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Estatísticas do Prêmio Nobel de Literatura

Tendo encerrado a apresentação dos vencedores do Prêmio Nobel de Literatura, desde seu início (1901) até 2023, seria conveniente mostrar algumas estatísticas sobre a premiação mais cobiçada no ambiente literário. Ao longo das dezenas de Posts tentamos evidenciar as principais características dos laureados, desde seu estilo de escrita, eventual corrente literária, sucessos e desventuras na carreira, outras premiações relevantes, obras mais significativas e, quando pertinente, atributos pessoais dignos de nota. Verificamos um razoável número de premiados que tiveram limitações em cumprir as etapas de um ensino fundamental completo, fosse por problemas familiares ou mesmo devido a enfermidades. Não deixa de ser uma nobre lição de vida observarmos que escritores com infâncias conturbadas, dificuldades de trabalho e de aprendizado, vícios diversos, lograram, em monumentais saltos de competência e pertinácia, chegar ao Olimpo dos deuses da escrita. Por motivos pessoais, às vezes dificilmente compreensíveis, alguns recusaram a premiação ou não se dignaram a comparecer à cerimônia em Estocolmo. É a história de cada um, a qual apenas mencionamos, dado que não nos caberia, em um Blog dessa natureza, emitir juízos de valor. Da mesma forma, é inegável considerar que alguns dos premiados talvez não ostentassem o mesmo talento de outros candidatos preteridos. Tais dúvidas e posicionamentos são naturais ao ser humano, posto que opiniões e críticas existem em qualquer tipo de premiação, até mesmo em jogos de futebol. No entanto, como já escrevemos, elas não farão parte do Blog, sob pena de cometermos intempestivas injustiças. Por fim, acreditamos que as decisões da Academia Sueca foram todas elas movidas por objetivos e critérios pertinentes, muitas vezes desconhecidos para a mídia e o público em geral.  

Número total de premiados (1901-2023); 120, sendo 103 homens (86%) e 17 mulheres (14%).

Origem dos ganhadores:

Já comentamos que tal informação não pode ser absolutamente exata, pois há laureados que nasceram em um país e logo na infância se mudaram para outro ou cujos países de origem não mais existem ou então que, na data da premiação já haviam se naturalizado como cidadãos de outra nacionalidade. A lista abaixo foi composta pelo critério do bom senso.

França: 13; EUA: 10; Reino Unido e Suécia: 8; Alemanha: 7; Itália e Polônia: 6; Espanha e Rússia: 5; Irlanda e Noruega: 4; Dinamarca e Japão: 3; África do Sul, Áustria, Chile, China, Grécia e Suiça: 2; Argélia, Austrália, Belarus, Bélgica, Bulgária, Canadá, Colômbia, Egito, Finlândia, Guadalupe, Guatemala, Hungria, Índia, Islândia, Israel, Iugoslávia, México, Nigéria, Peru, Portugal, Romênia, Santa Lúcia, Tchecoslováquia, Tanzânia, Trinidad e Tobago, Turquia: 1 

Separação por regiões: Europa: 86 (Escandinávia: 17), EUA: 10, Ásia: 7, América Latina e África: 6, Caribe: 3, Canadá: 1, Oceania: 1.

Distribuição por faixa etária: v. gráfico abaixo

Distribuição dos ganhadores por faixa etária

A pessoa mais velha a receber o Nobel de Literatura foi Doris Lessing (2007), com 87 anos. A mais jovem foi Rudyard Kipling (1907), com 42 anos.

Quem usufruiu do prêmio por mais tempo: Halldór Laxness (1955): por 43 anos. Dentre os ganhadores ainda vivos, quem está na frente da fila é Wole Soyinka (1986) com 37 anos. No segundo lugar, mas já bem mais distante, está Gao Xingjan (2000) com 23 anos decorridos após a premiação. Atualmente (2023) Soyinka tem 89 anos e Xingjan 83 anos.  

Laureados que menos tempo usufruíram do prêmio: Erik Axel Karlfeldt (1931) recebeu o prêmio a título póstumo; Giosué Carducci (1906) e John Galsworthy (1932) viveram aproximadamente 4 meses após a premiação; Thomas Mommsen (1902) e Władisław Reymont (1924) faleceram cerca de um ano depois.

A língua georgiana

O idioma georgiano (kartuli ena), que pertence à família das línguas caucasianas, é utilizado na Geórgia e em algumas regiões vizinhas, perfazendo um total aproximado de 4,5 milhões de falantes. Trata-se de um dos idiomas mais antigos do mundo, com sua origem remontando à época antes de Cristo. Os primeiros registros literários datam do século V. Já que estamos bem acostumados, não há nenhuma surpresa em indicar que a língua possui cerca de 20 dialetos, alguns deles não mutuamente compreensíveis. A língua literária é baseada no dialeto da região da Ibéria, onde fica a capital Tblisi. Como se não bastasse aos espanhóis saberem que existiu na Europa Central uma província denominada Galícia, chegamos agora com esse topónimo de Ibéria para a mais populosa província da Geórgia. Que mundo é esse? 

