Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
2018: Olga Tokarczuk (1962-): a escritora polonesa, autora de poemas, novelas e romances, é a pessoa mais jovem na galeria dos premiados que ainda estão vivos. Já vimos (Post 4) que Rudyard Kipling ganhou o Nobel com apenas 42 anos. Ela é filha de pais professores e que ajudavam a administrar bibliotecas escolares. Ótimo início para sua futura carreira literária. Olga graduou-se em Psicologia pela Universidade de Varsóvia (1980-85), trabalhando, em seguida, como psicoterapeuta na linha de ação de Carl Jung (1875-1961). Casou-se aos 23 anos de idade e, junto com o marido, fundaram uma editora que durou até 2004. As obras de Olga transitam por vários tipos de escrita, desde romances com aspectos históricos, tramas de mistério, até livros com conteúdo psicanalista.
Seu primeiro livro de poemas, publicado em 1989, teve o título de “Cities in Mirrors” (Miasta w lustrach). Em 1993 foi editado o primeiro romance “The journey of the book-people” (Ludzi księgi), o qual relata a busca por um livro escondido nos montes Pirineus, capaz de revelar o sentido da vida. A história de um adolescente que desenvolve habilidades psíquicas é o enredo de “E.E.”, publicado em 1995. No ano seguinte Olga atinge fama internacional com a obra “Primeval and other times” (Prawiek: inne csasy), cujo tema é a descrição por oito décadas da vida em uma aldeia polonesa. Durante os dois anos seguintes Olga mudou seu foco literário, passando a escrever contos. Em 1998, já de volta aos romances, publicou uma mescla de histórias aparentemente desconexas reunidas sob o título de “House of day, house of night” (Dom dzienny, dom nocny). O maior impacto sobre público e crítica veio em 2007 com uma de suas obras mais conhecidas, e das poucas publicadas no Brasil: “Correntes” (Bieguni), a qual aborda, junto com pessoas se movendo no tempo e no espaço, profundas reflexões sobre psicologia de viagem. O livro ganhou o prêmio polonês Nike (a deusa grega da vitória, que também é a origem da conhecida marca de material esportivo). Sua tradução para o inglês, publicada em 2018, recebeu o prestigiado Man Booker Prize. Em 2009 Olga cumpriu estágio de um ano na Academia Neerlandesa de Artes e Ciências. Durante esse período ela escreveu uma de suas obras mais populares, “Sobre os ossos dos mortos” (Prowadź swój pług przez kości umarłych, 2009), uma sátira social sob a roupagem de um thriller noir. Em 2017 o romance foi adaptado para o cinema (“Rastros” – Spoor), sob direção da mais conhecida cineasta polonesa, Agnieszka Holland (1948-). A película ganhou o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim. Um de seus livros mais recentes, aclamado como a provável obra-prima, é “The books of Jacob” (Księgi Jakubowe, 2014), uma novela épica passada por três séculos na região histórica da Galicia (Europa Central). Houve protestos da parte de grupos nacionalistas, os quais consideraram a obra como ofensiva à dignidade do povo polonês.
Em 2019 foi criada a Fundação Olga Tokarczuk para incentivo à literatura. Na vida privada, Olga casou-se duas vezes e tem um filho. Feminista, esquerdista, vegetariana, ecologista e defensora dos animais, essas são as bandeiras da talentosa escritora.
