Post-123

Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)

No início de 2024 a relação dos melhores livros foi levemente alterada pela inclusão de novas listas avaliadas. Como já estávamos avançados na apresentação dos livros, julgamos não ser conveniente a reestruturação das obras escolhidas. Na verdade, o conjunto dos melhores livros permanece aproximadamente o mesmo. Como já apontamos anteriormente, o que mais importa não é a classificação exata de cada obra, mas sim a apresentação dos grandes livros da literatura universal. 

17. Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice), Jane Austen, 1775-1817

A escritora britânica Jane Austen publicou quatro livros em vida e ainda teve três obras póstumas. O romance “Orgulho e Preconceito” é considerado por muitos como a melhor produção literária da autora. Mas há vozes divergentes. Na verdade, ela havia terminado a redação do livro em 1797 (com o título de First Impressions) e pedido que o pai, um pastor anglicano, o encaminhasse a um editor. Por que o pai? Ora, naquela época mulheres escritoras eram um fenômeno raríssimo e, pior ainda, visto com maus olhos pela sociedade conservadora. Todas as obras de Austen, à exceção das obras póstumas, foram publicadas anonimamente. O editor recusou, Jane fez algumas modificações e o pai voltou à carga em 1813, quando, finalmente foi lançado o livro, com um surpreendente sucesso de público e crítica. Um elevado número de personagens entra e sai de cena constantemente, o que dificulta a redação de uma sinopse mais objetiva. A personagem principal, sob cuja perspectiva a obra é narrada, é Elizabeth Bennet, uma das cinco filhas de um abastado proprietário rural. A trama envolve os temas favoritos de Austen, os quais estão presentes em todos os seus livros: educação, cultura, moral e, sobretudo, casamento. No fundo, o que a autora sabe explorar, de maneira muito competente, é a magia dos relacionamentos. A obra caiu no gosto do público na época, o que continua ocorrendo até hoje. É difícil encontrar um romance escrito no início do século XIX que ocupe tão intensamente as prateleiras – não apenas das livrarias – mas também de drogarias e supermercados, ou seja, um eterno bestseller. Acredita-se que o sucesso de “Razão e Sensibilidade” (Sense and Sensibility, 1811) tenha levado a autora a criar esse outro título marcado por uma suposta antítese: “Orgulho e Preconceito”.       

Jane Austen era originária de uma família de oito irmãos, sendo ela a mais velha. Apesar de tanto escrever sobre o matrimônio em todos os seus livros, ela nunca chegou a se casar. Faleceu ainda nova, aos 41 anos de idade, de causas desconhecidas na época. Hoje em dia as opiniões médicas indicam que ela foi vitimada por um distúrbio metabólico conhecido como Doença de Addison. Dentre as obras de Austen, o livro “Orgulho e Preconceito” é aquele que teve o maior número de adaptações para a TV, cinema e teatro. A película mais conhecida do grande público foi aquela dirigida por Joe Wright (1972-) e que teve a atriz britânica Keira Knightley (1985-) no papel de Elizabeth. A primeira tradução do livro para uma edição brasileira foi feita pelo escritor Lúcio Cardoso (1912-68) e publicada pela Livraria José Olympio Editora em 1941. Em 1970 foi lançada a tradução realizada por outro escritor, Paulo Mendes Campos (1922-91) pela Editora Tecnoprint.  

A língua persa (2)

O idioma persa, que é escrito em um alfabeto próprio, derivado do árabe, é claramente pluricêntrico, ou seja, há variantes sintáticas e fonéticas de acordo com a região onde é falado. Por exemplo, a língua dari (um dos idiomas oficiais do Afeganistão) é, em linhas gerais, a mesma do persa. Igualmente o tadjique, idioma oficial do Tadjiquistão, também é muito semelhante ao persa, sendo mutuamente compreensível. No entanto, o relevo montanhoso desse país fez com que ele ficasse isolado em termos linguísticos, o que, obviamente, proporcionou um gradativo afastamento entre o tadjique e o persa, principalmente na fonética.  Além do mais, o tadjique utiliza o alfabeto cirílico.   

Alguns poucos exemplos de substantivos em persa já serão suficientes para comprovar a origem indo-europeia do idioma: mādar (mãe; o traço sobre o “a” indica uma vogal longa, com som entre “a” e “o”), pedar (pai), barādar (irmão), dokhtar (filha), gāu (vaca), muš (rato), garm (quente), nov (novo), (pé ou perna), lab (lábio), dandan (dente), nām (nome), zanu (joelho). Conforme indicamos, o persa é uma língua consonantal – a exemplo do árabe e hebraico – ou seja, as vogais geralmente só são representadas quando longas. Naturalmente isto pode trazer problemas. Vejam o exemplo: krm, que pode significar kerme (verme), karam (generosidade), kerem (creme) ou krom (cromo). Na grafia das palavras as consoantes geralmente adquirem três formas, dependendo se estão no início, meio ou fim da palavra.

