Escritores que ganharam o Prêmio Nobel de Literatura.
2004: Elfriede Jelinek (1946-): a novelista e dramaturga Jelinek foi a primeira pessoa austríaca a ganhar o Nobel de Literatura. O pai, químico de profissão, era judeu tcheco, ao passo que a mãe pertencia à classe burguesa local. Na infância ela estudou em um convento, recebendo posteriormente uma ampla educação musical, conforme o desejo da mãe, chegando a ser aluna do famoso Conservatório de Viena. Em nível universitário graduou-se em História da Arte e Teatro na Universidade de Viena. Nesta época teve de interromper os estudos por um ano devido a problemas psiquiátricos (frequentes episódios de síndrome de ansiedade). Seus primeiros escritos foram feitos como forma de terapia. O primeiro livro, Lisas Schatten (A sombra de Lisa) foi publicado em 1967 ao estilo de uma coletânea de poemas.
Jelinek é ainda uma das pessoas mais polêmicas no cenário artístico da Áustria. Suas obras, permeadas de feminismo, críticas sociais e, principalmente, conflitos sexuais, são dificilmente digeríveis para uma razoável parcela da população. Jelinek defende a controversa ideia de que “relacionamentos são sempre movidos por poder e agressão”. Antes de ser agraciada com o Nobel, ela havia ganhado em 1998 o prêmio Georg Büchner, um dos mais conceituados da língua alemã, o Mülheim Dramatic Prize pela sua peça Macht nichts (Não importa) e o prêmio Franz Kafka em 2004, poucos meses antes de receber o Nobel. Casou-se com um músico em 1974, ela morando em Viena e ele em Munique e assim continuaram. Dentre sua vasta coleção de polêmicas, uma das mais marcantes foi o intenso apoio à libertação de um prisioneiro acusado de vários homicídios. Tanto Jelinek quanto diversos outros intelectuais austríacos fizeram campanha em favor de conceder a liberdade a uma pessoa já reabilitada. Dois anos após ser solto, esse indivíduo cometeu mais nove assassinatos, vindo a se suicidar depois na prisão.
Uma das obras mais conhecidas de Jelinek é “A pianista” (Die Klavierspielerin, 1983), a qual aborda a relação sado-masoquista entre uma professora de piano e um de seus alunos. O livro foi transformado em filme no ano de 2001, dirigido por Michael Haneke (1942-), um dos mais premiados cineastas austríacos, e estrelado pela atriz francesa Isabelle Huppert (1953-). Uma outra obra de Jelinek bastante conhecida é “Desejo” (Lust, 1989), que aborda, com tintas consideradas como pornográficas, tanto pela crítica quanto pelos leitores, os abusos sexuais de um marido. A escolha de Jelinek para receber o Nobel de 2004 foi uma das mais controversas na história da premiação. Um dos membros da Academia Sueca renunciou em protesto à concessão do laurel a uma escritora que representava os piores aspectos de “uma pornografia pública”. Alegando transtornos psicológicos, ela não compareceu à cerimônia de premiação em Estocolmo, enviando apenas uma muito criticada mensagem de vídeo. Algumas frases das poucas entrevistas que concedeu são realmente perturbadoras: “Esse Nobel me traz mais desespero do que alegria”; “Não desejo que esse prêmio tenha alguma importância para o país”. De fato, uma personalidade bem peculiar.
A língua húngara (2)
Como ocorre com as outras línguas do ramo fino-úgrico, o acento tônico no húngaro recai sobre a primeira sílaba. O idioma húngaro também apresenta a harmonia vocal no sufixo, isto é, a harmonização do som mediante a seleção de sufixos adequados. Uma particularidade do idioma é a presença das conjugações verbais definidas e indefinidas. Desta forma a conjugação varia se o objeto da frase for definido (a mesa) ou indefinido (uma mesa), o que não ocorre no finlandês e no estoniano. A possessão é marcada por um sufixo no objeto possuído. Um exemplo: a maçã de Pedro. Maçã é alma (belo nome). Portanto: Péter almája (em tradução literal: Pedro maça-dele). Um caso único nas línguas ocidentais é que, após um numeral, a palavra fica no singular. Por exemplo: “muitas maçãs”, mas “duas maçã” (o corretor ortográfico do computador fica louco com tantas novidades). Com relação ao nome das pessoas, no húngaro é como no japonês e chinês, primeiro o sobrenome e depois o nome. Bastante curiosa também é a questão dos níveis de polidez, que, normalmente, são apenas dois (formal e informal). No húngaro são quatro. Mais interessante ainda é que o tratamento para “Deus” e para o rei é feito no mais baixo grau de polidez, o mesmo que é usado para crianças e amigos muito íntimos. No parentesco existem diferenças, por exemplo, entre um irmão jovem (öcs) e um velho (báty). Se não houver especificação da idade usa-se fivér, ou seja, três palavras para um simples “irmão”.
Pronomes pessoais: én, te, ő, mi, ti, ők. Números de 1 a 10: eggy, kettő, három, négy, öt, hat, hét, nyolc, kilenc, tiz. Dias da semana: hétfö, kedd, szerda (semelhante ao russo srieda), csütörtök, péntek, szombat, vasárnap. Algumas expressões: Jö reggelt (bom dia), Elnézést (desculpe), Kérem (por favor), Köszönöm (obrigado), Szeretlek (eu te amo), Nem érten (não compreendo) e o curioso Szia, que serve tanto como cumprimento quanto despedida.
Origem dos nomes de algumas marcas de cervejas (1)
Inicialmente cabe destacar que a ampla maioria das fábricas de cerveja, notadamente no continente europeu, possuem o nome da localidade em que o produto é fabricado. Mas há exceções:
Brahma: a cervejaria foi criada na cidade do Rio de Janeiro em 1888, com a marca homenageando o deus Brama do hinduísmo. Há outras versões um pouco mais fantasiosas para explicar a origem do nome, as quais não levam um alto grau de seriedade. Melhor ficarmos com o deus.
Budweiser: pelo fato de ser largamente comercializada no Brasil, a maioria da população conhece essa marca como sendo de origem norte-americana, criada em 1876 pela companhia cervejeira Anheuser-Busch. No entanto, é justo retornarmos ao ano de 1265 quando a cerveja Budvár teve sua produção iniciada na cidade tcheca de České Budějovice. Na Alemanha, que é a maior importadora dessa cerveja, ela é historicamente rotulada como Budweiser, portanto o mesmo nome da análoga norte-americana, a qual justifica a intencional coincidência de nomes como uma forma de homenagear a centenária concorrente tcheca.
Guinness: fundada em Dublin (1759) pelo empresário Arthur Guiness (1725-1803). O famoso livro dos recordes leva o nome de Guinness por ter sido criado em 1955 pelo diretor administrativo da cervejaria.
(continua no próximo Post)
Frase para sobremesa: Duas contribuições de Jelinek: 1) O amor aponta a direção. O desejo é seu conselheiro ignorante. 2) Arte e Ordem, os parentes que se recusam a se relacionar.
Até a próxima!