Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
2010: Mario Vargas Llosa (1936-): o escritor, político, professor universitário, crítico literário e jornalista Vargas Llosa é uma das maiores expressões literárias da América Latina. Nascido na cidade de Arequipa, no Peru, ele é filho único de um casal que se separou cinco meses após o casamento, só vindo a conhecer o pai na idade de 10 anos. As memórias da época de interno em um colégio militar foram expostas no seu primeiro grande sucesso literário: “Batismo de fogo” (La ciudad y los perros, 1963). Casou-se aos 19 anos de idade e divorciou-se nove anos depois. Logo em seguida esposou uma prima, construindo um casamento mais longevo (de 1965 a 2010), que gerou três filhos. Em 1953 ingressou na célebre Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, a mais antiga da América Latina, criada em 1551, onde se graduou em Letras e Direito. Contemplado com uma bolsa de estudos, partiu para Madri para cumprir um doutorado em Filosofia na também centenária Universidad Complutense de Madrid, esta fundada em 1499, entrando assim para o rol das mais antigas do planeta. De fato, Llosa, na medida do possível, sabia escolher muito bem seus locais de estudo. Já como Doutor, resolveu se mudar para Paris, na companhia da esposa. Lá escreveu outra obra de grande impacto “A casa verde” (La casa verde, 1966) – que era o nome de um prostíbulo – ambientada em um período de 40 anos. Em 1969 é publicada uma de suas produções mais emblemáticas: “Conversa na Catedral” (Conversación en la Catedral), apresentada em quatro volumes que relatam as longas conversas entre o filho de um ministro e um motorista no bar Catedral, oferecendo um detalhado quadro da sociedade peruana nos anos 50. Os livros de Vargas Llosa, além de um marcante componente autobiográfico, fazem amargas críticas à hierarquia de castas sociais e raciais no país, tendo como frequente pano de fundo a luta pelas liberdades individuais.
E as publicações seguem seu ritmo. Em 1973 vem a lume o livro “Pantaleão e as visitadoras” (Pantaleón y las visitadoras), a história de um capitão do exército encarregado de transportar um grupo de prostitutas para um campo militar. A obra foi transformada em filme no ano 2000, com a direção do peruano Francisco Lombardi (1947-). O romance “Tia Júlia e o escrevinhador” (La tia Julia y el escribidor), que conta a história de um jovem que se apaixona pela tia mais velha, foi publicado em 1977. Ele também foi levado às telas em 1990 com o título em inglês de Tune in tomorrow, sob direção do britânico Jon Amiel (1948-) e tendo o conhecido ator Keanu Reeves (1964-) como personagem principal. Em 1981 é lançado o livro “A guerra do fim do mundo” (La guerra del fin del mundo), que descreve a história da Guerra de Canudos, já retratada por Euclides da Cunha (1866-1909) em “Os sertões”. Llosa considerava esse livro como “um dos prodígios narrativos do século”. Como não temos espaço para comentar o conjunto das obras de Llosa, podemos indicar apenas mais alguns sucessos: “As travessuras da menina má” (Travesuras de la niña mala, 2006), que relata a história de um peruano que vai morar em Paris e reencontra uma antiga namorada e a autobiografia “O peixe na água” (El pez en el agua, 1993), a qual descreve, principalmente, sua trajetória política. Llosa foi candidato à presidência do Peru em 1990 por uma coligação de centro-direita. Venceu no primeiro turno, mas perdeu no segundo para Alberto Fujimori (1938-). A lista de premiações literárias recebidas por Llosa é extensa, merecendo destaque, além do Nobel, o Prêmio Princesa das Astúrias em 1986, o Prêmio Cervantes em 1995 e a eleição para a Academia Francesa em 2021, sendo o primeiro escritor eleito sem nunca ter escrito em francês. Ele também é sócio correspondente da ABL (Academia Brasileira de Letras). Continua ativo como jornalista para diversos periódicos conhecidos, inclusive tendo uma coluna semanal no jornal O Estado de São Paulo. Como coroamento de sua gloriosa carreira, Llosa, que tem a cidadania espanhola desde 1997, recebeu do rei da Espanha o título nobiliárquico (e hereditário) de Marquês.
A língua bielorrussa
A língua bielorrussa (беларуская мова – bielaruskaia mova) é um idioma do grupo eslavo oriental. Talvez não exista em todo o mundo uma indefinição maior com relação ao número de falantes de um idioma, isto pelo fato de que quase todos os habitantes do país Belarus são essencialmente bilingues (russo e bielorrusso). Existem indicações de que, no cômputo geral, 70% da população prefere falar russo em casa. Ambas as línguas são os idiomas oficiais em Belarus, que apresenta essa curiosa anomalia de ter em seu solo mais pessoas falando um idioma que não é o original do país. Em linhas gerais, estima-se que cerca de 12 milhões utilizem o idioma em Belarus e nos países que receberam imigrantes bielorrussos. O próprio presidente Alexander Lukachenko (1954-), que governa o país por sucessivas eleições desde 1994, com a constrangedora antonomásia de “último ditador da Europa”, usa sempre a língua russa no seu gabinete, nas reuniões ministeriais e na divulgação de documentos oficiais. Na prática, o bielorrusso só é falado rotineiramente nas pequenas aldeias no interior do país. Esta conjuntura carrega consigo o grave risco de, caso não haja consistentes esforços na direção contrária, ele tristemente desaparecer do amplo rol dos idiomas eslavos.
