verbo-Sujeito-Objeto). As conjugações verbais são derivadas da forma mais simples de declinação, que é a terceira pessoa do singular masculino. Por mais estranho que possa parecer, as conjugações nas segundas pessoas do singular e do plural variam conforme o interlocutor seja do sexo masculino ou feminino. Pouquíssimos idiomas no mundo apresentam tal característica. Seguindo tal paradigma, os seis pronomes pessoais são: ana, anta (m)/anti (f), huwa (m)/hiya (f), nahnu, antum (m)/antunne (f), hum (m)/hunna (f). O grande pesadelo para os estudantes de árabe – sejam eles nativos ou estrangeiros – é a formação do plural, que é feita de forma absolutamente irregular. Não há remédio, ele tem de ser decorado para cada palavra. Em alguns casos o plural é supletivo, isto é, um novo termo, completamente distinto do singular, é formado. No árabe existe também a declinação dual, que se refere ao conjunto de duas pessoas ou objetos. Quanto aos numerais, os países do Norte da África preferem representá-los com algarismos arábicos ocidentais (como os nossos), ao passo que no Egito e nos países do Oriente Médio são usados os algarismos arábicos orientais, muito elegantes e fáceis de serem aprendidos. Números de 1 a 10: wāhid, itnān, talātah, arba’ah (o apóstrofo indica uma brevíssima interrupção), hamsah, sittah, sab’ah, tamäniyah, tis’ah, ashra.

O árabe possui três casos gramaticais: nominativo, acusativo e genitivo. Em relação aos modos verbais, além do indicativo, imperativo e subjuntivo, tem-se ainda o jussivo, usado para expressar desejos, pedidos e intenções, como na frase “todos devem ser amados”. Este exótico caso é encontrado também no hebraico e no esperanto.    

Dias da semana: aalithnayn, aaltholaathaa, aalaavbi’aa, aalkhamees, aaljom’a, aalsabt, aalaahad.

Algumas expressões:  السلام عليكم (as-salām alaykum, cumprimento ou saudação ao chegar ou ao sair, “que a paz esteja convosco”), و عليكم السلام (wa’alaykum as-salām, resposta ao cumprimento anterior); se preferirem ou no caso de extrema pressa pode ser usado مرحبا  (marhaban, semelhante ao turco merhaba), صباح الخير (sabāhul khayr, bom dia), تصبح على خير (tosbeho’ala khair, até logo, para homens), تصبحين على خير (tosbeheena’ala khair, para mulheres), لا أفهم (lā afham, não entendo), أسف  (āsif, desculpe), من فضلك (mīn fädlikā, por favor), أحبك (ouhibouka, eu te amo, para homens), أحبك (ouhibouki, para mulheres), شكر (shukran, obrigado, para homens e mulheres). Fonte: Omniglot.

Tanto faz

Cãibra ou câimbra, aferição ou aferimento, parêntese ou parêntesis, listrado ou listado, loiro ou louro, covarde ou cobarde, vitrine ou vitrina, abrupto ou ab-rupto, condor (paroxítono) ou condor (oxítono), marcha a ré ou à ré, todo o mundo e todo mundo, tcheco ou checo, flibusteiro ou filibusteiro, flecha ou frexa, feroês ou feroico, rato ou rastro, ter de ou ter que, chamar a atenção ou à atenção, chegar em casa ou a casa, atender (transitivo direto ou indireto), responder (transitivo direto ou indireto), rebombar ou ribombar, cachoeira ou cachoeiro, lambril ou lambri, zumbido ou zunido, fasto ou fausto, acareação ou careação, bêbado ou bêbedo, pátena ou patena, confortante ou confortador, quieto ou queto, rabeca ou rebeca.

Frase para sobremesa: O tempo flui da mesma maneira para todos os seres humanos; cada ser humano flui através do tempo de uma maneira diferente (Yasunari Kawabata, 1899-1972).

Até a próxima!

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