Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
2016: Bob Dylan (1941-): o célebre compositor e cantor norte-americano é neto de imigrantes judeus russos e lituanos. Seu nome de batismo era Robert Allen Zimmerman, alterado posteriormente para Robert Dylan (com registro em cartório), ou seja, Bob Dylan. A inspiração para que fosse adotado o sobrenome “Dylan” veio dos poemas do autor galês Dylan Thomas (1914-53). É curioso observar que Dylan usou mais de dez nomes artísticos ao longo de sua carreira musical. Casou-se por duas vezes e tem seis filhos. É, sem dúvida, um dos expoentes da música popular mundial, notadamente no estilo conhecido como Folk. Ele é o único artista a ter recebido, além do Nobel de Literatura, os prêmios Pullitzer, Grammy, Globo de Ouro e Oscar. Em 1959 entrou para a Universidade de Minnesota, mas a abandonou um ano depois. A mudança para Nova York, em 1961, abriu novo capítulo em sua vida, com muitos shows em clubes e gravações de música. Em 1963, já cada vez mais conhecido nos EUA, ele faz uma turnê pelo Reino Unido, a qual foi o real início do impacto internacional de suas canções. No ano de 1978 ele adere ao Cristianismo, passando a compor e cantar música Gospel, fase esta que se estendeu até 1983. As letras de suas músicas, de inegável riqueza estilística, abordam com frequência os temas do racismo, da liberdade, da “guerra fria” e dos conflitos armados nos quais os EUA se envolviam.
A premiação de Dylan com o Nobel de Literatura foi a mais polêmica na história da Academia Sueca. A questão – para a qual não há respostas, apenas opiniões – é se as letras de música pertencem ao universo da Literatura. O próprio Dylan havia manifestado o conceito de que “letras de músicas são cantadas e não lidas”. A Academia entendeu que o laureado construía “novas expressões poéticas”, daí o mérito do prêmio. Contudo, o grande impacto, desta vez absolutamente negativo, foi a reação, ou melhor a ausência de reação do premiado, o qual permaneceu em silêncio por dez dias após a divulgação da concessão do Nobel. Ele sequer atendeu os insistentes telefonemas da Academia, o que consistiu, na visão de muitos acadêmicos, em uma inédita afronta àquela instituição. Deve-se destacar que a comunicação da escolha à pessoa premiada, sempre foi feita por meio de ligação telefônica. Duas semanas após a divulgação do nome de Dylan, ele enviou uma nota dizendo que “se sentia muito satisfeito”. No entanto, não compareceu à premiação, alegando compromissos profissionais. Enviou, para representá-lo a cantora e poeta Patti Smith (1946-). Quatro meses depois ele finalmente encaminhou à Academia o seu discurso de aceitação, condição básica para que recebesse o atraente prêmio de US 900.000. A pergunta que ficou na cabeça dos acadêmicos, dos críticos literários e de seu enorme contingente de fãs, era a mais simples de todas: por que ele não recusou o prêmio, à semelhança de vários outros contemplados que já mostramos nessa série de Posts? A segunda pergunta, envolta por uma justificável perplexidade, é por que ele se recusou a atender as ligações da Academia, algo único na centenária história do Prêmio Nobel em suas várias modalidades?
A produção literária, stricto sensu, de Dylan se restringe a um livro de poesia em prosa, Tarantula, publicado em 1971, ao primeiro volume de uma autobiografia (Chronicles), que saiu em 2004 e a um conjunto de ensaios sobre 66 músicas de outros artistas norte-americanos (Philosophy of modern song, 2022). Alguns analistas comentam que o Nobel de Literatura já teve um outro músico contemplado (o indiano Rabindranath Tagore, 1913, autor de 2.000 músicas, além dos hinos da Índia e de Bangladesh, v. Post 7). Só que Tagore, adicionalmente, publicou mais de 20 livros de poesia.
