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Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.

2006: Orhan Pamuk (1952): o primeiro escritor em língua turca a ganhar o Nobel de Literatura, Pamuk era filho de um engenheiro civil. Começou a estudar Arquitetura na Universidade Técnica de Istambul, mas abandonou o curso três anos depois, passando a se dedicar à escrita em tempo integral. Em 1976 graduou-se no Instituto de Jornalismo da Universidade de Istambul. De 1985 a 88, enquanto a esposa fazia graduação na Universidade de Columbia (Nova Iorque), ele também ficou morando nos EUA, período no qual escreveu seu primeiro romance de maior divulgação, a obra “Os jardins da memória” (Kara Kitap, 1990), adaptado para o cinema no ano seguinte com o título “The secret face”, sob direção de Ömer Kavur (1944-2005) e tendo Pamuk como roteirista. Após a temporada norte-americana, ele retornou a Istambul, onde nasceu sua filha Rüya, que posteriormente passou a trabalhar no roteiro de filmes. Seu belo prenome tem a tradução de “sonho”. A primeira obra literária de impacto de Pamuk foi o romance “A cidadela branca” (Beyaz kale, 1985). A partir daí a carreira de escritor ficou cada vez mais consolidada. Em 1994 seu livro “Nova vida” (Yeni Hayat) atingiu o patamar da obra mais rapidamente vendida na história da Turquia. As portas já estavam todas abertas para o sucesso do ainda jovem escritor. A consagração pela crítica especializada veio com um de seus livros mais conhecidas “O meu nome é vermelho” (Benim Adım Kırmızı, 1998). Aqui temos, no título original, a curiosa presença da letra “i” sem pingo, com a estranha pronúncia de “â”. O enredo do livro, pleno de mistério, aborda o assassinato de um artista na Istambul do século XVI. A obra recebeu o prestigiado Prêmio Literário IMPAC de Dublin. A premiação é só para livros na língua inglesa, mas que podem ser uma tradução. Neste caso o robusto valor de 100 mil euros é partilhado entre o autor (75%) e o tradutor (25%). Outras obras bastante conhecidas de Pamuk são “Neve” (Kar, 2002), que aborda os conflitos entre islamismo e ocidentalismo na Turquia moderna e “Istambul: memórias de uma cidade” (Istanbul: hatıralar ve šehir, 2002). Existem, até o momento (2023) 12 livros de Pamuk publicados no Brasil. Alguns têm a tradução diretamente do turco enquanto outros apresentam a tradução da versão inglesa, mas com a competência de excelentes tradutores como é o caso de Sérgio Flaksman (1949-2022). Outros prêmios literários de destaque recebidos por Pamuk foram o Medicis Estrangeiro em 2005 (para livros escritos ou traduzidos em francês) e o Prêmio Sonning (2012) de origem dinamarquesa.

Atualmente Pamuk é professor na universidade norte-americana de Columbia, a segunda instituição do mundo (depois da Universidade de Harvard) em número de ganhadores do Prêmio Nobel. Pamuk, ao longo de sua vida, destaca-se como incansável ativista político. Aqui, particularmente, merecem menção a cruzada pelos direitos políticos do povo curdo e a crítica aberta ao genocídio do povo armênio pelos turcos nos anos de 1914 a 18 e de 1920 a 23. Este posicionamento, bastante sensível ao governo turco, o levou ao tribunal para julgamento. No entanto, a forte pressão internacional, inclusive com o comentário de que tal censura prejudicaria os planos da Turquia em ingressar na União Europeia, fizeram com que as acusações fossem retiradas. Pamuk, que também transita bem na área do cinema, tendo sido membro do júri do Festival de Cannes em 2007, se define como um “muçulmano cultural”, ou seja, identifica-se histórica e culturalmente com o islamismo, contudo não acredita nas conexões com um Deus. Na vida pessoal casou-se pela segunda vez, mantendo o hábito de não dormir por mais de quatro horas seguidas. No seu website (https://orhanpamuk.net) podem ser encontrados os resumos das publicações, sua biografia, prêmios, entrevistas e fotografias.  