A língua grega (1)
O idioma grego (ελληνικά – eleniká) constitui um ramo independente da família indo-europeia. É a língua oficial na Grécia e na ilha de Chipre. Na verdade, Chipre é uma ilha dividida entre um setor grego e uma parte minoritária de fala turca, na que é chamada a República Turca do Norte do Chipre. No entanto, este estado só é reconhecido internacionalmente pela Turquia. O número total de falantes do grego deve oscilar em torno de 15 milhões, incluindo-se aqui os dialetos gregos falados nos países vizinhos e nas regiões do mundo que receberam imigrantes gregos. A língua grega tem a mais longa e bem documentada história dentre todos os idiomas atuais do planeta. Estima-se que haja 34 séculos desde o surgimento dos primeiros textos em grego. Os dois dialetos antigos, o ático (de Atenas) e o jônico (da região da Jônia) evoluíram com o passar do século para o que hoje é conhecido como o “grego moderno”. O alfabeto grego surgiu com adaptações feitas no antigo alfabeto fenício. Como este último idioma era uma língua consonantal, i. e., não continha vogais (como é ainda hoje o caso do hebraico, árabe e persa, dentre outras), foram criadas algumas vogais. As primeiras delas foram as conhecidas α (alfa), β (beta), ι (iota), o (ômicron) e μ (ípsilon). O alfabeto grego atual, com pequenas modificações, existe desde o século IX a. C. Nele foram escritos os grandes poemas épicos da Antiguidade (por.exemplo, Ilíada e Odisseia) e as reflexões de filósofos como Sócrates , Platão e Aristóteles. Até o ano 400 a.C. o grego era escrito de forma bidirecional (boustrophedon), ou seja, alternadamente da esquerda para a direita e em seguida da direita para a esquerda. Para complicar, não havia espaços entre as palavras. Nos períodos helenístico e romano a língua comum, resultante de diversos falares gregos, era conhecida como koiné, que significa “comum”, a qual foi utilizada até o fim da Antiguidade Clássica, registrado como equivalente à queda do Império Romano do Ocidente (476). A partir dessa época o idioma evoluiu para a forma do demótico, isto é, a expressão popular da língua. No início do século XIX o país adotou como língua oficial a variante literária catarévussa (etimologia: purificada), em contraposição à linguagem popular demótica. O que é conhecido atualmente como “grego moderno”, amplamente baseado no demótico, só passou a ser a língua oficial da Grécia em 1976. Se vocês tiverem a curiosidade de saber se um cidadão grego nos tempos de hoje consegue entender a língua antiga, a resposta é um enfático “não”. Embora todos estudem nas escolas a língua clássica, aprendendo a declamar estrofes de Homero e frases de Aristóteles, tal conhecimento é rapidamente esquecido, a não ser para aqueles que se dediquem à área da Linguística.
O grego antigo ainda serve de base para os neologismos que surgem no campo das ciências e, particularmente, da medicina. Ele possuía um tempo verbal, também encontrado no sânscrito, denominado de aoristo, o qual era utilizado para ações indeterminadas, sem definição do seu tempo de ocorrência ou de duração. Os principais dialetos do grego são o macedônio, falado no noroeste do país (não confundam com o idioma macedônio, apresentado no Post anterior), o cipriota (falado na ilha de Chipre), o cretense (falado na ilha grega de Creta) e o trácio, que corresponde à região histórica da Trácia, atualmente ocupando territórios da Grécia, Turquia e Bulgária. Existe ainda um outro dialeto, considerado por muitos como sendo um idioma próprio, que é o pôntico, cujo nome deriva da região sul do Mar Negro, na antiguidade conhecido como Ponto. O pôntico, que é atualmente falado por mais de um milhão de pessoas, possui sinais diacríticos que o grego moderno já eliminou, utiliza arcaísmos, ou seja, palavras e expressões oriundas do grego antigo e emprega a forma infinitiva do verbo, a qual, como veremos a seguir, não existe na variante moderna da língua.
(continua no próximo Post)
Origem de alguns termos ligados à informática (1)
CPU: Central Processing Unity (unidade central de processamento; processador).
Google: termo cunhado pelo matemático norte-americano Edward Kasner, que perguntou a seu sobrinho de nove anos qual poderia ser uma palavra para designar o astronômico número de 10100. A resposta foi googol. Quando foi criada a empresa para o mecanismo de busca na internet, parece que ocorreu um erro de digitação e chegou-se ao nome google (a fonética é a mesma). Explicação curiosa, mas referendada pelo próprio site da Google.
HTML: Hypertext Markup Language (linguagem de marcação de hipertexto, usada para produção de páginas na rede (web).
HTTP: Hypertext Transfer Protocol (protocolo de transferência de hipertexto, ou seja, protocolo de comunicação entre sistemas de informação).
Frase para sobremesa: 1) O fracasso e o sucesso são impostores. Ninguém fracassa tanto quanto imagina. Ninguém tem tanto sucesso como imagina. 2) Tenho seis servos que me ensinaram tudo que sei: o quê?, por quê?, quando?, como?, onde? e quem? (Rudyard Kipling, 1865-1936).
Até a próxima!