Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
2013: Alice Munro (1931-): ela é um dos raros casos em que um escritor ganha o Nobel escrevendo apenas contos. Alice Ann Laidlaw foi até agora a única canadense a receber o prêmio máximo da literatura. Na realidade, o romancista Saul Bellow, laureado em 1976, também era canadense de nascimento, mas já naturalizado como cidadão norte-americano na época da concessão do laurel. Alice nasceu filha de um pai fazendeiro e de uma mãe professora primária, que parece ser um padrão frequente na vida de muitos ganhadores do prêmio Nobel. Quando ela cursava a Universidade de West Ontario casou-se, em 1951, com o colega Michael Munro, de onde vem o sobrenome adotado. Tiveram três filhas, sendo que uma delas morreu com poucos dias de idade. Os dois se divorciaram em 1972. Quatro anos depois Alice se casava novamente, gerando uma outra filha. Desde o início da carreira literária, em meados da década de 1950, Alice se dedicou à redação de contos, os quais abordam principalmente as relações humanas na vida cotidiana. Quando, durante uma entrevista, um jornalista lhe perguntou por que ela escrevia tantas histórias passadas em cidades pequenas, onde nada acontecia, ele retrucou: “Que nada, você precisa de ir até lá”.
Alice já escreveu 14 livros de contos, o que não chega a ser uma produção intensa, obtendo-se a média de um livro a cada quatro anos. O livro Dance of happy shades, foi sua primeira publicação de sucesso, sendo contemplado em 1968 com o Governor General’s Award, considerado como o mais conceituado prêmio literário do Canadá. Em 1978 ela ganhou pela segunda vez o prêmio, desta feita com a obra Who do you think you are? Um de seus livros mais conhecidos, “O amor de uma boa mulher” (The love of a good woman) foi escolhido para o prestigiado National Book Critics Awards dos EUA em 1998. No ano de 2009, quando foi publicado “Felicidade demais” (Too much happiness), Alice recebeu o Man Booker International Prize. Várias de suas obras são prefaciadas pela amiga Margaret Atwood (1939), a célebre escritora canadense regularmente cotada para ganhar o Nobel. Diversos contos de Alice Munro foram transformados em filme. Os mais conhecidos são “Longe dela” (Away from her), de 2006, dirigido por Sarah Polley (1979-) e indicado a dois Oscars, o de melhor atriz para Julie Christie (1940-) e de melhor roteiro. Em 2016 o cineasta espanhol Pedro Almodóvar (1949-) dirigiu o filme “Julieta”, selecionado para exibição no Festival de Cannes. Ainda duas curiosidades relativas à vida de Alice Munro. Ela tem o hábito de escrever novas versões de seus contos, o que, de forma alguma, é usual entre os literatos. Alice é proprietária da livraria mais famosa do Canadá, fundada por ela e o falecido marido, a qual leva o celebrado nome de Munro.
A língua eslovaca
Falada por cerca de 6 milhões de pessoas, a língua eslovaca (slovenčina) pertence, juntamente com o polonês e o tcheco, ao grupo ocidental das línguas eslavas. Uma outra língua minoritária desse grupo, o sórbio, foi apresentada no Post 62, que mostra os diversos idiomas falados na Alemanha. No Post anterior (97) já foi comentada a evolução histórica dos idiomas tcheco e eslovaco, antes uma única língua, depois se consolidando como idiomas distintos no contexto da formação e posterior separação da Tchecoslováquia. Lembremos que a República da Tchecoslováquia existiu entre 1918 e 1939. De 1939 a 1945 a Eslováquia se converteu em um estado fantoche da Alemanha nazista. No período de 1945 a 1989 a Tchecoslováquia tornou-se um país satélite da União Soviética, mudou o nome para República Federal Tcheca e Eslovaca de 1990 a 1992, para finalmente tornarem-se países independentes em 1993. A Eslováquia é, portanto, desde 1993, uma nação independente, integrada ao grupo de membros da União Europeia. Neste país a língua tcheca é considerada como um idioma regional, podendo ser usada em procedimentos jurídicos e de caráter oficial. O fato é que, quem fala uma entende a outra sem aparentes dificuldades. As diferenças não são geralmente de ordem gramatical, mas apenas fonéticas e ortográficas.
