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Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.

2008: Jean-Marie Gustave Le Clézio (1940-): J.M.G. Le Clézio, como o próprio autor gosta de abreviar, é um dos grandes nomes da literatura francesa contemporânea. Muitos críticos o classificam com a alcunha de “o nômade”, tamanha sua movimentação internacional em todas as partes do planeta. Le Clézio nasceu em Nice, filho de um cirurgião mauriciano (i.e., das Ilhas Maurício, um país insular no Oceano Indico) e de uma francesa com ascendência bretã. Durante a Segunda Guerra Mundial o pai ficou separado da família na sua atuação de médico militar. Quando Le Clézio tinha oito anos a mãe e os filhos se mudaram para a Nigéria, onde o pai estava trabalhando. Ou seja, o precoce garoto, que já escrevia desde a infância, só veio a conhecer o pai nessa ocasião. As memórias deste período fazem parte dos livros “Onitscha” (1991) e “O Africano” (L´Africain), este publicado em 2004. De 1958 a 59, Le Clézio estudou na universidade inglesa de Bristol, já que ele possuía também a cidadania britânica. As Ilhas Maurício, antes uma colônia francesa, passaram para mãos britânicas em 1814, conquistando a independência em 1968. Portanto, quem tivesse nascido na ilha no período antes da independência, recebia automaticamente a cidadania britânica. Voltando à França, ele concluiu a graduação em Literatura Francesa na universidade de Nice, terminou o Mestrado em 1964 na universidade de Aix-en-Provence e o doutorado em 1983, com uma tese sobre a história do México, na universidade de Perpignan, também na França. De fato, um rapaz muito movimentado. Aos 23 anos de idade, ou seja, antes de terminar o Mestrado, Le Clézio ficou famoso pelo seu primeiro romance “O interrogatório” (Le procès-verbal), ganhador de um dos prêmios mais cobiçados da França, o Goncourt, estabelecido desde 1903. A obra foi contemplada também com o Prêmio Renaudot, que tem a curiosa característica de divulgar os vencedores no recinto de um restaurante em Paris. Após mais de 40 livros escritos (dos quais sete publicados no Brasil), dentre romances, contos e ensaios, essa primeira publicação ainda é considerada por muitos críticos como sendo sua obra-prima. Outro romance de grande destaque é “Deserto” (Désert, 1980), ganhador da primeira edição do Prêmio Paul Moraud. A propósito, a França é um dos países com grande número e diversidade de prêmios literários. Os analistas enxergam duas fases claramente distintas na produção literária de Le Clézio: a primeira, que se estende de 1963 a 75, na qual os temas mais frequentes são a loucura, a rebeldia e as experimentações na escrita. A partir do final dos anos 70 ele assume um estilo mais comportado e passa a abordar temas de maior apelo popular, como infância e viagens. De 1970 a 74 Le Clézio viveu com a tribo Embera-Wounaan na selva panamenha. A antropologia e mitologia da América Central era um dos assuntos que mais o fascinava. Le Clézio gostava de escrever livros infantis e, na sua versatilidade artística, também atuou como roteirista de filmes: Mondo (1995), baseado em uma de suas obras mais comoventes, que retrata a vida de um garoto sem-teto pelas ruas de Nice; Yo (2015) abordando as agruras de um jovem com problemas mentais.

Para quem conhece a língua francesa, é um grande prazer ler no original os textos de Le Clézio, com uma escrita pura, cristalina e um vocabulário acessível, tudo isso tendo como pano de fundo a riqueza de enredos variados. Ele foi casado por duas vezes e tem três filhos. No seu currículo há uma extensa lista de universidades, em todos os continentes, onde já atuou como professor visitante. Atualmente vive entre as cidades de Albuquerque (EUA), Nice (França) e Ilhas Maurício, comprovando seu atributo de “nômade“.  A vinda de Le Clézio para a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) em 2012 já estava confirmada, quando, seis dias antes, foi cancelada por problemas de saúde. Esperamos que o grande escritor tenha se recuperado bem.         

A língua russa (2)