A origem do nome do país, em tradução literal, é “Rússia Branca”. Mas, por que branca? Enquanto alguns linguistas atribuem essa característica às grandes extensões de areia branca, outros preferem conferir a origem à neve que cobre o país por ocasião dos longos invernos e ainda há quem busque essa etimologia no fato de a região ter ficado livre das invasões mongóis, portanto “branca” no sentido de não contaminada. Os documentos papais na Idade Média denominavam a área como Alba Russia, que é o nome latino de Rússia Branca. O país, com uma geografia distinta da atual, fazia parte do Grão-Ducado da Lituânia até 1795, quando passou para as mãos do império russo. Até 1905 o idioma bielorrusso era considerado como sendo um dialeto do russo. A partir dessa época buscou-se uma nova consolidação da língua por meio da criação de um alfabeto padrão. Diversas reformas ortográficas e gramaticais ocorreram no período, até que se chegou a uma padronização da gramática em 1959. Destaca-se que, quando ocorreu a ocupação alemã durante a Primeira Grande Guerra (1915), o ensino de russo ficou proibido nas escolas do país, as quais só podiam ensinar, além do bielorrusso, o lituano, polonês e iídiche. Como o mundo dá voltas!
Até o século XVI o idioma bielorrusso era escrito no alfabeto cirílico. A partir desta época foi utilizado o Lacinko, uma variante do alfabeto latino para a escrita da língua, o que também demarcava a separação entre as igrejas ortodoxas (uso do cirílico) e católicas (uso do latino). Em 1921, às vésperas de Belarus (na época Bielorrússia) se transformar em uma república soviética, a língua voltou a ser escrita em cirílico. O alfabeto do bielorrusso, assim como visto para o ucraniano (Post 94) difere ligeiramente do usado para o russo, principalmente pela presença das letras “і” (som de “i”) e ў (som do “w” em inglês), ambas inexistentes na língua russa. No mais, a estrutura morfológica e gramatical do bielorrusso é idêntica àquela do russo (Posts 92 e 93).
Após a independência (1991) o país adotou a denominação oficial de Belarus. Na verdade, a etimologia é a mesma, mas aqui entra um componente de mudança para a nova fase política. Cerca de 40% de Belarus é ocupada por florestas, algumas delas consideradas como as mais antigas da Europa. O acidente nuclear na usina atômica de Chernobyl, localizada na Ucrânia, mas bem próxima à fronteira, fez com que ¼ do país tivesse o solo contaminado.
Os pronomes pessoais são: я (iá), ты (ty), ён (iôn)/яна (ianá)/яно (ianó), мы (muy), вы (vuy), яаны (iány). Numerais de 1 a 10: адзін (adzin), два (dva), тры (tri), чатыры (tchatyry), ляць (piáts), шасць (chasts), сем (siém), восем (vóciem), дзевяць (dzeviáts), дзесяць (dzeciáts). Dias da semana: панядзелак (panadziélak), аўторак (autórak), серада (sieradá), чацвер (tchatsviér), пятніца (piátnitsa), субота (subota), нядзеля (niadzélia). Algumas expressões: вітаю (vitaiu – Olá), добрай ранцы (dóbrai rantsi – bom dia), прабачце (prabatchtsié – desculpe), калі ласка (kali laska – bom dia), да пабачэньня (da pabatchénia – até logo), я не разумею (iá nie razumeiu – não entendo), я цябе кахаю (iá tciábie kakhaiu – eu te amo), дзякуй (dziákui – obrigado).
Origem de nomes comerciais ligados à moda, joias e perfumes (5)
Louis Vuitton: fabricante francês de malas e bolsas (1821-92).
Michael Kors: designer norte-americano (1959-).
Paco Rabanne: estilista espanhol (1934-2023).
Pierre Cardin: nascido na Itália com o nome de Pietro Cardin (1922-2020). A família emigrou para a França em 1924.
Prada: casa fundada pelo estilista italiano Mario Prada em 1913.
Tiffany: empresa de fabricação de joias fundada nos EUA em 1837 por Charles Tiffany (1812-1902).
Valentino: casa criada em 1957 pelo designer italiano Valentino Clementi Garavani (1932-).
Versace: grife de moda fundada em 1978 pelo italiano Gianni Versace (1946-97, assassinado em rua de Miami).
Yves Saint-Laurent: nascido na Argélia (1936-2008), na época uma colônia francesa. Aos 21 anos de idade, com a morte do seu mentor, assumiu o controle da Casa Dior.
Frase para sobremesa: De Vargas Llosa: 1) Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias. 2) Você não pode lutar consigo mesmo, pois essa batalha tem apenas um perdedor.
Até a próxima!