Lista dos melhores livros de todos os tempos (www.thegreatestbooks.org)
16. O apanhador no campo de centeio (The catcher in the rye), J.D. Salinger (1919-2010)
Este livro é um exemplo daquelas obras que surgem na época certa e no local adequado, levando a um explosivo sucesso de vendas. Narrado em primeira pessoa, ela relata um fim de semana na vida do adolescente Holden Caulfield, filho de família rica de Nova Iorque. Devido a suas péssimas notas ele é expulso do internato e inicia uma viagem de retorno à casa. Temeroso das reações dos pais, ele vai adiando esse encontro, por meio de amizades com novas pessoas, noites em hotel, contato com prostituta, visita à antiga namorada, tudo isso permeado por reflexões sobre a alienação da adolescência, a inocência perdida, o tema da angústia e, sobretudo, uma crítica à superficialidade da sociedade. Em virtude dos assuntos tratados e da forma como são apresentados, o personagem principal se transformou em um ícone para a juventude norte-americana e seus ideais de rebelião. O curioso título do romance refere-se a uma fantasia criada por Holden de que trabalhava em um campo de centeio situado próximo a um precipício. Sua função seria “apanhar” as crianças que ali brincavam e que poderiam se acidentar. De fato, uma ideia bem criativa. A tradução editada em Portugal, À espera no centeio, não contém a palavra apanhador, que é relevante para todo o desenrolar da obra.
O autor Jerome David Salinger, que assinava como J.D. Salinger, publicou esse livro como uma série em revista, o que era muito comum na época, nos anos de 1945 e 46. A real edição como único livro só saiu em 1951, tendo um enorme sucesso de público (principalmente entre os jovens) e de crítica. Estima-se que, até hoje (2023), tenham sido vendidos mais de 65 milhões de exemplares. Após esse retumbante sucesso – logo em seu primeiro livro – Salinger diminuiu acentuadamente sua produção literária (antes baseada quase só em contos) e passou a adotar um estilo de vida cada vez mais recluso, recusando entrevistas e qualquer outro contato com a mídia. Sua última publicação foi em 1963. Há a informação de que diversos cineastas, dentre eles Steven Spielberg, tentaram adquirir, sem sucesso, os direitos de filmagem do livro. O que andaria pela fértil cabeça de Salinger?
Ele havia servido no exército norte-americano durante a Segunda Guerra, tendo inclusive participado da invasão da Normandia (06/06/1944). Logo depois, procurou o escritor Ernest Hemingway, que era correspondente de guerra em Paris. Seu objetivo era conhecer o autor que ele tanto admirava. Após o encontro continuaram a se corresponder ainda por muitos anos. Salinger foi, durante grande parte da vida praticante do zen-budismo, o que só fez aumentar sua popularidade entre os jovens. No entanto, quanto mais famoso, também mais recluso ele ficava. Faleceu de causas naturais aos 91 anos de idade.
A língua persa (1)
O idioma persa é uma língua do grupo iraniano da família indo-europeia, falado por cerca de 110 milhões de pessoas, não apenas no Irã, mas também no Tadjiquistão (país da Ásia Central), em parte do Afeganistão, em núcleos linguísticos em outros países vizinhos e na chamada diáspora iraniana, ou seja, a emigração dos nativos para diversas partes do mundo. Um pouco de história esclarecerá melhor algumas terminologias relacionadas ao idioma iraniano. Em torno de 2.000 a.C. um grande grupo populacional penetrou no subcontinente indiano e se espalhou pela Índia, Pérsia e regiões vizinhos. Eles eram conhecidos como arianos, nome derivado da antiga província da Ária, na Pérsia Antiga. Como nós todos sabemos, é completamente equivocada a teoria propagada pela ideologia nazista de que haveria uma suposta raça que abrangeria os falantes indo-europeus e seus descendentes não miscigenados. Esta teoria foi desmentida pelos achados fósseis que mostram uma elevada diversidade de configurações. A associação da raça ariana ao fenótipo dos europeus do Norte, como ocorrido na época do nazismo, é destituída de qualquer fundamentação genética, histórica e sociológica. Cabe lembrar