O russo é uma língua monocêntrica, ou seja, com uma única versão padronizada, portanto, com ausência de dialetos e falada da mesma maneira em toda a extensão da antiga União Soviética, a menos de ligeiras diferenças de pronúncia. Como seria enfadonho e fora do nosso objetivo explicarmos a fonética de todas as letras do alfabeto russo, destacamos apenas alguns exemplos: П (pronúncia de “p”), Р (“r”), С (“s”), Н (“n”), И (“i), Г (“g”, às vezes “v”), Л (”l”), Ф (“f”) e Я (“iá”). Na fonética a letra Е é falada como “ie”, havendo ainda a redução vocálica do “o” átono para “a”. Assim a palavra Молоко (leite) é pronunciada como “malakó”. No entanto, em algumas regiões no sul da Rússia se utiliza a versão “molokó”. Esse é um dos poucos exemplos de variação fonética no contexto da língua. Uma grande dificuldade para quem estuda o idioma é a questão da acentuação, já que ela, além de não seguir regras precisas, também não é indicada graficamente, ou seja, deve ser aprendida caso a caso. Exceção é feita para palavras homógrafas, como por exemplo em Замók (zamók, castelo) na qual o acento agudo a diferencia de Зáмok (fechadura). Existe ainda uma distinção, marcada na ortografia, entre sons suaves e duros. Contudo, a maior dor de cabeça para os estudantes de russo é o conhecimento dos prefixos, os quais modificam o sentido dos verbos. Por exemplo, para o mesmo verbo “ir”, conforme o prefixo, ele pode ter o significado de sair, ir diretamente, passar perto, passar em frente, passar detrás, dar a volta, ficar por pouco tempo, tudo isso mediante a inserção de curtas partículas. Apenas como exemplo, o verbo курить (kuriti, fumar) pode se transformar em “começar a fumar” mediante um simples acréscimo: закурить (zakuriti). Não bastasse essa incrível capacidade de formação de novas palavras, o grande terror no aprendizado da língua é o conhecimento dos verbos no aspecto perfeito (ação única, finalizada) e imperfeito (ação costumeira). Isto quer dizer que, ao conhecermos um verbo, temos de aprender suas duas formas e, mais ainda, saber usá-las corretamente. Isto torna o russo um dos idiomas mais ricos do planeta. A língua, que não apresenta artigos, possui três gêneros: masculino, feminino e neutro. Os pronomes pessoais são: Я (iá), ты (ti), Он (on, masculino) / Она (aná, feminino) / Онo (anó, neutro), Мы (mui), Вы (vui), Они (ani). O verbo ser/estar não existe na forma do presente. Assim: Я Эдуардо significa “eu sou Eduardo”, com a charmosa pronúncia de Eduarda (assim como o famoso livro e filme se pronuncia Doktor Jivaga). Da mesma forma: Я инженер “eu sou engenheiro”, mas no passado Я был инженером (ia buil ingenierom), ou seja, o verbo reaparece. A língua russa possui seis casos: nominativo, acusativo, dativo, genitivo, instrumental e prepositivo. No exemplo apresentado anteriormente, a palavra engenheiro, no passado, adquire o caso instrumental, em tradução literal eu fui como engenheiro. As declinações, para cada caso, se aplicam a substantivos, adjetivos, pronomes, numerais e até nomes próprios. Agora que muitos de vocês já têm algum fundamento desse fascinante idioma, vamos a mais um exemplo: Он здесь (on isdjes, ele está aqui), mas Его нет здесь (ievo niet isdjes, ele não está aqui), ou seja, na frase negativa, o sujeito vai para o caso genitivo. Durma-se com um barulho desses!   

Numerais de 1 a 10: один (adin; curiosamente, quando se está contando um, dois, três…é usada a palavra раз – ras), два (dva), три (tri), четыре (tchetírie), пять (piati), шесть (chesti), семь (siem), восемь (vóciem), девять (diéviati), десять (diéciati). Dias da semana: Понедельник (poniediélnik), Вторник (vtórnik), Среда (sriedá, significa “metade”), Четверг (tiétvierg), Пятница (piátnitsa), Суббота (subota), Воскресенье (voskreciénie). Algumas expressões: Здравсвуйте (sdrástvuitie – olá), Привет (priviet – olá; mais informal), Доброе утро(dóbroie utro – bom dia), Я не понимаю(iá nie ponimáio – não entendo), Извините (isvinítie – desculpe), Пожалуйста (pajalustá – por favor), Я тебя любю(iá tiebiá liubliú – eu te amo), До свдания (dasvidânia – até logo), Спасибо (spaciba – obrigado).

Estes dois Posts sobre a língua russa servirão de base para a apresentação das características dos outros idiomas eslavos.

Origem de nomes comerciais ligados à moda, joias e perfumes (3)

Courrèges: casa fundada em 1961 pelo estilista francês André Courrèges (1923-2016), engenheiro civil de formação.

Dior: Christian Dior, designer francês de moda (1905-57). Morreu ainda jovem, vitimado por um ataque cardíaco, quando passava férias na Itália.

Dolce & Gabanna: casa fundada pelos italianos Domenico Dolce (1958-) e Stefano Gabbana (1962-).

Fendi: casa de moda italiana fundada em Roma em 1925 por Edoardo Fendi (1904-54) e sua esposa Adele Fendi (1897-1978).

Gaultier: fundada pelo estilista francês Jean-Paul Gaultier (1952-).

Givenchy: fundada pelo francês Hubert de Givenchy (1927-2018).

Gucci: casa de moda criada pelo italiano Guccio Gucci (1881-1953).

Frase para sobremesa: Duas contribuições de Le Clézio: 1) Viver, conhecer a vida, é a mais leve, a mais sutil das aprendizagens. Não tem nada a ver com o conhecimento. 2) O mundo não é fabuloso nem paradisíaco. No entanto, também não é o inferno.

Até a próxima!

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