Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
18. As aventuras de Huckleberry Finn (Adventures of Huckleberry Finn), Mark Twain,1835-1910
Um dos grandes clássicos da literatura juvenil, esta obra é a continuação de outro marcante sucesso do autor, The adventures of Tom Sawyer. Se quisermos ser rigorosos, o que, eventualmente, não deixa de ser uma tímida virtude, vamos observar que o segundo livro não tem o artigo The iniciando o título. Ele foi lançado em 1884 no Reino Unido e no ano seguinte nos EUA. Apesar do sucesso de vendas, a obra chegou a despertar críticas relativas ao caráter regional do texto, povoado de muitas gírias e, principalmente ao uso generalizado do termo nigger para designar uma pessoa negra. Embora, atualmente, este vocativo seja considerado ofensivo, assim não o era na época de redação do livro. A história é simples, mas um prato cheio e apetitoso para quem aprecia os romances de aventuras: dois amigos, na faixa de 13 a 14 anos, descem o Rio Mississipi em um vapor, encontrando obstáculos a todo momento, mas também sabendo como superá-los. Entremeadas no rico texto surgem as noções de humanidade, responsabilidade social, liberdade e convívio fraterno com pessoas de outras raças. Essa é a razão de o livro ser leitura obrigatória em muitas escolas do país. A história é narrada em primeira pessoa pelo personagem H. Finn. Alguns críticos consideram a obra como sendo “o maior romance norte-americano”. O escritor William Faulkner, 1897-1962, ganhador do Nobel de Literatura em 1949, chamava Twain de “o pai da literatura norte-americana”.
Nascido como Samuel Langhorne Clemens, adotou o pseudônimo de Mark Twain, cuja origem é bastante peculiar. Tendo trabalhado alguns anos nos barcos que navegavam pelo Rio Mississipi, ele acostumou-se a ouvir, várias vezes ao dia, a informação dos pilotos de que a profundidade segura para navegação havia sido atingida. Essa profundidade era de doze pés, ou conforme a unidade usada na época, de dois fathoms. Portanto, quando alguém gritava “marca dois”, a navegação era segura naquele ponto. Só que, no caráter regional do Mississipi, muitos usavam o termo arcaico twain para o número dois. Assim nasceu Mark Twain. A propósito, Mark escreveu muitos contos, sátiras e crônicas de humor usando outros pseudônimos o que torna impossível, atualmente, a compilação de toda a sua produção literária. Antes de trabalhar como jornalista, sua principal profissão, ele foi tipógrafo, piloto de barco e mineiro, na extração de prata. Quando já era famoso, viajava pelo mundo dando palestras recheadas de humor e observações perspicazes. Em 1907, já consagrado como grande novelista, recebeu o Doutoramento honorário em Letras da secular Universidade britânica de Oxford. O humor o acompanhou até o final da vida. Como nascera em 1835, ano da passagem do famoso Cometa de Halley, ele declarou em 1909, um ano antes de morrer: “O cometa Halley e eu somos dois inexplicáveis fenômenos, que chegaram juntos e devem partir juntos”. Ele veio a falecer, de ataque cardíaco, em 21 de abril de 1910, um dia após o cometa ter atingido a distância mais próxima da Terra.
A língua persa (3)
Para finalizar essa apresentação do idioma persa, cabe-nos destacar os incríveis, muitas vezes até exagerados, aspectos de cordialidade. Um habitante local (e naturalmente o turista também deve se esforçar para fazer o mesmo) nunca entra diretamente em algum assunto mais sério. O início da conversa, e isso pode durar muitos minutos, serve para as questões de gentileza, como está a família, o emprego, se a filha já se casou e por aí afora. Também o encerramento não pode ser abrupto, sem que se façam floreios e rodeios de linguagem. Assim é o costume, só nos cabe respeitá-lo. Um dos auges da cordialidade é quando o freguês entra em uma loja e pergunta o preço de um produto (principalmente se for algo mais caro). Seria uma marcante falta de educação se o valor fosse fornecido imediatamente pelo vendedor. Não, não é assim que ocorre. O funcionário abaixa a cabeça em sinal de humildade, gira levemente o pescoço e, em voz súplice, afirma que “ele não é digno de enunciar o preço a um freguês tão respeitado”. Aí é a vez do comprador, talvez abrindo levemente os braços, indicar com a frase Khahesh mikonam, que não há problema, o vendedor pode seguir em frente. Só então o preço é verbalizado.
Números de 1 a 10: ١ (iék), ٢ (dô), ٣ (sê), ٤ (chahâr), ٥ (panj), ٦ (shesh), ٧ (haft), ٨ (hasht), ٩ (noh), ١٠ (dah).
Os números de 4 a 6 podem, opcionalmente, ser escritos com outra grafia. Nós todos sabemos que o persa, da mesma forma que o árabe e o hebraico, é escrito da direita para a esquerda. No entanto, com relação aos números a ordem se inverte. Assim 2023 é ٢٠٢٣.
Dias da semana: doshanbeh, seshanbeh, chaharshanbeh, panjshanbeh, jom’é (o apóstrofo indica uma curta parada vocal), shanbeh, iekshanbeh.
Algumas expressões: (salâm) (olá) سلام (sobh bekheir) (bom dia)صبح بخير, (nemifahmam) (não entendo) نمي فهمم (bebakhshid) (desculpe) ببخشيد! (lotfan) (por favor) لطفا (mérci) (obrigado) مرسي, (duset daram) (eu te amo) دوست دارم. Fonte: Omniglot.