Considera-se a existência de três dialetos principais do eslovaco: o ocidental, o médio e o oriental. Este último tornou-se a referência para a consolidação do idioma eslovaco. Cada um desses dialetos, por sua vez, possui um elevado número de subdialetos, pois assim são as línguas, não há nada que possamos fazer para simplificá-las. O eslovaco é falado também em países fronteiriços, compondo a gama de subdialetos, assim como nos grupos de emigrantes e seus descendentes espalhados pelo mundo. Uma situação peculiar ocorre na Província Autônoma de Voivodina, localizada na Sérvia (que não faz fronteira com a Eslováquia), a qual conta com seis línguas oficiais, dentre elas o eslovaco. Embora as primeiras obras escritas no idioma eslovaco tenham surgido nos séculos XV e XVI, a consolidação da língua literária só se concretizou na segunda metade do século XIX.
Como ocorre com quase todas as línguas eslavas, também no eslovaco não existem artigos. Caso seja necessária uma indicação desse tipo, pode-se lançar mão dos pronomes demonstrativos ten, tá e to, respectivamente nos gêneros masculino, feminino e neutro. Como o caso vocativo não é declinado em eslovaco, tem-se um total de seis casos gramaticais. À semelhança de diversas outras línguas eslavas, os numerais de 1 a 4 concordam com o gênero. Em português, por exemplo, só temos dois gêneros para os números 1 e 2, no espanhol e francês só existe variação em 1 e no inglês os numerais simplesmente não variam. Números de 1 a 10 em eslovaco (de 1 a 4 só é mostrada a forma masculina): jeden, dva, tri, štyri, pät, šest, sedem, osem, devät, desat. São quase iguais aos do tcheco, com pronúncias muito semelhantes e apenas leves diferenças ortográficas. Os pronomes pessoais são: já, ty, on/ona, my, vy, oni (virtualmente idênticos ao tcheco). Dias da semana: pondelok, utorok, streda, štvrtok, piatok, sobota, nedel’a. São semelhantes ao tcheco, mas com vida própria. Na palavra “domingo” pode ser observada uma das três grafias da letra “L”, que tem um som de “lha”. As outras duas são “L” (som normal) e “Ĺ” (som de “u, equivalente ao Ł do polonês). Algumas expressões: Ahoj (olá), Dovidenia ou então Čau, se quisermos ser mais informais; significa “até logo”), Ďakujem (obrigado), Prosím (por favor), Nerozumiem (não entendo), Prepáčte (desculpe), L’úbim Ťa (eu te amo).
A primeira vez “que” ou “em que”.
Como essa construção gera muitas dúvidas, tanto na forma falada quanto na escrita, vamos ao esclarecimento. A norma culta exige o uso da preposição no acompanhamento do pronome relativo “que”. Assim tem-se:
O dia em que nasci. O assunto de que lhe falei.
No entanto, quando entra em cena a partícula “vez”, a tradição literária indica que ali existe uma expressão adverbial fixa, ou seja, o “que” deixa de ser interpretado como pronome:
A primeira vez que….A última vez que….Toda vez que…
Frase para sobremesa: Duas vezes Alice Munro: 1) Ela estava aprendendo bem tarde o que muitas pessoas ao seu redor pareciam saber desde a infância: que a vida pode ser perfeitamente satisfatória sem grandes realizações. 2) Não sei jogar bridge, não jogo tênis. Todas essas coisas que as pessoas aprendem a admirar, parece que não houve o tempo para elas. Mas para o que eu sempre tive tempo era olhar pela janela.
Bom descanso!