Um curioso recurso linguístico, que não temos no português, é a existência de duas versões de alguns advérbios, conforme a natureza de sua utilização. Por exemplo, a palavra “quando” é escrita como kei em perguntas informativas, como “quando parte o trem?” e como vaghti se não se trata de uma pergunta: “quando crescer vou ser médico”.

Os pronomes pessoais são: man, tô, u, mā, shomā, anhā. Observa-se que a segunda pessoa do singular () se assemelha ao pronome em muitos idiomas indo-europeus. Da mesma forma que vimos para as línguas túrquicas, não existe distinção de gênero no persa, portanto u pode significar ele ou ela. Na minha opinião, não deixa de ser uma limitação para a clara expressão de algumas frases.

O emprego dos adjetivos exige a inserção do ezafê, ou seja, a partícula ê ou iê, esta última para nomes que terminam em vogais. Assim: “um bom livro” ketāb-ê-khub, sendo ketāb, livro, e khub, bom.

O possessivo pode ser representado de duas maneiras: adicionando-se um sufixo que varia conforme o possuidor, p. ex. ketābam (meu livro), ou então usando-se a construção similar à do adjetivo, ketāb-é-man (meu livro).

A conjugação dos diversos tempos verbais é relativamente simples, à exceção do tempo presente, para o qual não há nenhuma regra, isto é, a raiz do presente deve ser aprendida para cada verbo. No persa existe uma grande quantidade de verbos compostos, geralmente formados com o complemento kardān (fazer). Por exemplo, o verbo “limpar” é “fazer limpeza”, “refletir” (fazer reflexão), “relatar” (fazer relato), “dizer” (fazer frase), “consertar” (fazer concerto) e vida que segue. Tal particularidade leva a que as frases em persa sejam, normalmente, mais longas que nos idiomas ocidentais.

Sobre a fonética, não há como trazer informações textuais, pois as palavras devem ser ouvidas. Deixo o destaque apenas para o som ۊ , transliterado como “q” ou “gh”, de pronúncia muito complexa, pois a emissão vocal vem do fundo da garganta. No persa, assim como no árabe, não existem letras maiúsculas ou minúsculas, o que faz com que as aulas de ortografia na escola sejam um pouco mais monótonas.

No idioma persa existem vários empréstimos da língua árabe, principalmente em termos relacionados ao islamismo. Como a dinâmica das línguas é um fenômeno inevitável (e, por isso mesmo, fascinante), existem muitos vocábulos de origem europeia, a maioria deles vinda do francês. Assim, por exemplo, uma das palavras mais usadas no vocabulário diário é mérci, que, obviamente, significa “obrigado”. Há pelo menos mais umas três ou quatro formas de se expressar gratidão, mas, ora, este singelo Post não quer complicar a vida de nossos pacientes leitores.   

O plural em persa, como ocorre na maioria das línguas, é formado por uma sufixação na palavra. Contudo, se usamos numerais, a palavra não varia. Assim: um livro, dois livro, três livro…

(continua no próximo Post)

Origem de nomes dos meses do ano (2)

  • Junho: consagrado a Juno, esposa de Júpiter e deusa dos casamentos.
  • Julho: homenagem a Caio Júlio César (100 a.C.- 44 a.C.), militar e conquistador romano), responsável pela transformação da República Romana no Império Romano. Vamos esclarecer aqui algo que confunde muitas pessoas: quem sucedeu a Júlio César, tornando-se assim o primeiro imperador romano, foi seu sobrinho-neto e filho adotivo Caio Júlio César Otaviano Augusto (63 a.C.-14), que governou por 41 anos. É ele o homenageado com o nome do mês de agosto.
  • Agosto: v. acima
  • Setembro: do latim septem (sete), já que era o sétimo mês após o início do ano (março, no calendário pré-juliano).
  • Outubro:do latim octo (oito); Novembro: do latim novem (nove); Dezembro: do latim decem (dez).

Frase para sobremesa: Dois pensamentos de Eugene O’Neill (1898-1953): 1) A vida é uma cela solitária cujas paredes são espelhos. 2) Somente no mar somos realmente livres.

Bom descanso!

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