O idioma dari é a versão do persa falado no Afeganistão, constituindo-se em uma das duas línguas oficiais do país. A outra é o pachto (também grafado em português como “pashto” e “pastó”, este último usado em Portugal), um idioma também integrante do grupo das línguas iranianas. Cerca de metade da população do país é falante do dari, inclusive na capital Cabul. Como grande parte dos habitantes do Afeganistão, embora não tendo o dari como língua materna, são capazes de compreendê-la, ou mesmo de falá-la, com variados graus de fluência, torna-se difícil a avaliação do número mais exato de usuários. Estima-se que um contingente entre 12 e 20 milhões de pessoas sejam falantes de dari no Afeganistão e em países vizinhos. Embora, desde 1964 o termo oficial para o idioma seja dari, boa parte da população ainda prefere usar o nome de farsi. Os filólogos consideram que dari e farsi são, efetivamente, a mesma língua. Quando muito, o dari poderia ser considerado como um dialeto do farsi, mas absolutamente inteligíveis entre si. Como o idioma escrito é idêntico, as diferenças se resumem a alguns aspectos da fonética. Por exemplo, enquanto no farsi a palavra shir significa tanto “leite” quanto “leão”, no dari é estabelecida uma diferenciação, com “leão” sendo falado como sher e “leite” como shir.
Dentro do próprio idioma dari existem diversos dialetos regionais. O dari de Cabul foi adotado como a versão padrão da língua. Na verdade, não existem bruscas variações linguísticas, mas sim um continuum, em que as diversas falas são muito semelhantes em regiões vizinhas, mas diferindo entre os territórios mais afastados um do outro. Vimos esse fenômeno nas línguas lapônicas da Finlândia e nas dezenas de idiomas do Cáucaso. Alguns exemplos de variações fonéticas do dari em relação ao farsi: sobh bakhir(bom dia), bebakhshin (desculpe). Para “obrigado” o dari usa preferencialmente um termo de raízes túrquicas: tashakor. Nos numerais, um é falado como iak e seis como shash.
O idioma tadjique é, na essência, o mesmo do farsi. Contudo, como dizíamos, o isolamento proporcionado pelas cadeias de montanhas do Tadjiquistão fez com que, ao longo dos anos, as diferenças no léxico fossem mais pronunciadas, com a preponderância de termos arcaicos no tadjique. Ele é falado por aproximadamente 8 milhões de pessoas no próprio Tadjiquistão e em países vizinhos. As tradicionais cidades históricas de Samarcanda e Bucara – em tempos passados pertencentes ao Tadjiquistão – localizam-se atualmente no território do Uzbequistão. Durante o regime soviético, os tadjiques que viviam no Uzbequistão foram obrigados a aceitarem a cidadania uzbeque, caso contrário seriam deportados para o Tadjiquistão, na época uma república mais pobre e menos desenvolvida. A capital do Tadjiquistão tem o curioso nome de Doshanbe, que, como vimos logo acima, tem o significado de “segunda-feira”. O motivo era uma grande feira que se realizava ali nesse dia da semana. À exceção de algumas poucas diferenças na construção de certos tempos verbais, as línguas escritas tadjique e farsi são a mesma. Na fonética existem algumas variações: subh bakhair (bom dia), lutfan (por favor) e a pronúncia de iak para o número 1. Caros visitantes do Blog, se vos perguntarem para que serve a leitura desses Posts regularmente publicados, informem ao interlocutor que, agora, por exemplo, vocês sabem identificar as diferenças fonéticas entre farsi, dari e tadjique. Muito exótico, mas há que se respeitar.
Origem de nomes dos meses do ano (3)
Os nomes de meses do ano, derivados do latim, são usados na maioria das línguas do planeta. No entanto, há países, como é o caso de Israel, em que as festividades religiosas, aniversários, casamentos e cerimônias em geral são regidas pelo calendário judaico, que é do tipo lunissolar, ou seja, os meses são baseados nos ciclos da lua ao passo que o ano é adaptado de acordo com o ciclo solar. O ano, alternadamente, tem de 12 a 13 meses, com o número de dias variando de 353 a 385. Nesse sistema, o primeiro dia de cada mês é sempre o primeiro dia da lua nova, que é a única fase da lua que pode ser determinada com precisão, sem auxílio de instrumentos ou conhecimento de astronomia. A razão é simples: no auge da lua nova ela desaparece completamente do céu e no dia seguinte pode ser vista como uma pequena listra branca. Todos os nomes desses meses vêm do hebraico antigo e estão associados a referências bíblicas.
Nos países árabes a denominação dos meses do ano segue dois modelos: nas nações do Magreb, isto é, a parte ocidental do mundo árabe (Marrocos, Argélia, Tunísia, Mauritânia, Líbia) e, também, no Egito, são usados os nomes europeus, provenientes do latim. No restante dos países árabes os meses possuem os nomes orientais, de raiz árabe.
Frase para sobremesa: O amor é algo que morre. E quando morre apodrece, mas pode servir de húmus para um novo amor. De modo que aquele amor já morto continua tendo uma vida secreta no novo amor e, por isso, achamos que o amor é imortal (Pär Lagerkvist, 1891-1974).
Até a próxima!