A língua lituana

O idioma lituano (lietuviu kalba) consiste em uma das línguas indo-europeias mais arcaicas. Ele apresenta algumas estruturas que só são encontradas em línguas primevas, como o sânscrito e o grego antigo. É impressionante a semelhança entre muitos vocábulos no lituano e no sânscrito, este falado há mais de 3.000 anos, portanto antes da época de Buda. O que os linguistas deduzem é que, por razões ainda desconhecidas, a língua lituana conseguiu conservar traços de um idioma protoindo-europeu. Ele é falado por cerca de 4 milhões de pessoas, majoritariamente na Lituânia, mas também em países que receberam ondas migratórias. Existem dois dialetos do lituano, o Alto e o Baixo, conforme seu posicionamento geográfico. Avalia-se que o lituano e o letão (v. Post anterior) eram dialetos de um mesmo idioma, ocorrendo a separação entre eles a partir do século IX. Os primeiros registros escritos de lituano remontam ao século XVI, notadamente livros religiosos. No século XIX, sob a influência soviética, ocorreu a proibição do uso do alfabeto latino e da publicação de livros em lituano. As obras passaram a ser impressas na antiga Prússia (hoje parte da Alemanha) e nos EUA. Os livros entravam no país de forma clandestina, estando os infratores sujeitos à pena de morte. Como todas as ações têm suas consequências, tal proibição serviu para elevar fortemente o nacionalismo local, sendo que os “contrabandistas de livros” eram cultuados como verdadeiros heróis de guerra. Historicamente, pela chamada União de Lublin (nome de uma cidade polonesa), firmada em 1569, formou-se o Grande Ducado da Lituânia e Polônia, o qual, na época, se converteu em um dos maiores países da Europa. Ele foi dissolvido em 1795, quando, literalmente, a Polônia deixou de existir, desaparecendo do mapa europeu. Seu território foi dividido pela Rússia, Prússia e Áustria. A Polônia só voltou a ressurgir como estado independente em 1918. Voltemos ao idioma lituano.

Como o letão, a língua lituana possui os dois gêneros tradicionais e sete casos gramaticais. Ela é a língua indo-europeia que mais apresenta particípios, os quais consistem na forma nominal dos verbos (por exemplo “parado”, “vendido”). Tal característica confere uma marcante flexibilidade ao idioma, tanto na expressão oral quanto na escrita. A propósito, o lituano, assim como o grego, é dos idiomas mais sonoros, ostentando uma bela musicalidade baseada na profusão de vogais longas e curtas. A forma reflexiva, ao contrário da maioria das línguas ocidentais, é sufixada. Merece destaque a quantidade de sinais diacríticos usados em lituano. Um dos mais curiosos é um “rabinho” (tradução do polonês ogonek) colocado sob as vogais (A,E,I,U) para indicar sua nasalização: Ą ą, Ę ę,Į į Ų ų. Se vocês acham que isso é pouco, que tal um pingo sobre a letra E, ou seja, Ė? Este diacrítico indica que há um som longo, mas só vale para a letra E. Um outro idioma que também possui esses diacríticos muito curiosos é o vietnamita, que teve a ortografia alterada dos caracteres na língua chinesa para a latina, ou seja, houve a necessidade de se criar complementos gráficos para tentar imitar o som original das consoantes e vogais.

Pronomes pessoais: aš, tu, jis/ji, mes, jūs, jiē/jōs. Números de 1 a 10: vienas, du, trys, keturi, penki, šeši, septyai, aštuoni, devyni, dešimt, de alguma forma semelhantes aos números na língua letã. Dias da semana: pirmadienis, antradienis, tiečiadienis, ketvirtadienis, penktadienis, šeštadienis, sekmadienis. À exceção do domingo, os outros dias da semana lembram a nomenclatura do letão. Algumas expressões: Labas (olá), Labas rytas (bom dia), Visogero (até logo), Ačiū (obrigado), Prašom (por favor), Atsiprašau (desculpa), Aš tanemyliu (eu te amo), Aš nesuprantu (não entendo).

Origem de nomes comerciais ligados à moda, joias e perfumes (1)

Abercrombie & Fitch: criada nos EUA em 1892 por David Abercrombie (1867-1931) e Ezra Fitch (1865-1930).

Armani: casa fundada pelo italiano Giorgio Armani (1934-).

Avon: a marca de cosméticos e produtos de higiene, criada em 1939 nos EUA, foi a pioneira na venda porta a porta de seus produtos. O nome é uma homenagem à cidade natal de Shakespeare (Stratford-upon-Avon, na Inglaterra).

Balenciaga: casa fundada em 1937 pelo estilista espanhol Cristóbal Balenciaga (1895-1972).

Boss: casa alemã fundada por Hugo Ferdinand Boss (1885-1948), que prosperou com a fabricação de uniformes para as tropas nazistas.

Frase para sobremesa: Ficamos aqui com dois pensamentos de Pamuk: 1) Antes do meu nascimento havia um tempo infinito e depois da minha morte será o mesmo. Eu nunca havia antes imaginado que tenho vivido luminosamente entre duas eternidades de escuridão. 2) Não quero ser uma árvore. Quero ser seu significado.

Até a próxima!

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