A língua búlgara
O idioma búlgaro (бьлгарски език – bulgarski ezik) faz parte do grupo das línguas eslavas meridionais. Ele é falado por cerca de 10 milhões de pessoas na Bulgária e em regiões de países vizinhos. Assemelha-se bastante ao macedônio, que veremos no próximo Post. Na verdade, não existe uma delimitação clara da fronteira linguística entre os dois idiomas, ocorrendo um continuum de transição, ou seja, não se sabe onde termina um e começa o outro. Até hoje muitos linguistas, principalmente búlgaros, consideram o macedônio como um dialeto. Ocorreram nos séculos XVIII e XIX tentativas de fusão das duas línguas, mas sem sucesso. O antigo búlgaro derivava do eslavo eclesiástico, o que é o caso também da maioria dos idiomas eslavos. Há de se destacar que a Bulgária fez parte do Império Otomano de 1396 a 1908, o que, obviamente enriqueceu o idioma com um elevado número de palavras de origem turca. A forma literária moderna do búlgaro consolidou-se em meados do século XIX, com a padronização definitiva da língua ocorrendo em 1899. Para esse efeito foi tomado como base o dialeto tarnovo, falado na região nordeste do país. O búlgaro é a primeira língua eslava com comprovação de uma forma escrita oriunda do século IX. Ele é grafado com o alfabeto cirílico, muito semelhante ao do russo. Foi com a entrada da Bulgária na União Europeia, em 2007, que essa organização passou a contar com seu terceiro alfabeto, além do latino e do grego. Ainda com relação aos dialetos falados dentro da própria Bulgária, a diferença básica fica na fonética, particularmente na pronúncia da letra yat (Ћ), já abolida do alfabeto na reforma ortográfica de 1945. Enquanto na região oeste do país se tem a chamada pronúncia dura, com o som de “e”, na parte leste predomina a pronúncia suave de “ya”. Outra curiosidade é que o búlgaro é a única língua eslava que não possui o som “ie”, tão frequente nos outros idiomas do grupo. Assim, por exemplo, a cidade de Sarajevo, capital da Bósnia, escreve-se Сараево (Saraevo), enquanto aquele antigo presidente russo – famoso pelo consumo exacerbado de vodca – é registrado como Елцин (Eltsin).
As principais características do idioma búlgaro, também compartilhadas pelo macedônio, são a existência de três gêneros (masculino, feminino e neutro), a ausência de declinações de caso (que alívio para quem aprende a língua) e a ocorrência de verbos nos aspectos perfeito (ação pontual, finalizada) e imperfeito (ação contínua, inacabada). Conta-se também com a presença do artigo definido sufixado, como ocorre nas línguas escandinavas e no romeno. Como exemplo, tem-se: човек (tchôvek – pessoa) que se transforma em човеът (a pessoa). Uma outra particularidade, essa inerente só ao búlgaro, é a chamada reduplicação pronominal, ou seja, é inserido um pronome onde, normalmente, não haveria a necessidade. É como se disséssemos em português: Eu dei ele o presente a Maria. Paulo e João eles comeram o bolo. Por outro lado, a dupla negação, muito criticada em diversos idiomas, aqui é perfeitamente aceitável. Em português também temos: Eu não vi ninguém.
Os pronomes pessoais são: аз (az), ти (ti), той (toi)/тя (tia)/то, ние (nie), вие (vie), те. Números de 1 a 10: едно (ednó)/една (edná)/един (edin), два (dva)/две (dve), три (tri), четири (tchetiri), пет (pet), шест (chest), седем (sedem), осем (ocem), девет (devet), десет (decet). Dias da semana: понеделник (ponedelnik), вторник (vtornik), сряда (sriada), четвъртък (tchetvrtk), петък (pétik), събота (sbotá), неделя (nedélia). Algumas expressões: Здравей (sdravei – olá), Добро утро (dobro utro – bom dia), Довиждане (dovijdane – até logo), Не разбирам (ne razbiram – não entendo), Извинете(izvinete – desculpe), Моля (molia – por favor), Обичам те (obitcham te – eu te amo), Благодаря (blagodariá – obrigado).
Origens de algumas marcas de uísque (1)
Ballantine’s: empresa fundada pelo escocês George Ballantine em 1827.
Buchanan’s: nascido no Canadá, James Buchanan (1849-1935) emigrou ainda jovem para a Escócia, onde fundou, em 1884, a destilaria que leva seu nome.
Chivas: criada em 1786 é a mais antiga destilaria em operação contínua na região escocesa das Highlands. Seus fundadores foram os irmãos James e John Chivas.
Grant’s: foi criada pelo escocês William Grant (1839-1923) em 1887. Até hoje é uma empresa familiar, gerida pelos descendentes do fundador.
Haig: tem o nome de uma conhecida família de agricultores escoceses, que destilava bebidas desde o século XVII. O fundador da atual empresa, em 1824, foi John Haig.
Jack Daniel’s: destilaria norte-americana que fabrica uísque do tipo bourbon, a partir da mistura de milho, malte e cevada. Leva o nome do seu fundador (em 1876), Jack Daniel (1846-1911).
Jameson: uísque irlandês mais vendido no mundo, ele foi criado em 1780 por um escocês (John Jameson), que se mudara para Dublin.
Frase para sobremesa: Relembremos José Echegaray(1832-1916): A matemática forma um tempero que combina com todas as iguarias do espírito. Ela se harmoniza com a música e a arte.
Até a próxima!