que “Irã”, nome atual da Pérsia, é um termo derivado de “ariano”. Ninguém havia explicado isso a Hitler. O Império Persa, fundado em 539 a.C. por Ciro, o Grande e continuado nos reinados de Xerxes e Ataxerxes, era uma das regiões mais desenvolvidas do mundo. Em torno de 330 a.C. o país foi conquistado, em diversas campanhas, por Alexandre da Macedônia (356-323 a.C.). O nome “Pérsia”, que provém do termo antigo Parsa, como era denominado o país, passou pelo grego Πέρςις (persis), chegou ao latim e depois às línguas ocidentais. Os falantes nativos preferem usar o termo “farsi”, de mesma origem, para a nomenclatura do idioma. Embora a Academia de Língua Persa considere mais adequada a designação de “persa” para a língua, argumentando que ela expressa melhor o papel do idioma no contexto cultural do país, a maioria dos iranianos, inclusive aqueles que ensinam a língua pela Internet, usam a denominação de “farsi”. No fundo, é tudo a mesma coisa. O Império Persa Sassânida (224-651), que representou o auge da civilização persa, foi o último império pré-islâmico, dado que a invasão árabe se consolidou nos anos 650. Na sequência histórica o país foi invadido pelos turcos no século XI e pelos mongóis no século XIII, recuperando a independência no século XVI. A mudança do nome de Pérsia para Irã (como já era conhecido durante o império sassânida) ocorreu por um decreto do rei Reza Shah Pahlavi (1878-1944) em 1935. Este rei, ou xá, conforme a denominação dada pelos persas, foi sucedido pelo seu filho Mohammad Reza Pahlavi (1919-80), deposto na revolução de 1979, quando o aiatolá Ruhollah Khomeini (1902-89) fundou a República Islâmica que continua até os dias de hoje. Voltemos ao idioma.
A língua persa está bem documentada ao longo dos seus três períodos: antigo, médio e moderno. A propósito, ela é a única língua do grupo iraniano com registros escritos (alfabeto cuneiforme) desde o século V a.C. No persa antigo havia grandes diferenças entre a linguagem falada e escrita, quase como se fossem dois idiomas distintos. O persa médio era o idioma prevalente durante o Império Sassânida. A língua moderna é usada no país há mais de mil anos. Ela também guarda distinções entre a expressão oral e escrita (em geral ao final das expressões cotidianas e na conjugação dos verbos), o que, naturalmente, é um complicador no estudo do idioma. Se, para os nativos, isso é muito fácil, para os esforçados aprendizes estrangeiros, se constitui em inevitável obstáculo. A regra é simples: se um estrangeiro usar, na fala, a versão escrita, todos os ouvintes compreenderão, mas com olhos de perplexidade e uma boca de ironia. É notória a influência do persa sobre os vários idiomas vizinhos, a exemplo das línguas túrquicas, do armênio, árabe, urdu (falado no Paquistão) e diversos idiomas da Índia. Ao longo do último milênio o persa era a língua franca usada em toda a Ásia Meridional. Foi ela a única língua utilizada pelo mercador Marco Polo (1254-1324) na sua longa viagem pelo Oriente (24 anos).
(continua no próximo Post)
Origem de nomes dos meses do ano (1)
- Janeiro: do latim januarius, consagrado ao deus Janus ou Jano. Ele é representado com duas faces, uma para frente e outra para trás, portanto, pode ver o passado e prever o futuro. Protetor das entradas, passagens e saídas, é também a origem da palavra janela e de janitor, nome em inglês para porteiro. O mês de janeiro, após a reforma do calendário conduzida por Júlio César, passou a ser o primeiro mês, ou seja, a entrada do ano, substituindo março.
- Fevereiro: do latim februarius, mês da expiação ou da purificação. A raiz da palavra vem de Febria, o nome da festa anual.
- Março: homenagem a Marte, o deus da guerra. Era o primeiro mês do ano no calendário pré-juliano.
- Abril: do latim aperire (abrir), em alusão à abertura das pétalas de flores no início da primavera do hemisfério norte.
- Maio: homenagem a Maia, deusa da fecundidade, mãe de Mercúrio.
Frase para sobremesa: Se a pessoa não perdeu a capacidade de esperar pela felicidade, ela está feliz. Esta é a felicidade (Ivan Bunin, 1870-1953).
Até a próxima!