Merece destaque a beleza do alfabeto georgiano (o atual, porque já existiram alguns outros) tendo ainda a característica de ele não conter letras maiúsculas. O georgiano, à semelhança do basco, é um idioma ergativo, ou seja, o sujeito de verbos transitivos sofre uma declinação. Fantásticos são os encontros consonantais, que chegam a exibir sete consoantes em fila, como na palavra mtsvrtneli, que significa simplesmente “treinador”. Se vocês não estiverem satisfeitos podemos lançar a carta definitiva: gvbrdgvni, sim, com oito consoantes juntinhas. A tradução também é estranha: “você nos rasga”. Será que já falamos isso alguma vez na vida? Lembremos que, no nosso idioma português, temos no máximo quatro consoantes juntas (por exemplo monstro ou instrutor), o que já é uma proeza. O georgiano é um idioma aglutinante, isto é, com grande quantidade de prefixos e sufixos aglutinados ao nome. Em sua maioria, eles são inseridos após os substantivos que modificam, tratando-se, portanto, de posposições e não de preposições, como na maioria das línguas ocidentais. Existem sete casos no idioma georgiano: nominativo, o já mencionado ergativo, genitivo, instrumental, dativo, vocativo e adverbial. Este último representa uma situação de estado, semelhante ao “essivo” do finlandês, por exemplo “ele trabalha como professor”. Os sobrenomes são encontrados frequentemente com a terminação shvili, como é o caso de Djugashvili, sobrenome do tristemente famoso líder Stalin, georgiano de nascimento e que recebeu o apodo de “homem de aço”, cuja designação em russo é Stalin. O idioma georgiano não possui artigos nem tampouco gêneros, mas, em compensação, suas conjugações verbais são extremamente complexas, com frequentes graus de irregularidade.Algumas pequenas curiosidades: o sistema numérico é de base vigesimal (como o basco e, parcialmente, o francês), o verbo “ter” possui duas representações, dependendo se ele se refere a objetos animados ou inanimados. Para terminar, a carinhosa palavra mama, celebrada em todos os idiomas como sendo a sublime expressão da figura materna, aqui no georgiano significa “pai”, enquanto “mãe” é deda.

ავტორი ედუარდო ფონ სპერლინგი მიესალმება ლიტერატურისა და ენების ბლოგის მიმდევრებს (O autor Eduardo von Sperling cumprimenta os seguidores do Blog Literatura e Idiomas). Fonte: Google tradutor.

Pronomes pessoais: me, šen, is, čven, tkven, isini. Números de 1 a 10: erti, ori, sami, otxi, xuti, ekvsi, švidi, rua, tsxra, ati. Dias da semana: orshabati, samshabati, otkhshabati, khutshabati, p’arasx’evi, shabati, k’viva.

Algumas expressões:

გამარჯობა (gamarjoba) (Olá), დილა მშვიდობისა (dila mshvidobisa) (Bom dia), ნახვამდის (nakhvamdis) (Até logo), არ მესმის (ar mesmis) (Não entendo), უკაცრავად (uk’atsravad) (Desculpe), გმადლობთ (gmadlobt) (Obrigado), მე შენ მიყვარხარ (meshen miq’varkhar) (Eu te amo). Fonte: Omniglot.

Origem de nomes de síndromes (2)

  • Heimlich: a conhecida manobra de Heimlich é creditada ao médico norte-americano Henry Heimlich (1920-2016).
  • Hunter: médico escocês Charles A. Hunter (1873-1955).
  • Hutchinson-Gilford: cirurgiões ingleses Jonathan Hutchinson e Hastings Gilford (1861-1941).
  • Marfan: pediatra francês Antoine Marfan (1858-1942).
  • Parkinson: médico britânico James Parkinson (1755-1824).
  • Tourette: médico francês Georges Gilles de la Tourette (1857-1904).
  • Witzelsucht: parece o nome de algum famoso cientista, mas não é. O termo foi criado em 1888 pelo neurologista alemãoMoritz Jastrowitz (1832-1912), tendo o significado de “vício (Sucht)” em fazer piadas (witzeln)”, algo que é endêmico em nosso país.

Frase para sobremesa: De Paul von Heyse (1830-1914): Se a cabeça e o coração discutissem, quem sairia vencedor é o coração, pois a cabeça é sempre mais prudente.

Até a próxima!

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